Em 1925, camadas muito finas de cera foram colocadas sobre o rosto e as mãos do corpo de Santa Bernadete, a fim de disfarçar-lhe os olhos e o nariz fundos, bem como o tom enegrecido do rosto e das mãos [1]. Mas durante a primeira exumação do corpo, em 1909, o rosto de Bernadete era de um “branco opaco”, não era ainda possível ver profundidade em seus olhos e ela tinha as mãos “perfeitamente intactas”. Só o nariz se encontrava já “dilatado e cheio de rugas”. Bernadete — ou Irmã Marie-Bernard, como era conhecida dentro de seu convento — morrera a 16 de abril de 1879, com 35 anos, na Enfermaria Santa Cruz do Convento de São Gildard, sem que seu corpo fosse embalsamado ou tratado de forma especial.
Nascida em uma família humilde que pouco a pouco caiu na extrema miséria, Bernadete sempre foi uma criança frágil. Desde a mais tenra idade sofria com problemas digestivos e, em 1855, depois de escapar de uma epidemia de cólera, passou a sofrer dolorosos ataques de asma. A má saúde quase lhe custou, de maneira definitiva, o ingresso na vida religiosa. Instada por monsenhor Forcade a aceitar Bernadete, a madre Louise Ferrand, superiora das Irmãs de Nevers, respondeu: “Monsenhor, ela será um pilar de nossa enfermaria.”
Por pelo menos três vezes ao longo de sua curta existência Bernadete recebeu os últimos sacramentos. Além da asma, ela foi gradualmente acometida por outras doenças, entre as quais uma tuberculose nos pulmões e um tumor tuberculoso no joelho direito. Na manhã de quarta-feira, dia 16 de abril de 1879, sua dor piorou muito. Pouco depois das 11h, sentindo-se quase asfixiada, Bernadete foi levada para uma poltrona, onde se sentou com os pés sobre um escabelo, em frente a uma lareira ardente. Ela morreu por volta das 15h15min.
As autoridades civis permitiram que seu corpo ficasse exposto para veneração pública até o sábado, 19 de abril, quando ele foi finalmente “depositado em uma urna funerária de chumbo e de carvalho, selada na presença de testemunhas que assinaram um registro dos eventos”. Entre as testemunhas se encontrava “o juiz de paz Devraine e os agentes policiais Saget e Moyen”.
As Irmãs de São Gildard, com o apoio do bispo de Nevers, solicitaram permissão às autoridades para sepultar o corpo de Bernadete em uma pequena capela dedicada a São José, no interior do convento em que viviam. A permissão foi concedida em 25 de abril de 1879 e, no dia 30 seguinte, a prefeitura local aprovou a escolha do lugar para o enterro. Imediatamente eles começaram a preparar o túmulo e, em 30 de maio de 1879, com uma cerimônia bastante simples, a urna de Bernadete foi finalmente transferida para a cripta da capela.
Primeira exumação, 22 de setembro de 1909. — No outono de 1909, estava completo o trabalho da comissão episcopal de investigar a reputação de Bernadete quanto à santidade, virtudes e milagres com vistas à canonização. O próximo passo era a primeira “identificação do corpo”, como era chamada, que envolvia tanto a identificação de acordo com a lei civil e canônica quanto a verificação do estado do cadáver.
O corpo foi exumado pela primeira vez numa quarta-feira, 22 de setembro de 1909. Os registros oficiais, que se mantêm nos arquivos de Saint Gildard, tornam possível acompanhar quase que passo a passo os procedimentos de identificação.
O monsenhor Gauthey, bispo de Nevers, e o tribunal eclesiástico adentraram a capela principal do convento às 8h30min da manhã. Uma mesa foi posta na entrada do santuário, e sobre ela os santos Evangelhos. Uma por uma, as três testemunhas (o Abade Perreau, a madre superiora da Ordem, Marie-Josephine Forestier, e sua representante), os médicos (drs. Jourdan e David), os pedreiros Gavillon e Boue e os carpinteiros Cognet e Mary juraram dizer a verdade.
O grupo se dirigiu então para o interior da capela. O prefeito e o vice-prefeito fizeram questão de cumprir eles mesmos as formalidades legais da ocasião. Assim que a pedra foi levantada do jazigo, o caixão ficou imediatamente visível. Ele foi carregado para uma sala devidamente preparada para isso e colocado sobre dois cavaletes cobertos por um tecido. A um lado se encontrava uma mesa coberta com um pano branco. O corpo — ou, se fosse o caso, os ossos — de Bernadete devia ser colocado sobre ela.
A urna de madeira foi desparafusada e a de chumbo aberta, revelando o corpo de Bernadete em estado de perfeita conservação. Não havia sequer traço de mau cheiro. As irmãs que a haviam enterrado trinta anos antes notaram apenas que suas mãos haviam caído levemente para a esquerda. Mas as palavras do cirurgião e do médico, pronunciadas sob juramento, falam por si mesmas:
O caixão foi aberto na presença do bispo de Nevers, do prefeito da cidade, de seu principal sucessor, de vários canonistas, bem como de nós mesmos. Não notamos nenhum mau cheiro. O corpo se encontrava vestido com o hábito da Ordem à qual pertencia Bernadete. O hábito estava úmido. Apenas o rosto, as mãos e os antebraços estavam descobertos.
A cabeça estava inclinada para a esquerda. O rosto era de um branco opaco. A pele estava grudada nos músculos e estes aderiram aos ossos. As órbitas oculares estavam cobertas pelas pálpebras. As sobrancelhas estavam retas na pele e grudadas às arcadas acima dos olhos. Os cílios da pálpebra direita estavam presos à pele. O nariz estava dilatado e enrugado. A boca se encontrava levemente aberta e era possível ver os dentes ainda no lugar. As mãos, cruzadas sobre o seu peito, estavam perfeitamente preservadas, bem como as unhas. As mãos ainda seguravam um rosário enferrujado. Chamavam atenção as veias nos antebraços.
Como as mãos, os pés estavam enrugados e as unhas dos pés ainda estavam intactas (uma delas foi arrancada quando o cadáver foi lavado). Quando os hábitos foram removidos e o véu foi levantado da cabeça, era possível ver o todo do corpo emurchecido, rígido e esticado em cada membro.
Verificou-se que o cabelo, que havia sido cortado curto, estava preso à cabeça e ainda ligado ao crânio; que as orelhas estavam em um estado de perfeita conservação; e que o lado esquerdo do corpo achava-se levemente mais alto que o direito do quadril para cima.
O estômago cedeu e estava esticado, como o resto do corpo. Ele parecia um papelão quando atingido.
O joelho esquerdo não era tão grande quanto o esquerdo. Sobressaíam-se as costelas, bem como os músculos nos membros.
Achava-se tão rígido o corpo, a ponto de ser possível virá-lo e revirá-lo para ser lavado.
As partes inferiores do corpo haviam se tornado levemente enegrecidas. Isso parece ter sido resultado do carbono, do qual grandes quantidades foram encontradas no caixão.
Como prova de tudo isso, redigimos devidamente a presente declaração, na qual tudo está registrado com veracidade.
Nevers, 22 de setembro de 1909.
Drs. Ch. David, A. Jourdan.
As religiosas procederam à lavagem do corpo e depositaram-no em um novo caixão forrado com zinco e acolchoado com seda branca. Nas poucas horas em que ficou exposto ao ar, o corpo havia começado a enegrecer. O duplo caixão foi fechado, soldado, parafusado e lacrado com sete selos.
Os trabalhadores mais uma vez colocaram o corpo de Bernadete na sepultura. Eram 17h30min quando todo o processo havia terminado.
O fato de o corpo de Bernadete ter-se encontrado em estado de perfeita conservação não necessariamente é milagroso. Sabe-se que cadáveres se decompõem menos em certos tipos de solo e gradualmente se mumificam. Deve-se notar, no entanto, que no caso de Bernadete esse estado de mumificação é bastante surpreendente. Suas enfermidades e o estado de seu corpo quando morreu, a umidade na sepultura da capela de São José (seu hábito estava úmido, o rosário oxidado e o crucifixo esverdeado), tudo aparentemente devia conduzir à desintegração de sua carne. Deveríamos alegrar-nos, portanto, de que Bernadete se tenha beneficiado de um fenômeno biológico tão raro. Mas não se trata de um “milagre” no sentido estrito da palavra.
Segunda exumação, 3 de abril de 1919. — Em 13 de agosto de 1913, o Papa Pio X, em consequência de uma decisão da Congregação dos Ritos, autorizou a introdução da causa de beatificação e canonização de Bernadete Soubirous e assinou o decreto de venerabilidade. A guerra estourou e tornou-se impossível retomar o caso novamente de maneira imediata, o que só se deu em 1918, quando já era bispo de Nevers o monsenhor Chatelus. Isso tornou necessária outra identificação do corpo da agora Venerável Bernadete. Pediu-se aos drs. Talon e Comte que procedessem ao exame, que se deu em 3 de abril de 1919, na presença do bispo de Nevers, do comissário de polícia, dos representantes municipais e dos membros do tribunal eclesiástico.
Tudo se encontrava do mesmo modo quando da primeira exumação. Fizeram-se os devidos juramentos, abriu-se a sepultura, o corpo foi transferido para um novo caixão e enterrado novamente, tudo em atenção à lei canônica e à lei civil. Depois de examinarem o corpo, os médicos se retiraram sozinhos para salas separadas a fim de escreverem seus registros pessoais, sem que pudessem consultar os relatórios um do outro.
Os dois relatórios coincidiam perfeitamente entre si e também com o relatório de 1909 dos doutores Jourdan e David. Só havia um novo elemento relativo ao estado do corpo: a presença de “manchas de mofo e de uma camada de sal, que parecia ser de cálcio”, e que provavelmente fora resultado da primeira lavagem do corpo, quando da primeira exumação. Citamos a seguir apenas as primeiras linhas do relatório do dr. Comte:
Quando o caixão foi aberto, o corpo aparentava estar absolutamente intacto e desprovido de mau odor. (Dr. Talon foi mais específico: “Não havia cheiro algum de putrefação e nenhum dos presentes experimentou qualquer desconforto.”) O corpo está praticamente mumificado, coberto com manchas de mofo e notáveis camadas salinas, que parecem ser de cálcio. O esqueleto está completo e seria possível transportá-lo para uma mesa sem qualquer dificuldade. A pele desapareceu em alguns lugares, mas ainda está presente na maior parte do corpo. Algumas das veias ainda estão visíveis.
Às 17h daquele dia o corpo foi enterrado de novo na capela de São José, na presença do bispo, da madre Forestier e do comissário de polícia.
Terceira exumação, 18 de abril de 1925. — Em 18 de novembro de 1923, o Papa reconheceu a autenticidade das virtudes de Bernadete e estava aberto o caminho para sua beatificação.
Uma terceira e última identificação do corpo era requerida para a sua declaração como beata. As relíquias, que teriam como destino Roma, Lourdes e casas da Ordem, seriam retiradas durante essa exumação.
Os drs. Talon e Comte foram novamente requisitados para examinar o corpo, e seria o dr. Comte, cirurgião, a remover-lhe as relíquias.
A cerimônia se deu em 18 de abril de 1925, quarenta e seis anos e dois dias após a morte de Bernadete. Realizou-se privadamente, como a lei canônica exige que aconteça quando a beatificação ainda não foi declarada. Estavam presentes as religiosas da comunidade, o bispo, os vigários gerais, o tribunal eclesiástico, duas testemunhas “instrumentais”, os dois médicos, o comissário de polícia Mabille e, representando as autoridades municipais, Leon Bruneton.
Às 8h30min, na capela do convento, os dois médicos, cujo trabalho era examinar o corpo para a identificação oficial, e os pedreiros e carpinteiros que deveriam abrir o jazigo e tirar o caixão fizeram os juramentos de rotina sobre os Evangelhos.
“Eu juro e prometo fielmente desempenhar o encargo que me foi designado”, declararam os médicos, “e dizer a verdade nas respostas que der às questões que me forem colocadas e nas declarações escritas sobre o exame do corpo da Venerável Serva de Deus, Irmã Marie-Bernard Soubirous, e na retirada de suas relíquias. Isto prometo e faço voto de cumprir. Ajudem-me Deus e os santos Evangelhos.” Cada um dos operários também fez um juramento: “Com minha mão sobre os Evangelhos de Deus eu juro e prometo fielmente desempenhar o encargo que me foi designado. Ajudem-me Deus e os santos Evangelhos.”
O grupo, então, buscou o caixão de Bernadete na capela de São José em procissão e conduziu-o à capela de Santa Helena.
A seguir algumas passagens do relatório do dr. Comte:
A pedido do bispo de Nevers, separei e removi a seção posterior da quinta e sexta costelas direitas como relíquias; notei que havia uma massa resistente e dura no tórax, que era o fígado coberto pelo diafragma. Também retirei um pedaço do diafragma e do fígado embaixo dele como relíquias, e posso afirmar que esse órgão estava em um estado notável de preservação. Também removi os dois ossos da patela aos quais a pele estava ligada e os quais estavam cobertos com mais matéria de cálcio aderente.
Por fim, removi os fragmentos musculares direitos e esquerdos da parte externa das coxas. Também esses músculos se encontravam em ótimo estado de preservação e não pareciam estar minimamente putrefeitos.
A partir dessa verificação concluí que o corpo da Venerável Bernadete está intacto; o esqueleto, completo; os músculos, apesar de atrofiados, estão bem preservados; só a pele, que murchou, parece ter sofrido os efeitos da umidade no caixão. Ela assumiu uma cor cinzenta e está coberta com manchas de mofo e um número considerável de cristais e sais de cálcio; mas o corpo não parece ter-se putrefeito, nem se verificou qualquer decomposição do cadáver, ainda que isso fosse o normal a se esperar depois de um período tão longo dentro de uma vala escavada na terra.
Três anos depois, em 1928, o dr. Comte publicou um “relatório sobre a exumação da Beata Bernadete” na segunda edição do Bulletin de l’Association medical de Notre-Dame de Lourdes, onde escreveu:
Eu gostaria de ter aberto o lado esquerdo do tórax para retirar as costelas como relíquias e, então, remover o coração, cuja preservação estou certo de que aconteceu. No entanto, o tronco estava levemente apoiado sobre o braço esquerdo, e teria sido bastante difícil tentar chegar ao coração sem causar muitos danos perceptíveis ao corpo. Como a madre superiora exprimiu o desejo de que o coração da santa fosse mantido com o restante do corpo, e o bispo não insistiu, desisti da ideia de abrir o lado esquerdo do tórax e contentei-me em remover as duas costelas direitas, que estavam mais acessíveis.
O cirurgião ficou particularmente impressionado com o estado de preservação do fígado:
O que me impressionou durante a verificação, é claro, foi o estado de perfeita preservação do esqueleto, dos tecidos fibrosos dos músculos (ainda firmes e flexíveis), dos ligamentos e da pele e, sobretudo, a condição totalmente inesperada do fígado depois de 46 anos. O normal seria que esse órgão, basicamente macio e com tendência a se desintegrar, tivesse se decomposto bem rapidamente ou se enrijecesse e assumisse uma consistência calcária. Apesar disso, quando cortado, ele se encontrava macio e com a consistência praticamente normal. Ressaltei isso a todos que estavam presentes, observando que aquele não parecia ser um fenômeno natural.
Concluída a fase cirúrgica, o dr. Comte envolveu o corpo com ataduras, deixando livres apenas o rosto e as mãos. O corpo de Bernadete foi então colocado de volta no esquife, mas descoberto. A essa altura, uma impressão precisa da face foi moldada, a fim de que a empresa Pierre Imans, de Paris, confeccionasse uma máscara de cera clara para ela, tomando como base as impressões e algumas fotos genuínas. O temor era de que, por mais que o corpo se encontrasse mumificado, a coloração enegrecida do rosto e os olhos e o nariz encovados causassem ao público uma impressão desagradável.
Também se fizeram impressões das mãos, pelos mesmos motivos, tomando-se cuidado para não alterar de modo algum a posição delas no caixão.
O corpo foi deixado na capela de Santa Helena, mas as portas de acesso a ela foram fechadas e seladas, a fim de que ninguém entrasse. As religiosas que quisessem rezar perto do corpo de Bernadete só podiam vê-la através de uma divisória de vidro.
Em 14 de junho de 1925, o Papa Pio XI oficialmente beatificou Bernadete. Mas, como não estivesse pronta a urna para o corpo — a qual estava sendo feita no ateliê da empresa de Armand Caillat Cateland, em Lion —, até o dia 18 de julho não foi possível colocar Bernadete em seu relicário. A cerimônia, ao chegar a data, foi bem simples. Uma vez que as autoridades eclesiásticas se certificaram de que tudo na capela de Santa Helena fora deixado como no dia 18 de abril, as religiosas vestiram o corpo de Bernadete com um novo hábito. O escultor tomou as máscaras de cera, feitas com base nas impressões, e colocou-as sobre o rosto e as mãos. Então o corpo foi trasladado numa maca branca até a sala das noviças. Cantou-se por fim o Ofício das Virgens, e o corpo foi depositado em seu relicário.
Na noite de 3 de agosto, a urna foi cerimonialmente transferida da sala das noviças até a capela do convento de São Gildard. Nos três dias subsequentes, 4, 5 e 6, rezaram-se Missas solenes em honra de Bernadete.
Foi em agosto de 1925 que se iniciaram as longas peregrinações dos amigos de Santa Bernadete. Entre eles sempre houve muitos turistas, movidos por pura curiosidade, e até céticos se unindo à multidão que reza.
“Mas é esse realmente o corpo de Bernadete?”, eles perguntam. “Se é realmente o corpo dela, então ele não foi embalsamado?”
Respostas suficientes a essas questões encontram-se nos relatórios médicos das três exumações, todas elas realizadas sob o rigor do direito canônico e na presença de autoridades civis e eclesiásticas. Sim, é o corpo de Bernadete — intacto — que se encontra no relicário. “É como se estivesse mumificado”, para citar os médicos. Apenas algumas relíquias foram retiradas. Excelentes máscaras de cera foram colocadas sobre a face e as mãos, moldadas a partir de impressões tiradas diretamente do corpo e respaldadas por documentos fotográficos autênticos. Quem quer que viesse a contestar o estado desse corpo, por mais surpreendente que ele possa parecer, estaria questionando a sinceridade de pessoas cujo testemunho é normalmente considerado de autoridade: médicos, policiais, testemunhas juramentadas e membros do tribunal da Igreja.
Sim, esse é o corpo de Bernadete, na mesma atitude de meditação e oração em que ela viveu. É esse o rosto que se levantou dezoito vezes para avistar a “Senhora de Massabielle”; são essas as mãos que manusearam o rosário antes e durante as aparições; são esses os dedos que, ao arranhar a terra, fizeram aparecer uma milagrosa primavera; são esses os ouvidos que escutaram a mensagem e os lábios que repetiram o nome da Senhora ao padre Peyramale: “Eu sou a Imaculada Conceição”. É esse, também, o coração que carregou tão grande amor a Jesus Cristo, à Virgem Maria e aos pecadores. Basta observar esse corpo no relicário para ter diante de si todos os eventos extraordinários de Lourdes: algo da graça de Massabielle toca a alma de quem quer que o visite.
No metal ao redor do relicário encontram-se gravadas estas palavras: “A Virgem”.
Mas era necessário? Uma voz silenciosa alcança o mais profundo do nosso ser através deste corpo frágil, que parece estar absorto em Deus. Aqui Bernadete está presente. Aqui ela está rezando. Aqui está dando o seu testemunho. Ousamos dizer até: aqui, de alguma forma, Bernadete está viva. E as suas mensagens ressoam com a mesma clareza do primeiro dia: aqui Bernadete está cumprindo, dia após dia, diante de cada peregrino que a visita, a missão que a “Imaculada Conceição” lhe deu em nome de Deus. Bernadete nos lembra que Ele é Amor e não se cansa jamais de chamar-nos, a fim de que saiamos das trevas de nosso pecado para a sua Luz maravilhosa.
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