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“Não é por acaso”, eu disse a Miguel, “que toda igreja católica tem uma imagem de São José na frente” [1].

Miguel tinha vindo se confessar e buscar aconselhamento para superar seus fracassos como marido e pai. Ele foi pego na armadilha da pornografia e da ambição. Ele tomou algumas decisões fáceis, mas ruins. O estresse se acumulou e o apego ao trabalho começou a piorar. Miguel começou a negligenciar a relação com sua esposa e filhos — considerando-os um fardo e um incômodo. Por causa disso, sua esposa estava ameaçando pedir o divórcio. Miguel, então, veio me procurar porque a realidade o havia atingido como um banho de água fria.

“São José”, continuei, “nos é dado como modelo de pai e de esposo. Sua principal virtude é a fidelidade, e dessa fidelidade provêm todas as outras virtudes que ele possui”.

No Evangelho de São Mateus, São José é descrito como “um homem justo”. Outras versões traduzem o texto dizendo que ele era “fiel à Lei”. Em outras palavras, José se submeteu à lei de Deus, e foi essa obediência essencial e fidelidade à vontade de Deus que formou o alicerce de sua vida. São José viveu de fato aquele versículo do Evangelho que diz: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será dado em acréscimo” (Mt 6, 33).

A fidelidade de São José, como pai adotivo de Jesus, deu origem a uma série de outras virtudes, mas há três, que vemos nas narrativas do Natal, especialmente necessárias para os homens que desejam seguir os seus passos.

1. Pureza. — A primeira virtude que nasce da fidelidade de São José é a pureza. Numa época em que a pornografia e a imoralidade desenfreada propagam-se ao nosso redor, a pureza pode parecer passiva e covarde. Mas a pureza passiva e fraca não é uma virtude masculina. Em vez disso, a verdadeira pureza é forte. A verdadeira pureza está enraizada não apenas no ato de evitar o pecado sexual, mas numa fidelidade positiva e operante.

O homem fiel à esposa e ao chamado cristão à castidade percorre um caminho de liberdade e força. Uma pureza enraizada na fidelidade à vontade de Deus e ao caminho divino revela uma sexualidade totalmente madura e integrada. O homem viril e puro num sentido positivo compreende o impulso fecundo da sexualidade e o trata como uma força poderosa em sua vida — não simplesmente como um brinquedo, ou algo a ser temido e reprimido. Essa pureza positiva, em São José, estava presente na aceitação da Virgem Maria como sua esposa, na sua capacidade de se abster de relações sexuais com ela e na poderosa canalização de sua sexualidade para o serviço de um amor maior.

“O Sonho de São José”, por Antonio Palomino.

2. Paciência. — A segunda virtude que se desenvolve com a fidelidade de São José é a paciência. São José é um protótipo do homem forte e silencioso. Ele olha e espera. Observa a situação com atenção. Ele é capaz de parar, olhar e ouvir. Ele não reage impulsivamente, mas se contém, para poder agir com cuidado, no momento certo, após considerar todos os fatos.

A paciência de José cresce com a fidelidade, porque toda a sua vida esteve enraizada na lei de Deus. Por meio de uma vida de estudo e oração, um homem judeu da geração de José aprendia a ouvir a Deus, confiar nele e, depois, obedecer-lhe. Para desenvolver uma vida espiritual tão profunda são necessários trabalho árduo, perseverança e paciência — uma virtude que vemos em seu cuidadoso zelo com Maria e o Menino Jesus, e que precisamos desenvolver em nosso mundo altamente sobrecarregado, impulsivo e acelerado.

3. Prudência. — A terceira virtude erigida sobre o alicerce da fidelidade de São José é a prudência, que consiste no discernimento sábio e cuidadoso que nos permite escolher o caminho certo. Constata-se a prudência de São José quando ele encontra abrigo para Maria, que estava prestes a dar à luz. Também a sua escolha de fugir para o Egito e retornar apenas quando fosse seguro revela um guardião de Cristo prudente, maduro e sábio. Mais uma vez, a virtude da prudência de São José está enraizada em sua fidelidade, porque sua profunda confiança na providência de Deus o capacita a correr riscos e fazer as escolhas certas, sabendo que Deus cuida de tudo.

A narrativa do Natal é maravilhosa não apenas porque está carregada de elementos sobrenaturais, como um nascimento milagroso, anjos e uma estrela-guia, mas também porque está repleta da força extraordinária de pessoas ordinárias como São José. A pureza, a paciência e a prudência que ele demonstra são um lembrete para pessoas como Miguel, que estão lutando com as responsabilidades do casamento e da paternidade. O casamento dele estava uma bagunça porque ele carecia de pureza, paciência e prudência; e ele não tinha essas virtudes porque lhe faltava primeiro aquela profunda fidelidade a Deus, da qual essas virtudes se originam. Quando fui capaz de orientá-lo a redefinir as prioridades de sua vida e a desenvolver uma devoção genuína a São José, começamos a ver essas mesmas virtudes florescerem na vida dele e sua vida familiar começou a tomar a direção certa.

As festividades de Natal, que acabamos de viver, são uma oportunidade não apenas para encher a barriga e reunir a família e os amigos [2]. Precisamos também redefinir nossas prioridades, determinar mais uma vez que edificaremos nossa casa sobre o alicerce de Cristo e, a exemplo de São José, assegurar que toda a nossa vida gire em torno do Menino que está sobre a manjedoura.

Notas

  1. Embora seja frequente a presença de imagens de São José nas igrejas, infelizmente não são todas que a possuem. Em todo o caso, entende-se a colocação do autor no sentido de que “deveriam ter”, visto ser ele o Patrono da Igreja Católica. Além disso, o padre fala a partir do contexto dos Estados Unidos, onde ele mora.
  2. Sobre a importância de estender as comemorações do tempo do Natal, cf. Peter Kwasniewski, Até quando devemos festejar o Natal?.

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