Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 13, 18-23)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Ouvi a parábola do semeador: Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho.
A semente que caiu em terreno pedregoso é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria; mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega o sofrimento ou a perseguição, por causa da palavra, ele desiste logo.
A semente que caiu no meio dos espinhos é aquele que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele não dá fruto.
A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem outro sessenta e outro trinta".
Jesus, que ontem falava às multidões incrédulas sob o véu das parábolas, dirige-se hoje aberta e claramente aos discípulos fiéis e explica-lhes o sentido da parábola do semeador (cf. Mc 4, 1-20; Lc 8, 4-15). Os vários tipos de terreno em que pode cair a semente da palavra do Reino correspondem às diversas etapas por que temos de passar em nossa caminhada espiritual. O que recebe a semente à beira do caminho assemelha-se à alma que, embora tenha ouvido a palavra, não quis meditá-la, que crê sem ter vida de oração. É por isto que o Maligno, simbolizado pelos pássaros e aves do céu (cf. Mt 13, 4; Mc 4, 4; Lc 8, 5), vem e arranca sem dificuldade o que nela foi semeado. O terreno pedregoso representa os que, tendo acolhido com alegria a palavra ouvida, buscam a Cristo na intimidade da oração; mas, por não terem raízes, isto é, por não terem verdadeira perseverança, deixam-se levar pelos ventos de um entusiasmo passageiro e, inconstantes, sucumbem na primeira provação. Neles, a semente chega a brotar; logo, porém, que o sol nasce, queima-se e morre. "O terreno que recebeu a semente entre os espinhos", diz o Senhor, "representa aquele que ouviu bem a palavra" e, já um pouco provado na vida interior, ainda tem de lutar contra os espinhos das distrações e dos cuidados mundanos, que tornam infrutíferos os nossos momentos de oração. A estes, é necessário a lembrança da constante presença de Cristo, nosso único amor, nossa única luz, abismo de virtudes e desejo das colinas eternas. Se perseverarem, tomada de assalto a vida espiritual, tornar-se-ão terra boa, em que a palavra é semeada e produz fruto: "cem por um, sessenta por um, trinta por um", conforme as disposições de cada alma e o beneplácito de Deus. Roguemos, pois, a Nosso Senhor que nos dê hoje, pelas mãos de Maria SS., constância na vida interior e a graça de crescermos cada dia mais na fé, na esperança e na caridade.
O que achou desse conteúdo?