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Como multiplicar os talentos?

É verdade de fé que, se estamos na graça, podemos merecer por nossas boas obras não só o aumento da graça, mas também a vida eterna e o aumento da glória, porque Deus, de quem tudo recebemos, permite que os seus dons sejam também méritos para nós.

Texto do episódio
238

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 25, 14-30)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: “Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou. O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco. Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão. Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’. O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: ‘Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. O patrão lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’. Em seguida, o patrão ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Ali haverá choro e ranger de dentes!’”

O Evangelho de hoje nos conta a parábola dos talentos, ensinando-nos aquilo que é a doutrina do mérito, um ensinamento plenamente católico e que, infelizmente, foi descartado pelos protestantes. 

É importante refletirmos sobre isso, pois às vezes vamos aos poucos deixando de ser católicos sem perceber. Lutero, há 500 anos, se revoltou contra a doutrina do mérito, dizendo que tudo é graça. A Igreja Católica, então, esclareceu que também existe a graça de merecermos a própria graça divina. 

Deus sabe perfeitamente que nós não somos capazes de dar a Ele o amor que gostaria que nós lhe déssemos, mas Ele quer nos livrar do nosso egoísmo e, por isso, perdoa os nossos pecados — por meio da “graça sanante” — e, então, eleva-nos e coloca em nossos corações a semente da caridade de um amor divino que não somos capazes de produzir, nem se nunca tivéssemos pecado e fôssemos “puríssimos”. Logo, Deus, com o Batismo e com a Confissão, planta essa semente em nós e deseja que, agora, a frutifiquemos. Por isso, confia a nós seus talentos. 

E o que é um talento? Um talento equivale a trinta quilos de ouro. No contexto de nossa vida espiritual, isso significa que, quando nos arrependemos dos nossos pecados e recebemos a graça, esta não é dada na mesma medida para todos: uns recebem um talento; outros recebem dois; há aqueles que até recebem cinco. Se recebemos pouco, não devemos nos preocupar com isso: podemos multiplicá-lo e verdadeiramente merecê-lo. 

Porém, o que devemos fazer para que isso aconteça? Primeiro, devemos ter consciência de que o talento, ou seja, a graça, não é nossa, mas de Deus. Ele a deu a nós para administrarmos o amor que é dele, mas que agora está em nossos corações. Por isso, olhando para dentro de nós, precisamos compreender: existe dentro de nós um amor que, às vezes, nem percebemos que existe, porque a nossa fé é fraca ou nossa experiência de oração é incipiente. No entanto, devemos crer neste amor e confiar nele, pedindo a Deus que nos ajude a multiplicá-lo. 

Sim, devemos ter uma vida de oração e realmente nos mantermos em estado de graça, e a melhor forma de a desenvolvermos é através da Comunhão. Então, seguindo esse caminho, perceberemos que a pequena semente irá crescer e que aquele tesouro que Deus depositou em nossos corações vai aumentar, devido ao nosso esforço de amá-lo de volta com o mesmo amor com que Ele nos amou, e mereceremos cada vez mais a glória do Céu.

Que maravilha! Nós, incapazes que éramos de amar, por essa modificação na nossa alma que o Batismo e a Confissão fazem e alimentando a realidade da graça através da Comunhão e da vida de oração, vamos nos tornando capazes de amar. Essa capacidade, tão fantástica e admirável, é gritante na vida dos santos já desenvolvidos; mas em nós, ela é tênue. Por isso, precisamos prestar muita atenção para notá-la, sabendo que existe a santidade já aqui neste mundo. 

Essa é a miséria e a infelicidade de Lutero, Calvino e outros protestantes. Eles não acreditavam nas transformações interiores e achavam que, quando somos batizados e quando professamos a fé, continuamos na mesma podridão de sempre. Eles também consideravam os atos bons dos justos equivalentes aos atos dos pecadores e, portanto, sem valor meritório algum. 

No entanto, a parábola dos talentos nos ensina que nós, sem merecermos e por pura graça, recebemos um tesouro imenso que, se for correspondido, aumenta o nosso amor. No entanto, se fizermos o contrário, desprezando-o, nosso final será bem triste e infeliz como o da parábola dos talentos: “Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Ali, haverá choro e ranger de dentes!” (Mt 25, 30).

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