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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

(Mt 12, 14-21)

Naquele tempo, os fariseus saíram e fizeram um plano para matar Jesus. Ao saber disso, Jesus retirou-se dali. Grandes multidões o seguiram, e ele curou a todos. E ordenou-lhes que não dissessem quem ele era, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: “Eis o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual ponho a minha afeição; porei sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará às nações o direito. Ele não discutirá, nem gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. Não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que faça triunfar o direito. Em seu nome as nações depositarão a sua esperança”.

Com grande alegria celebramos hoje a memória do bem-aventurado Inácio de Azevedo e companheiros mártires, que, com o seu sangue, regaram as praias do nosso Brasil e assim fecundaram a evangelização desta Terra de Santa Cruz. Recordemos brevemente quem foi Inácio de Azevedo. O beato Inácio foi um padre jesuíta que veio ao Brasil evangelizar. Diante das grandes necessidades de nossa nação, que exigia um trabalho imenso, ele pediu permissão ao então superior da Companhia, São Francisco de Bórgia, para ir a vários colégios e missões jesuíticas da Europa, a fim de convencer alguns companheiros a vir evangelizar o Brasil. Assim fez. Ele pregou com tanto entusiasmo a necessidade das missões no Brasil, que conseguiu numerosos companheiros. No entanto, durante a viagem de vinda para cá, eles foram abordados por corsários calvinistas que, vendo aqueles sacerdotes jesuítas, mataram o bem-aventurado Inácio e seus companheiros por ódio à fé, ou seja, para que a fé católica não fosse espalhada pelo mundo.

Recordemos agora outro detalhe. Antes dessa viagem, padre Inácio de Azevedo havia pedido licença para fazer uma cópia de um ícone milagroso que havia em Roma. Trata-se do ícone de Nossa Senhora Salus populi Romani — Nossa Senhora, “Salvação do povo romano”. Esse ícone, exposto hoje na Basílica de Santa Maria Maior, é uma imagem milagrosa que sempre esteve presente na vida do povo de Roma, sobretudo nos momentos de maior necessidade. Ninguém tinha permissão para copiá-lo; mas, com uma licença especial do Papa, o bem-aventurado Inácio de Azevedo conseguiu uma cópia, que trouxe consigo para o Brasil. Contam as testemunhas que estiveram presentes ao martírio que, antes de morrer, Inácio foi lançado ao mar agarrado a essa cópia. Sim, o bem-aventurado Inácio e seus companheiros mártires são verdadeiros santos. A própria Santa Teresa d’Ávila, a milhares de quilômetros dali, diz tê-los visto entrar no céu após o martírio. Foram grandes heróis, admitidos sem demora à glória de Deus.

Nisso vemos como é a presença de Nossa Senhora em nossas vidas. Quando se diz que o bem-aventurado Inácio tinha consigo um ícone milagroso, a maior parte das pessoas espera o quê? Que Nossa Senhora o livrasse do martírio. Afinal de contas, se Nossa Senhora faz milagres, por que não o salvou naquele momento dramático? Por que não fez um milagre, se o poderia fazer? A resposta é: Sim, ela poderia tê-lo feito. Deus poderia muito bem, pela intercessão de Maria, realizar um milagre prodigioso, e ninguém seria morto. No entanto, Ele às vezes permite certos males quando vê que, por ocasião deles, é possível tirar bens muito maiores. Ora, o derramamento de sangue do bem-aventurado Inácio e seus companheiros foi uma ocasião extraordinária para que se produzissem, entre muitos outros, ao menos dois grandes bens por intercessão de Maria, Medianeira de todas as graças. O primeiro foi uma grande glória para os bem-aventurados mártires. Não há dúvida de que Inácio de Azevedo e seus companheiros gozam hoje de grande glória no céu. Eis o bem maior que Nossa Senhora lhes procurou, não fazendo milagre algum. De fato, quem de nós, se pudesse escolher entre uma vida incólume na terra, mas pouca glória no céu, e uma vida de sofrimentos e martírio na terra, mas uma grande glória no céu, não ficaria com a última opção? Se temos verdadeira fé, sabemos que, quanto mais amarmos a Deus nesta vida, maior será a nossa glória no céu. Maria concedeu-lhes a graça do martírio, que não é uma graça pequena, porque as forças humanas, diante dos adversários que nos querem matar, têm a grande probabilidade de desfalecer, isto é, de nos levar a trair a Deus. No entanto, o bem-aventurado Inácio não o traiu, mas morreu heroicamente, confiante em Nossa Senhora. 

O segundo bem que Deus quis tirar desse martírio foi a evangelização do Brasil. Aqueles homens saíram da Europa para evangelizar este país e salvar nossas almas. Alguém poderia pensar: “Que pena! Não conseguiram o seu intento”, mas quem tem o olhar da fé pode retrucar: “Conseguiram, sim”. Por quê? Porque se hoje nós cremos, é porque a semente da fé foi regada pelo sangue de grandes mártires! Que a história do Brasil tenha começado com um santo martírio não é coisa de pouca importância. Embora eles tenham sido martirizados longe da costa brasileira, perto das Ilhas Canárias, não há dúvida de que o sangue deles, derramado no oceano, veio banhar nossas costas e praias, regando assim as sementes da fé. — Que a intercessão do bem-aventurado Inácio de Azevedo e seus companheiros mártires nos faça ter um amor devotíssimo à Virgem Maria, e que nós, agarrados à Nossa Senhora, como morreu o bem-aventurado Inácio, possamos um dia alcançar a graça de amar a Deus como o amaram os mártires e de entrar triunfantes na glória do céu.

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