Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 8, 11-13)
Naquele tempo, os fariseus vieram e começaram a discutir com Jesus. E, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal do céu. Mas Jesus deu um suspiro profundo e disse: “Por que esta gente pede um sinal? Em verdade vos digo, a esta gente não será dado nenhum sinal”. E, deixando-os, Jesus entrou de novo na barca e se dirigiu para a outra margem.
No Evangelho de hoje, os fariseus pedem a Jesus um sinal, isto é, um milagre, para que possam crer nele. Em realidade, o que querem os fariseus é impossível. De fato, a quem não quer ver a Verdade não é possível mostrá-la. Isso vale tanto para as verdades alcançáveis pela razão como para as conhecidas apenas sob a luz sobrenatural da fé. Os antigos já admitiam: se um homem não tiver virtude, ele não poderá ser filósofo. Por quê? Porque a verdade, uma vez achada, pode ser dolorosa: pode contradizer minha vida, pondo-a de cabeça para baixo ou do avesso, para o que é necessário ter muita virtude, virtude para mudar de mentalidade. Isso é básico e fundamental: a verdade, quando encontrada, deve ser obedecida, e o que é a obediência senão uma virtude? É a virtude do humilde, de quem aceita mudar, de quem se deixa modelar pelo que é certo. E isso, repita-se, vale tanto para as verdades sobrenaturais quanto para as naturais. Afinal, qualquer cientista que faça jus ao nome precisa estar disposto a “jogar fora” anos de pesquisa, caso descubra algum fato que contradiga suas teorias. Também é assim no campo da fé, no sentido de que a luz da fé só brilha para os corações abertos à Verdade primeira. Os fariseus pedem um sinal, Jesus “respira fundo”, como quem demonstra paciência e, ao mesmo tempo, decepção por ver desprovidos de virtude os que deveriam ser líderes religiosos do povo. O Senhor, então, manifesta como nossa incredulidade lhe fere o Coração. Ele põe o dedo na chaga, dizendo: “A esta gente não será dado nenhum sinal”, porque estão fechados à Verdade. Se não queremos encontrar a Verdade, não iremos aceitá-la, mesmo que ela esteja diante dos nossos olhos. Quanto às verdades de fé, a primeira coisa de que precisamos, bem concretamente, para a nossa vida espiritual é entender que, se queremos de fato viver a santa fé católica — a fé dos santos, da Igreja bimilenar, dos Apóstolos, a fé deixada por Cristo —, devemos estar dispostos a ter nossa vida virada do avesso, a aceitar aquilo que talvez contradiga anos de vida mal vivida. Se quisermos “comprovar” que aquela é a fé dos Apóstolos e dos santos, estejamos primeiro dispostos a mudar tudo e a tudo deixar para abraçar a Verdade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa disposição interior à humildade e à obediência é fundamental para quem quer crescer espiritualmente. Aqui nós vemos que a Palavra de Deus, ou seja, a Palavra encarnada, que é Jesus Cristo, é como a nuvem que guiava o povo eleito no deserto depois de sair do Egito. Para o povo de Deus que tinha fé, a nuvem era luminosa, para os egípcios porém, que estavam fechados e cheios de soberba, era tenebrosa. Assim é a Palavra de Deus, assim é Jesus para quem está disposto e aberto: uma palavra basta, e eis a salvação — “Dizei uma só palavra e eu serei salvo” —, mas, para quem está cheio de soberba, uma enciclopédia inteira não será suficiente para convencer daquilo que ele não quer ser convencido. É necessário, pois, uma atitude de fé com grande humildade e obediência!
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