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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 18,1-5.10.12-14)

Naquele tempo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles e disse: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, este é o maior do Reino dos Céus. E quem recebe em meu nome uma criança como esta é a mim que recebe.

Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus. Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas, e uma delas se perde, não deixa ele as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se perdeu? Em verdade vos digo, se ele a encontrar, ficará mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam. Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos”.

“Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus”. Eis aí um caminho para a santificação, tornar-se como criança. Deus, na sua Providência e na sua bondade, quis ensinar essa verdade especialíssima a uma santa, uma grande santa, Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Mas essa verdade, que é tão característica de Santa Teresinha, na realidade é uma verdade universal. É por isso que a Igreja declarou Santa Teresinha do Menino Jesus Doutor da Igreja. Por quê? Porque os santos recebem o doutorado quando ensinam à Igreja o Evangelho, que é para todos, a partir de intuições que lhes são próprias, mas que servem para todos os cristãos.

Lendo e preparando essa homilia, veio-me a inspiração de procurar no dia de hoje, dia 9 de agosto, o que Santa Teresinha estava vivendo na enfermaria, ela, que nesta data tinha ainda menos de um mês de vida. Abri então o Caderno Amarelo, onde constam as anotações da Madre Inês. Ela tem uma palavra para comentar o Evangelho. Diz assim: “Não, não sou santa” — as irmãs estavam comentando que ela já era santa e que ia morrer como santa —, e ela diz: “Não sou santa, nunca pratiquei as ações dos santos; sou uma alma muito pequena, que o bom Deus cumulou de graças, e é isso o que eu sou, uma alma pequena que o bom Deus cumulou de graças. O que eu digo é verdade, e vocês o verão no Céu”. Essa pequena anotação de Madre Inês, com as palavras saídas da boca de Santa Teresinha, iluminam de forma fantástica o Evangelho de hoje.

O que é ser criança para entrar no reino dos Céus? É ser pequeno diante de Deus. A humildade! “Se não vos humilhardes como essas crianças…”. A palavra grega que está no original é ταπεινός (tapeinos), “humilde”. Se não fizermos isso, não entraremos no Reino dos Céus. Então, a primeira coisa é a nossa pequenez diante de Deus. Mas não somente a humilhação; há uma outra coisa: a confiança, pela qual nos jogamos nos braços de Deus para que Ele realize dentro de nós, através de sua graça, uma verdadeira transformação. Santa Teresinha diz: “Eu não sou santa, eu sou uma pequena alma onde Deus, na sua bondade, fez a transformação através de sua graça”. Deus derramou as suas graças, dando início assim a um caminho de santificação.

De forma bem concreta, precisamos entender que a nossa vida é cheia de pequenas provações que, às vezes, parecem muito pesadas. Santa Teresinha viveu isso na sua vida no Carmelo, doando-se nas pequenas coisas. Essa foi a sua pequena via. Nessa doação de um amor escondido por Cristo, as paixões desordenadas vão sendo massacradas, e o homem velho e egoísta vai sendo destruído, de modo que vai nascendo a pequenez de uma criança, necessária para entrar no Reino dos Céus.

Todos passamos por contrariedades. Não precisamos necessariamente enfrentar um grande martírio, para nos unir a Cristo. Basta aquela pequena tortura, aquele espinho na carne que está em nosso dia a dia e que nos humilha constantemente.

Pois bem, deixe-se humilhar por esses pequenos espinhos, deixe que morra o grande homem e a grande mulher que estavam dentro de você; e assuma a pequenez de alma. Assim, a graça de Deus fará o processo de transformar você num grande santo.

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