Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 17, 7-10)
Naquele tempo, disse Jesus: “Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa’ Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e beber?’ Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”.
Celebramos hoje, com grande alegria, a memória de São Martinho de Tours, que foi um dos primeiros santos da Igreja a ser venerado sem ser mártir, algo que não era comum nos primeiros séculos. É até interessante notarmos que as primeiras orações dedicadas a São Martinho apresentavam uma justificativa, quase que “pedindo desculpas”: “Embora não seja mártir, nós rezamos e o veneramos”.
Antes, esse santo homem era um soldado romano, mas depois tornou-se um bispo exemplar, mostrando o quanto devemos amar a Cristo em tudo que fizermos, encontrando o seu infinito amor em todos os nossos atos. É nisso que consiste o Primeiro Mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas”.
Muitos ficam se perguntando: “O que devo fazer para amar a Deus sobre todas as coisas e com todo o meu coração, toda a minha alma, todo o meu entendimento e toda a minha força?”. A resposta é simples: devemos amar Jesus em tudo aquilo que amamos — logo, quando não é possível amá-lo ao realizar certas ações, é sinal de que elas são más e não devem ser praticadas.
São Martinho nos mostra isso de forma admirável: um dia, sendo ainda um soldado romano — antes de se consagrar a Deus — ele viu um mendigo que passava frio no meio do inverno. Então, montado em seu cavalo de oficial, pegou o seu manto de soldado romano, cortou-o com a espada e entregou-o ao indigente, a fim de que ele se aquecesse. De noite, durante a sua oração — ou sonho, não se sabe ao certo — Jesus apareceu a Martinho envolvido com o seu manto de soldado, fazendo-o compreender o que Ele ensinara no Evangelho de São Mateus, na parábola do juiz e pastor: “Foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 40).
Ou seja, cada ato de amor que nós fazemos por Cristo, com Cristo e em Cristo, verdadeiramente são atos que nos levam a amar a Deus de todo o nosso coração. Os mártires eram chamados a amar a Deus sobre todas as coisas ou então abandoná-lo, para não sofrerem na mão dos carrascos. No entanto, eles corajosamente preferiram morrer por amor a Cristo, pois sabiam que, sofrendo e perdendo os seus bens aqui na Terra, ganhariam uma vida infinitamente melhor no Céu, juntos de Nosso Senhor.
E como nós, que dificilmente morreremos como mártires, podemos amar a Deus sobre todas as coisas? Agindo como São Martinho: realizar cada pequena atividade por amor a Cristo, para um dia estarmos diante do justo Juiz, que, olhando para nós e acolhendo-nos, irá nos dizer: “Foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 40).




























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