A CNA (“Agência Católica de Notícias”, em inglês) registrou em 2009 uma história muito interessante envolvendo a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. 

Durante visita à Cidade do México, em 2009, a então secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, visitou a Basílica da Virgem e deixou, diante de sua imagem milagrosa, um buquê de flores “em nome do povo americano”. Admirada com a imagem depois de observá-la por um tempo, a secretária perguntou ao reitor da Basílica, Mons. Diego Monroy: “Quem a pintou?”, ao que este simplesmente respondeu: “Deus”.

E de fato é isto: a imagem exposta para veneração no México é um mistério diante do qual só o que a ciência moderna pode fazer é prostrar-se e reconhecer, perplexa: Deus existe, e Ele faz milagres no seio da sua Igreja.

A começar pela história da própria origem da imagem, tal como no-la conta o site Ciência confirma a Igreja [i]: 

No dia 9 de dezembro de 1531, na cidade do México, Nossa Senhora apareceu ao nobre índio Quauhtlatoatzin — que havia sido batizado com o nome de Juan (João) Diego — e pediu-lhe que dissesse ao bispo da cidade para construir uma igreja em sua honra. João Diego transmitiu o pedido. O bispo exigiu alguma prova. Então Nossa Senhora fez crescer flores numa colina semidesértica em pleno inverno, as quais João Diego devia levar ao bispo. Este o fez no dia 12 de dezembro, acondicionando-as no seu manto. Ao abri-lo diante do bispo e de várias outras pessoas, verificaram admirados que a imagem de Nossa Senhora estava estampada no manto.

A tentação dos céticos modernos é reagir a relatos como esse com empáfia, tratando-os como uma mera “crendice de quinhentos anos atrás”. Mas a verdade é que o manto da Virgem de Guadalupe sempre intrigou quem quer que o tenha conhecido e estudado a fundo.

Por exemplo: a tilma (nome com o qual o manto é conhecido entre os mexicanos) é um tecido rudimentar de fibras, de uma planta nativa, completamente inapropriado para uma obra de arte e que já há muito tempo deveria ter se decomposto. Em 1787, o Dr. José Ignacio Bartolache tentou fazer duas cópias da imagem, reproduzindo-a com a maior fidelidade possível ao original. Mas as duas cópias não chegaram a durar sequer uma década. O manto de Guadalupe já tem mais de 490 anos.

Mais: uma análise cuidadosa das fibras da tilma, em 1936, a pedido do bispo da Cidade do México, concluiu que a “tinta” usada na obra de arte não tinha origem nem vegetal, nem mineral, nem animal. (O químico austríaco de origem judia Dr. Richard Kuhn, responsável pelo estudo, ganharia dois anos mais tarde o prêmio Nobel.) O Pe. Eduardo Chávez, diretor do Instituto Superior de Estudios Guadalupanos, confirma ser impossível que a imagem tenha sido pintada por mãos humanas, pois a tilma não tem sinal algum de traços feitos com pincel: o retrato de Maria “está impresso nela”, como uma estampa.

Mas o que mais intriga hoje o mundo da ciência são os olhos de Nossa Senhora de Guadalupe: assim como olhos humanos vivos, também eles trazem refletidas — gravadas para sempre na tilma, na verdade — imagens presenciadas pela própria Virgem Maria. Investigações e mais investigações, especulações em cima de especulações, documentários um após o outro não cessam de explorar o assunto desde que, em 1929, o fotógrafo Alfonso Marcué González descobriu, na pupila do olho direito de Maria, a imagem minúscula de um rosto humano. Depois de estudos ainda mais meticulosos do manto, agora já são treze as figuras identificadas numa superfície de apenas oito milímetros de diâmetro — em ambos os olhos!

“O Eterno Pai pintando a Virgem de Guadalupe”, obra atribuída a Joaquín Villegas.

Mas com que finalidade Ele realizaria um milagre tão prodigioso no século XVI — cujas minúcias só em tempos mais recentes o homem descobriria?

Em primeiro lugar, a conversão dos próprios nativos americanos quando aqui chegaram os espanhóis. O frei Toríbio de Benavante [1], cronista da época, estima em mais de quatro milhões o número de almas que se batizaram de 1521 a 1536. Era tão grande o trabalho dos primeiros franciscanos que os ritos dos sacramentos tinham de ser adaptados para grandes multidões. Outros eclesiásticos e religiosos das mais diversas Ordens começaram a questionar essa forma de ministrar os sacramentos, até que o Papa Paulo III interviu em 1537, com a bula Altitudo divini consilii, estabelecendo o modo correto de celebrá-los nas circunstâncias especiais que se verificavam na América.

O milagre de Guadalupe se insere nesse contexto, fornecendo uma mostra de particular predileção da Mãe de Deus para com os habitantes da nossa terra. Chegou-se a usar, em muitas pregações e meditações sobre esse acontecimento, as famosas palavras do Salmo 147: Non fecit taliter omni nationi, para mostrar como o Céu não procedeu desta mesma forma com todas as nações do planeta. Aos latino-americanos — e aos mexicanos, de modo particular — manifestou especial afeto, realizando um prodígio que se perpetua no tempo e no espaço. 

Tudo para ganhar os corações dos homens! E não só os da época do milagre, mas também os de agora, tão seduzidos pelo ateísmo cientificista e pelo ceticismo materialista. Afinal, se a obra de arte no manto de São João Diego não tem explicação humana, é porque existe o sobrenatural; e, se por intervenção desse agente superior, uma pintura tão bela, sobre um rude tecido, pôde resistir a quase 500 anos de história, que maravilhas esse mesmo agente não pode operar nas almas dos homens, de modo até mais duradouro?

Eis as verdades que somos chamados a meditar na festa de Nossa Senhora de Guadalupe, celebrada em toda a América, com grande solenidade, no dia 12 de dezembro. 

E, se Deus quis fazer refulgir diante de nossos olhos não só a magnitude do seu poder, mas também o cuidado maternal da Virgem Maria para conosco, não demoremos em nos refugiar debaixo de seu manto de amor, como os primeiros cristãos ao rezar o Sub tuum praesidium (“À vossa proteção”); como os primeiros habitantes da América, que, pela ação providencial dos missionários católicos, depressa se fizeram também, pelo Batismo, filhos da Imaculada. — ¿Acaso no estoy yo aquí, que soy tu Madre?

Notas

  1. Não garantimos a veracidade de todas as informações apresentadas pelos links que incluímos no texto, mas tão somente das informações que fizemos constar expressamente nesta matéria. Para saber o que é falso e o que é verdadeiro nessa questão (sobre a qual tanta coisa já foi dita e escrita), indicamos a leitura de Claims about the tilma and the image [of Guadalupe].
  2. Cf. Fr. Toribio de Benavante o Motolinía, Historia de los Indios de la Nueva España. Barcelona: Herederos de Juan Gili, 1914, p. 105.

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