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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 16,20-23a)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Em verdade, em verdade vos digo: Vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria. A mulher, quando deve dar à luz, fica angustiada porque chegou a sua hora; mas, depois que a criança nasceu, ela já não se lembra dos sofrimentos, por causa da alegria de um homem ter vindo ao mundo. Também vós agora sentis tristeza, mas eu hei de ver-vos novamente e o vosso coração se alegrará, e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria. Naquele dia, não me perguntareis mais nada”.

Estamos no primeiro dia da novena de Pentecostes. Jesus, no Evangelho de hoje, nos fala de uma realidade de dupla face que é o mistério pascal, tristeza e alegria, morte e ressurreição. A dinâmica dessa passagem da morte para a ressurreição não é opcional, não é algo que possamos escolher. Se você quer nascer de novo e ser verdadeiramente filho de Deus, algo precisa morrer em sua vida.

É aí que somos chamados a mergulhar na realidade de Cristo, que morre e ressuscita. Jesus está na Última Ceia falando da tristeza dos Apóstolos, e a tristeza se dá quando perdemos o que amamos. Os Santos Padres nos recordam que Deus nos deu a tristeza como um presente porque sabia que o homem podia pecar, de forma que, tendo perdido a Deus com o pecado, o homem pudesse, na tristeza, cair em si e retornar para a casa do Pai.

Os Apóstolos irão perder Jesus, porque Ele vai morrer. Eles ficam todos entristecidos porque perderão aquele a quem amam, mas Jesus promete: “A vossa tristeza se converterá em alegria”, e usa uma comparação extraordinária para explicar a dinâmica do mistério pascal. É a comparação de uma mulher no parto.

Nós, infelizmente, vivemos numa sociedade em que muitas vezes as mulheres preferem o parto cesáreo, indolor. Com isso vamos perdendo contato com uma realidade tão natural e tão bela: a mulher e a criança sofrem, mas logo em seguida o sofrimento se transforma em alegria.

Nós também somos chamados a viver dores de parto no nascimento do homem novo dentro de nós. Ora, é exatamente essa dinâmica de evitar o parto natural e recorrer ao cesáreo, indolor, analgésico, que muita gente quer transpor para a vida espiritual, como se fosse possível viver no Espírito Santo, isto é, uma vida movida pelo Espírito Santo, sem passar antes por dores de parto, matando em nós o homem velho.

Meus queridos, não haverá vida no Espírito Santo feita somente de alegrias. Isso é impossível. Faz parte de uma dinâmica querida por Deus, porque Ele, que nos criou sem pedir nossa opinião, não quer salvar-nos sem nossa colaboração. Sim, Deus quer matar o homem velho e egoísta que está dentro de cada um de nós; mas Ele não fará isso sem que eu de fato abrace a cruz e queira entrar pelo caminho difícil, porém cheio de alegria e esperança.

Mas não estamos sozinhos. Cristo está conosco. Estamos verdadeiramente junto com Ele, e o Espírito Santo nos dará força porque, movidos pelo Espírito, daremos morte ao homem velho para viver a vida nova.

Uma vez que você, nessas dores do parto, for conduzido para a vida nova, deverá, como toda criança, chorar e gritar. Esse é o grito de nascimento do novo cristão, do novo filho de Deus. É São Paulo quem nos recorda na Carta aos Gálatas: “Abá, Pai” (Gl 4,6), eis o novo grito. Não temos um espírito de escravos, mas o Espírito de filhos, por isso clamamos: “Abá, Pai”.

Seremos filhos no Filho Jesus, e o Espírito Santo nos dará vida nova. Portanto, coragem! Nossa tristeza se transformará em alegria!

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