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Texto do episódio
02

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 21,20-25)

Naquele tempo, Pedro virou-se e viu atrás de si aquele outro discípulo que Jesus amava, o mesmo que se reclinara sobre o peito de Jesus durante a ceia e lhe perguntara: “Senhor, quem é que te vai entregar?” Quando Pedro viu aquele discípulo, perguntou a Jesus: “Senhor, o que vai ser deste?” Jesus respondeu: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa isso? Tu, segue-me!” Então, correu entre os discípulos a notícia de que aquele discípulo não morreria. Jesus não disse que ele não morreria, mas apenas: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?” Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Jesus fez ainda muitas outras coisas, mas, se fossem escritas todas, penso que não caberiam no mundo os livros que deveriam ser escritos.

É sábado, véspera do domingo de Pentecostes, e o nosso olhar se volta para a Virgem Santíssima, que está conosco no Cenáculo, sempre pedindo a Deus que envie o Espírito Santo e nos torne capazes de amar.

Olhando para aqueles que estavam reunidos no Cenáculo em oração, percebemos uma diferença muito grande entre as pessoas que lá rezavam. Por quê? Porque, além dos Doze Apóstolos, que foram escolhidos por Jesus, havia a Virgem Santíssima, que já possuía o Espírito Santo. Essa foi a grande diferença. Sim, porque a Virgem Maria recebeu o Espírito Santo desde a sua Conceição Imaculada, mas sobretudo porque cresceu na graça e na presença do Espírito Santo quando da Anunciação.

Poderíamos dizer que a Anunciação foi um “proto-Pentecostes”, um primeiro Pentecostes, porque assim como o Espírito Santo veio em Pentecostes para formar o Corpo místico de Cristo, na Anunciação Ele veio para formar o corpo físico de Cristo, que se encarnou no seio da Virgem Maria. O arcanjo Gabriel tinha-lhe anunciado “o Espírito do Senhor virá sobre ti”, e é exatamente pela ação do Espírito Santo que a Virgem Maria concebeu Jesus.

Santo Agostinho nos recorda que, antes de o conceber no ventre, Maria concebeu Jesus na alma e, por concebê-lo na alma, vemos que a Virgem Santíssima é a Virgem de Pentecostes. Ela já está de Coração abrasado de amor, cheia do Espírito Santo, que conduz à união com Deus. Em Pentecostes, o Espírito Santo se manifesta como fogo (línguas de fogo) e como vento.

Sim, porque nós precisamos ter a inteligência e a vontade movidas por Deus. O Espírito Santo se manifesta como fogo, porque é luz: Ele ilumina o nosso caminho; e manifesta-se como vento, porque é força que move a vontade. Então, com a inteligência iluminada e a vontade convidada a amar a Deus, podemos ser o que Deus pretende que sejamos — santos.

É claro que nós não conseguiremos isso com nossas próprias forças. É claro também que não temos méritos para alcançar o dom do Espírito Santo. São os méritos de Cristo na Cruz, dele, que está junto de Deus intercedendo por nós, e os da Virgem Maria no Cenáculo, os que alcançam de Deus o dom do Espírito Santo.

Ao olhar para a Virgem Maria com os Apóstolos, Jesus vê sua Mãe bendita e mais uma vez repete Pentecostes, para gerar o Filho, não mais no ventre e não mais sem as dores do parto. Deus quer gerar filhos, que somos nós, no único Filho Jesus, como membros do Corpo místico, com as dores de parto da nossa conversão, com as dores de parto da nossa transformação interior.

Precisamos, sim, junto com Maria, clamar pelo Espírito Santo. Ele virá gerar o Cristo em nós, não sem dores de parto, sem que passemos pelas provações que matam o homem velho até que nasçamos como homens novos, na estatura de Cristo Jesus.

Que na vigília de hoje, unidos à Virgem Maria, aos santos e anjos do Céu, e à Igreja do mundo inteiro, clamemos pelo Espírito Santo, do qual tanto necessitamos. Que Ele, Pai dos pobres, venha em nosso auxílio e nos dê a graça de conhecer a verdade e de amá-la até o derramamento do nosso sangue, se preciso for.

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