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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 19, 41-44)

Naquele tempo, quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar. E disse: “Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, isso está escondido aos teus olhos! Dias virão em que os inimigos farão trincheiras contra ti e te cercarão de todos os lados. Eles esmagarão a ti e a teus filhos. E não deixarão em ti pedra sobre pedra. Porque tu não reconheceste o tempo em que foste visitada”.

1. O tempo oportuno da graça. — Celebramos hoje a memória de santos mártires jesuítas que santificaram nossa terra, S. Roque González e seus companheiros, e o Evangelho de hoje nos mostra Jesus a chorar sobre a cidade de Jerusalém. É impressionante o significado profundo e teológico desse gesto, que Jesus realizou pensando também nos nossos dias. Senão vejamos. Jesus se aproxima da cidade santa de Jerusalém. O evangelho de Lucas, com efeito, vem-nos narrando essa subida desde o capítulo 9. Hoje, o Senhor chega enfim ao seu destino e tem diante dos olhos a Cidade sagrada. O que Jerusalém representa? Trata-se da cidade em que Deus escolheu habitar, para fazer ali o seu Templo santo. Mas é essa mesma cidade, morada de Deus, que irá rejeitar-lhe o Filho. Cristo olha para os pecados de Jerusalém e chora, chora sobre a cidade. Por quê? Porque ela será devastada em castigo de seus pecados. Jesus o diz muito claramente: “Porque não conheceste o tempo em que foste visitada”. No original grego, lê-se: “Não conhecestes o καιρὸν τῆς ἐπισκοπῆς”, isto é, o tempo favorável, o tempo oportuno. Em grego, há uma palavra que exprime “tempo” no sentido de “oportunidade”. Se, por exemplo, pensamos em frutas, costumamos dizer: “Ah! é tempo de manga”. Esse é o καιρός da manga, o tempo em que as mangueiras dão fruto maduro. Trata-se de um καιρός diferente do χρόνος, do tempo meramente cronológico: καιρός é o tempo oportuno e, no caso do Evangelho, é o tempo da visita de Deus. É a isso que Jesus se refere ao dizer: τὸν καιρὸν τῆς ἐπισκοπῆς σου, isto é, “o tempo da tua visita”. 

2. Jesus chora sobre a Igreja. — Mas Jesus, se chora sobre a cidade de Jerusalém, está também se dirigindo ao nosso hoje. Hoje, Jerusalém é a nova Jerusalém, a Igreja; somos nós, membros da Igreja, chamados a ser fiéis e santos como ela. De fato, a Igreja é em si mesma santa e imaculada, embora os membros dela que ainda estamos neste mundo não o sejamos. Por isso Jesus pode olhar para nós, para os nossos pecados, traições e infidelidades, e chorar. A Jerusalém, pois, para a qual Jesus olha hoje é a Igreja, e o seu choro recai também sobre o hoje da Igreja e seus membros, pastores ou simples leigos, que não são fiéis nem reconhecem a visita da graça, dizendo: “Ah! todas as religiões são iguais. O importante é acreditar em alguma coisa”. Não reconhecem o tempo da visita de Deus, porque desprezam o instrumento da graça que é a humanidade de Cristo, Deus feito homem para nos amar, e nos amar com Coração humano e amor divino! É esse amor divino a palpitar num Coração humano que chora hoje sobre nós, que, como tantos devotos do S. Coração de Jesus, queremos nos voltar para Ele a fim de consolá-lO de suas dores. Mas, para isso, é preciso reconhecer o tempo da visita, reconhecer que Jesus está conosco.

3. Consolar o Coração de Cristo. — Vamos lá! Coloquemo-nos diante de Nosso Senhor. Tiremos um tempo para rezar, para nos pôr diante de Deus e contemplar as lágrimas que Jesus derrama por causa de nossos pecados. Coloque-se você, em primeiro lugar, como membro infiel da Igreja, e veja Cristo, cheio de compaixão e misericórdia, chorando pelo tempo que vamos perdendo, pelas visitas que vamos rejeitando. E então repita com S. Agostinho: Timeo Deus transeuntem, “Tenho medo do Deus que passa”, et non revertentem, “e não volta mais” (cf. Serm. 88, 14, 13). As visitas de Deus são este momento, são este καιρός. Prestemos atenção a Jesus, que vem até a nossa Jerusalém, que vem visitar-nos no nosso coração: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo” (Ap 3, 20).

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