O Sábado Santo, dia em que, de forma alitúrgica, se comemora o grande silêncio da sepultura de Cristo, dá-nos a oportunidade de meditar o mistério da fé em conexão com o papel desempenhado pela Virgem SS. na Páscoa de seu Filho. Pode-se dizer que, quando José de Arimatéia rolou a pedra à entrada do sepulcro em que se depositara Jesus (cf. Mt 27, 60), a chama da fé apagou-se da face da terra e passou a arder em um único coração, o Coração Imaculado de Maria. Prova disso é a prontidão com que as santas mulheres, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago (cf. Mt 27, 56), se dirigem ao sepulcro para terminar de ungir o sagrado corpo do Mestre, cujo funeral tinha sido interrompido pela obrigação do repouso sabático (cf. Lc 23, 56); pensam estas fiéis discípulas que Ele ainda se encontra ali, morto, impotente, ainda por embalsamar. Mas uma outra Maria, Mãe do Crucificado — Ela que esteve aos pés da Cruz até o último suspiro de Cristo —, sabia que Ele cumpriria fielmente o que tantas vezes predissera aos Apóstolos: o Filho do Homem ressuscitará ao terceiro dia (cf. Lc 9, 22).
Daí a serenidade confiante com que a Virgem SS. passa este dia de triste luto para os que têm uma fé morta, pois Ela sabe que seu Filho, Autor da vida, não permanecerá no túmulo por muito mais tempo. Na vigília que ainda hoje celebraremos, Ele irá ressurgir, vivo e glorioso. No Sábado Santo, com efeito, toda a Igreja de Cristo como que se reduz à figura de sua Mãe, a única que, mantendo viva a sua fé, jamais procuraria seu Filho entre os mortos. Peçamos, pois, a Deus, Nosso Senhor, que ao longo deste Ano Jubilar Mariano possamos receber um pouco dessa fé sublime que a Virgem pura alimentou enquanto aqui esteve. Que Ela, que agora reina ditosa sobre todas as criaturas, interceda por nós e nos alcance todas as graças de que precisamos para oferecer a Jesus um espírito cheio de fé e de esperança na vida interminável que o seu Sangue nos conquistou.
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