Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 1, 39-45)
Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.
Hoje, vivenciamos o dia mais longo, para quem está no hemisfério sul, e o mais curto do ano, para quem está no hemisfério norte, onde fica a terra de Jesus, e a Igreja canta a antífona “O Oriens”, ou seja, o Sol nascente que veio nos visitar. É exatamente sobre essa realidade que o Evangelho de hoje nos fala: a visita da Virgem Santíssima à sua prima Santa Isabel.
A palavra “visita”, em grego, é episkopé, e é interessante notar que dela vem a palavra “bispo”, que significa “visitador”, aquele que tem uma visão do alto. Podemos dizer que Maria é o “bispo” que visita Isabel; ela é a episkopé, a visita de Deus.
Muito se fala da Visitação de Maria e de sua caridade para com a prima. Tudo isso é verdadeiro, porque Nossa Senhora, com o seu amor e desprendimento, de fato só pensou no bem da parenta. No entanto, o mais importante nesse contexto é compreender que Maria é uma visita de Deus, pois ela traz consigo o Sol nascente que vem nos visitar.
Uma antiga tradição da Igreja chama a Virgem Maria de “Estrela d’Alva”, a estrela da aurora que anuncia o nascer do sol. Na realidade, sabemos que essa estrela é o planeta Vênus, que desponta no horizonte antes do amanhecer. Maria é como esse pequeno planeta, que nasce para nos avisar que a visita de Deus está próxima e que o Sol Nascente está vindo nos encontrar.
São Lucas narra no seu Evangelho que Jesus, ao chegar à cidade santa de Jerusalém, chora sobre ela, porque não reconheceu o kairós tes episkopés, o tempo da visitação (Lc 19, 41-44). No Evangelho de hoje, contudo, vemos, pelo contrário, a grande alegria de Isabel ao reconhecer quem a visitava: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lc 1, 43). As duas mulheres exultam de alegria, e até João Batista pula de felicidade no ventre de Isabel. Maria então se regozija num canto de louvor, o famoso Magnificat.
Que contraste imenso entre a alegria e exultação desta cena e a tristeza e as lágrimas de nosso divino Salvador por Jerusalém, a qual não reconheceu o tempo da visitação! Às portas do Natal, devemos reconhecer a visita de Deus e, quando sentirmos um convite à conversão, dar mais um passo no progresso da vida espiritual, aproximando-nos de Jesus, abandonando os pecados e transformando em alegria as lágrimas de Cristo.
O que achou desse conteúdo?