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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 12, 1-7)

Naquele tempo, milhares de pessoas se reuniram, a ponto de uns pisarem os outros. Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido.

Portanto, tudo o que tiverdes dito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pronunciado ao pé do ouvido, no quarto, será proclamado sobre os telhados.

Pois bem, meus amigos, eu vos digo: não tenhais medo daqueles que matam o corpo, não podendo fazer mais do que isto. Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei aquele que, depois de tirar a vida, tem o poder de lançar-vos no inferno. Sim, eu vos digo, a este temei. Não se vendem cinco pardais por uma pequena quantia? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais”.

V. 2a. Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. — “Quando louvado, o fermento representa o que torna o pão vital” (S. Gregório Nazianzeno), isto é, apto para comer; “quando porém é vituperado, significa bolor e ácida malícia”, isto é, o que torna a massa imprestável. Por isso, Cristo “chama ao fermento dos fariseus hipocrisia, como o que altera e corrompe as intenções dos homens nos quais se introduz. Nada, com efeito, altera mais o coração do que a hipocrisia” (Teofilacto), pois “assim como um pouco de fermento” estragado “corrompe a massa inteira, assim também a simulação”, isto é, a hipocrisia, “priva a alma de toda a sinceridade e verdade das virtudes” (S. Beda). Neste v., portanto, o divino Salvador nos exorta “à simplicidade e à emulação da fé”, para que não “tragamos em nossos afetos”, ou seja, no segredo de nossas intenções, “nada distinto do que proclamamos com os lábios” (S. Ambrósio), já que, um dia, serão manifestos a todos os segredos, bons e maus, de nossa mente. É por isso que Jesus acrescenta em seguida:

V. 2b. Não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. — Pois bem, ou Jesus se refere “àquele dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, ou o diz porque, por mais que alguém tente ocultar o bem dos outros com infâmias, o bem não pode, naturalmente, permanecer escondido” (Orígenes). É também como se dissesse aos discípulos: “Ainda que, agora, alguns vos chamem sedutores e falsários, o tempo tudo porá a descoberto, condenará a calúnia deles e mostrará a vossa virtude. Por isso, o que quer que eu vos tenha dito nos menores rincões da Palestina, pregai-o ao mundo todo com audácia, de rosto descoberto e sem temor algum” (S. João Crisóstomo), e é por isso que o Senhor esclarece:

V. 3. Portanto, tudo o que tiverdes dito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pronunciado ao pé do ouvido, no quarto, será proclamado sobre os telhados. — De fato, “tudo o que os Apóstolos, nas trevas das tribulações e nas sombras das cadeias disseram ou padeceram, é agora pregado publicamente e às claras pelo mundo, graças ao que lemos sobre seus atos. E diz ‘será proclamado nos telhados’ segundo o costume da Palestina, onde vivem os judeus no piso superior, em casas de telhado plano, e não angulado como nas nossas; diz, portanto, ‘será proclamado nos telhados’, quer dizer, ‘será dito abertamente a todos os ouvintes’” (S. Beda). Mas pode ser que Jesus se tenha dirigido aos fariseus, “como se dissesse: ‘Ó fariseus, o que nas trevas dissestes, isto é, que em vossos corações opacos procurais tentar-me, será posto sob a luz: eu, com efeito, sou a Luz, e a luz fará conhecidas as armadilhas que contra mim maquina a vossa escuridão; e o que dissestes ao pé do ouvido e às escondidas, isto é, tudo o que instilais nos ouvidos com vossos sussurros mútuos, será pregado nos telhados, quer dizer, me é tão conhecido como se fora pregado sobre os telhados’. Aqui também se pode entender que a luz é o Evangelho e os telhados, as almas dos Apóstolos. Tudo pois o que armaram os fariseus foi, mais tarde, tornado público e ouvido na luz do Evangelho, enquanto inspirava sobre as almas dos Apóstolos o grande pregador, o Espírito Santo” (Teofilacto) [1].

Referências

  1. Tradução adaptada de S. Tomás de Aquino, Catena in Lucam, c. 12, l. 1.
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