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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 17,7-10)

Naquele tempo, disse Jesus: “Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa?’ Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso poderás comer e beber?’ Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”.

Jesus nos conta a parábola do servo inútil, a qual pode parecer para nós uma parábola um pouco “fora de propósito”. Como é possível um patrão ser tão cruel assim, a ponto de o servo ter trabalhado o dia inteiro, e ainda assim obrigá-lo a servi-lo à mesa, para que no final este conclua: “Não fiz mais do que o que eu deveria fazer, eu sou um servo inútil”?

Em primeiro lugar, nós temos de entender que nós não estamos falando de um empregado; estamos falando de um escravo. O escravo é propriedade do seu senhor.

Então, para nós entendermos e termos a chave de leitura desta parábola, precisamos compreender que o que Jesus está dizendo é que nós pertencemos a Ele. Ele é o nosso Senhor e nós somos os seus escravos, mas não escravos obrigados; somos escravos de amor, porque reconhecemos nele, verdadeiramente, aquele que para nós é o único necessário.

Essa frase vem lá do capítulo 10 de São Lucas, daquele episódio em que Jesus está na casa de Marta e de Maria, e Maria fica aos pés de Jesus contemplando-o. Jesus diz para Marta: “Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas com muitas coisas. Maria escolheu a parte melhor, aquela que não lhe será tirada”. Ela escolheu o único necessário.

Pois bem, essa palavra, “necessário”, é exatamente, em grego, o contrário de “inútil”, que está aqui no final do Evangelho. Então, para nós termos a chave de leitura e entendermos o que Jesus está nos dizendo, é o seguinte: Deus é necessário; nós não somos necessários; somos “algo” que Ele admitiu por sua graciosidade.

Deus é Deus, nós não somos deuses. O mundo não tem sentido sem Deus; já sem nós, o mundo continua tendo sentido.

Nós não podemos ser egoístas e infantis como aquela menina que ficou abismada quando soube que o mundo existia antes de ela existir: “Mamãe, é verdade que o mundo existia antes de eu nascer?”, e a mãe disse: “Sim, minha filha, o mundo existia antes de você nascer”; ao que ela respondeu: “Mas para quê?”. Ou seja, ela não via a necessidade; ela achava que o mundo existia porque, afinal de contas, ela era “o centro” de tudo.

O que o Evangelho quer nos ensinar é exatamente isto. Deus é o único necessário; Ele é o centro de tudo; Ele é a razão de ser do mundo, e não somente a razão de ser da nossa vida. Nós devemos viver para Ele.

As pessoas não aceitam ter um Deus; elas preferem ser ateias a admitir isso. Sabe por quê? Porque, se existe um Deus, significa que eu não me pertenço; quer dizer que eu não sou dono de mim; quer dizer que eu sou para Ele e tudo o que eu sou deve ser para Ele.

 Isso pode parecer muito cruel à primeira vista; mas, levando-se em consideração que Ele é a fonte do nosso ser, Ele é o necessário, então as coisas ficam mais claras.

Quando eu me entrego totalmente a Ele, como meu Senhor e meu dono, na verdade eu estou me realizando, porque eu estou indo para a fonte do meu ser, aquele que é o único necessário; mas quando eu me afasto dele, quando eu vou para longe de Deus, quando eu escolho o pecado, na verdade estou me destruindo, estou cortando o meu relacionamento com a raiz do meu ser, estou cortando o galho no qual eu estou sentado, estou escolhendo aquilo que é supérfluo, aquilo que é inútil, para ser o suporte da minha vida.

Então, na nossa pequenina humildade, coloquemo-nos diante de Deus: “Eis aqui a escrava do Senhor”, como disse a Virgem Maria: “Faça-se em mim conforme a tua palavra” (Lc 1, 38).

Ele é o único necessário. Nós somos supérfluos. Fomos admitidos, sim, pelo seu grande amor; mas é pura graça. “Servo inútil”, portanto, quer dizer um servo que nasceu da pura graça do amor de Deus.

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