Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 15, 3-7)
Naquele tempo, Jesus contou-lhes esta parábola: ”Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão”.
Celebramos hoje, alegremente, a Solenidade do Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde a Igreja, exultante, comemora uma Festa por Aquele que nos amou, reparando as nossas ingratidões.
Há uma passagem bíblica que não consta nas leituras de hoje, mas que nos faz ver exatamente a realidade de que precisamos conhecer o amor de Jesus, quando São Paulo, no capítulo 3 da Carta aos Efésios, faz o seu Hino ao Senhor: “Por essa razão, dobro o joelho diante do Pai, de quem recebe o nome de toda paternidade no céu e na terra” (Ef 3, 14-15), ou seja, foi Deus Pai que se revelou primeiro, no Antigo Testamento, onde a própria referência ao amor de Deus e ao Coração de Deus, já era uma espécie de prefiguração do Coração de Cristo, que, pelo mistério da Encarnação, viria nos amar.
Pois bem, Jesus veio nos trazer a salvação, mas, para aplicá-la às nossas vidas, precisávamos do Espírito Santo. Por isso, São Paulo diz na sequência do mesmo capítulo: “Nós precisamos ser robustecidos pelo Espírito Santo no homem interior” (Ef 3, 16). Por isso, Deus Pai enviou o Paráclito para realizar uma transformação em nosso coração. No entanto, para bem recebermos o amor de Cristo, necessitamos de duas virtudes teologais: a fé e a caridade. “Que Cristo habite pela fé em vossos corações, arraigados e consolidados na caridade” (Ef 3, 17): a fé, princípio da salvação e raiz de toda justificação, é a base sobre a qual se erguerá o edifício da nossa vida espiritual, porque sem ela é impossível agradar a Deus. Já a caridade, por sua vez, é a forma que conduz a fé a sua perfeição última, tornando-a capaz de compreender em verdade “qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade”, isto é, de conhecer o amor “de Cristo, que desafia todo o conhecimento” (Ef 3, 18s).
Com esta solenidade, nós queremos celebrar o amor de Deus manifestado em Jesus Cristo, mas só poderemos nos unir a Ele adorando o Pai e pedindo ao Espírito Santo que nos dê o fundamento da fé, o qual nos leva a um entendimento profundo do amor de Cristo.
Assim, a caridade, que é essa vontade de nos unirmos a Deus, auxiliada pela graça do Espírito Santo, faz com que brote dentro de nós o verdadeiro amor. Por isso, na Solenidade de hoje, peçamos a Nosso Senhor que possamos nos unir ao seu Coração Santíssimo como qualquer amante quer se unir ao coração amado, pois a melhor forma de retribuirmos o amor de Cristo é desejar, incessantemente, estarmos unidos a Ele.
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