De um dia para o outro, a vida do Cardeal Robert Francis Prevost realmente virou “de pernas pro ar”: como diz uma letra de música brasileira, “o Papa é pop, o pop não poupa ninguém”. 

Agora, seus passos são vigiados pelo mundo inteiro. E não só os que ele está dando, como os que deu muitos anos atrás, quando ainda não era nem bispo nem cardeal… A internet tem pululado de vídeos, fotos e textos antigos do Padre Prevost.

Mas, antes de ser uma personalidade pública, e, hoje, o líder espiritual de milhões de católicos no mundo inteiro, o Papa deve ser um homem de oração — um homem que, antes mesmo de aparecer diante dos outros, não se furta ao contato íntimo com Deus

Em encontro com os cardeais no sábado, dois dias após a sua eleição, Leão XIV falou disso: 

Cabe a cada um de nós tornarmo-nos ouvintes dóceis da sua voz e ministros fiéis dos seus desígnios de salvação, recordando que Deus gosta de se comunicar, mais do que no estrondo do trovão e do terremoto, no ‘murmúrio de uma brisa suave’ (1Rs 19, 12) ou, como alguns traduzem, numa ‘leve voz de silêncio’. Este é o encontro importante, a que não se pode faltar, e para o qual devemos educar e acompanhar todo o santo Povo de Deus que nos está confiado.

E ele mesmo começou dando o exemplo: antes de aparecer na loggia central da Basílica de São Pedro, foi até a capela paulina e deteve-se por algum tempo ante o Santíssimo, em oração. 

Além disso, a primeira Missa dominical do Pontífice recém-eleito foi longe do público. Leão XIV desceu às Grotte Vaticane e rezou no túmulo do Apóstolo São Pedro. A Missa pública com que começará oficialmente o seu pontificado ficou para o próximo domingo.

O processo que o elegeu, também, foi feito num lugar fechado, sem contato algum com o mundo externo. Os prelados da Igreja escolheram o 267.º sucessor de São Pedro no recolhimento de um retiro de oração — verdadeiramente retirado, verdadeiramente recolhido. Do lado de fora, tudo o que jornalistas, curiosos e palpiteiros de plantão podiam fazer era… aguardar, ansiosos, por um “sinal de fumaça”.

Para nós, em tempos de internet, essas são grandes lições. 

A exposição às redes sociais infelizmente tem transformado os mais simples dos indivíduos em “influenciadores digitais”. Todo o mundo quer aparecer, se mostrar aos outros, falar sobre tudo, dar a sua opinião, num frenesi que, no fundo, não é mais que vaidade, vanglória — busca de uma “glória vã”.

Contra isso, a Igreja, o conclave e os primeiros gestos do novo Papa lembram-nos: toda autoridade é constituída por Deus (cf. Rm 13, 1), devendo buscar nele sua força e fundamento; antes de ser algo para os outros, somos em primeiro lugar aquilo que Deus pensa de nós; e, por fim, de todas as pessoas com quem devemos estar, o único “encontro importante, a que não se pode faltar”, é o encontro com Cristo Senhor, na intimidade da oração. Todo o resto é secundário, dispensável. 

Portanto, se você ainda não rezou hoje, e sendo-lhe possível, é claro, saia da internet, recolha-se em algum lugar e vá falar com seu Deus. 

Eis “a melhor parte, e esta não lhe será tirada” (Lc 10, 42).

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