Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 17,11b-19)

Naquele tempo: Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: “Pai santo, guarda-os em teu Nome, o Nome que me deste, para que sejam um como nós. Quando eu estava com eles, eu mesmo conservava no teu Nome os que me deste. Guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para que se cumprisse o que estava escrito. Agora, porém, volto a ti, e falo isto estando ainda no mundo, para que partilhem plenamente da minha alegria. Eu lhes comuniquei tua palavra e o mundo ficou com ódio deles, porque não são do mundo, como eu também não sou do mundo. Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. Consagra-os na verdade: Tua palavra é a verdade. Como me enviaste ao mundo, assim eu os envio ao mundo. E por eles me consagro a mim mesmo, para que eles também sejam consagrados na verdade”.

Estamos lendo nestes dias a oração sacerdotal de Jesus e refletindo um pouco sobre a vida de oração. Nessa novena de Pentecostes, ver Jesus rezar e interceder por nós realmente nos anima o coração a, junto com a Igreja inteira e a Virgem Maria, entrar no Cenáculo para pedir o dom do Espírito Santo. O Espírito Santo é um dom que devemos pedir sempre. Por isso a Igreja quer que tenhamos uma esperança arraigada no auxílio de Deus, no fato de que Ele vem em nosso auxílio.

Eu disse que nestes dias iria refletir sobre as três virtudes teologais e que nossa vida de oração é exatamente uma renovação de atos de fé, de esperança e de caridade. Fé, esperança e caridade — rezar é isso. Ontem falava da fé, manifestada a nós por meio do nome de Deus em Jesus Cristo, crucificado e morto por nós. Vejamos agora a esperança. Ora, esperança de quê? Alguns pensam que a virtude da esperança tem como objeto principal a certeza de que seremos salvos e iremos para o Céu, quando, na verdade, essa certeza nem mesmo é possível neste mundo. Mas podemos ter, sim, uma certeza: a de que Deus virá em nosso auxílio nas nossas necessidades.

No Evangelho de hoje, Jesus diz que vai para junto de Deus, enquanto nós permanecemos no mundo; mas é exatamente porque recebemos a Palavra de Deus que o mundo nos odeia. Jesus então intercede por nós, pedindo ao Pai que nos guarde do Maligno. E a forma como Jesus quer nos guardar do Maligno é exatamente por sua Palavra, que nos santifica por meio da verdade. A verdade de Deus manifestada na sua Palavra nos santifica e faz com que tenhamos auxílios e graças para permanecer firmes. Eis o objeto da nossa esperança.

A esperança cristã nos diz, e é certeza absoluta, que teremos sempre o auxílio de Deus ao nosso lado. Teremos sempre a Deus ajudando-nos no momento da provação, que é quando mais necessitamos dele. Mesmo sem sentir, temos certeza de que Ele vem em nosso auxílio. Não temos a certeza de que iremos para o Céu, porque podemos nos perder pelo caminho; ou seja, é certo que Deus nos auxilia, mas não temos certeza de que iremos corresponder.

Então, qual é a esperança cristã? É a esperança no Deus auxiliante, em Deus que vem ao nosso encontro para nos ajudar. Na oração, temos a certeza de que Ele vem a nós para nos auxiliar, de que o Espírito Santo está agindo e nos auxiliando. Pois bem, existem duas formas concretas pelas quais o Espírito Santo atua na vida dos homens. Primeira, quando acontecem desgraças ou provações na vida. Pode parecer que não, mas nelas há uma presença divina. É Deus a nos convidar a cairmos em nós mesmos e assim nos convertermos, como o filho pródigo quando viu a comida dos porcos.

A segunda ação do Espírito Santo se dá pela pregação da Palavra. No Evangelho de hoje, Jesus fala dessas duas realidades: do mundo, das provações, das desgraças, mas também da Palavra que santifica. Essa é a ação, concreta e real, do Espírito Santo em nossas vidas, no dia a dia. Aos nossos dias não faltarão cruzes, no meio das quais tampouco faltará a Palavra de Deus, que ilumina nossa inteligência e convida nossa vontade a sermos melhores, até chegarmos a amar Jesus. Então, a esperança cristã é justamente o Espírito Santo que permanece conosco ajudando-nos.

Se nós, como os Apóstolos, medrosos, de portas fechadas por medo aos judeus, vivermos tribulações, saibamos: o Espírito Santo vem nos iluminar. Em nosso auxílio, Ele vem nos socorrer sem demora. É uma certeza, esta é a esperança cristã.