Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 12,35-37)
Naquele tempo, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Como é que os mestres da Lei dizem que o Messias é Filho de Davi? O próprio Davi, movido pelo Espírito Santo, falou: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: senta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos debaixo dos teus pés’. Portanto, o próprio Davi chama o Messias de Senhor. Como é que ele pode então ser seu filho?” E uma grande multidão o escutava com prazer.
Celebramos hoje a Memória de São José de Anchieta, apóstolo do Brasil. Queremos recordar esse homem extraordinário, que não soube medir esforços para levar a vida eterna aos índios, habitantes de terras distantes.
José nasceu nas Canárias e foi educado em Portugal; na Faculdade de Coimbra, conheceu os jesuítas. Sempre foi de saúde frágil e veio ainda seminarista para o Brasil. Ele sofria de “arca caída” — era o diagnóstico médico da época —, isso quer dizer que ele sempre foi um pouco corcunda. Mesmo assim, palmilhou esta terra, com esforço heróico, a pé.
Ele verdadeiramente percorreu o Brasil conhecido daquela época e fez um esforço de inculturação tal, que, aprendendo a língua dos nativos, foi o primeiro a escrever uma gramática tupi. Escrevia peças de teatro em tupi, espanhol e português, falando um pouco do que eram os idiomas da época, exatamente para que acontecesse, na prática, aquilo que se fala em Pentecostes: São Pedro pregava o Evangelho, e cada um o entendia na sua língua.
São José de Anchieta não teve medo de falar o mesmo Evangelho de Cristo, o inalterável Evangelho de Cristo, o tesouro do Evangelho de Cristo, adaptando de forma que as pessoas o pudessem compreender.
É importante para nós, que estamos numa época em que se fala tanto em inculturação, entender que inculturação significa processo encarnatório. Assim como Deus veio ao mundo e falou a nossa língua, todo missionário, de alguma forma, também precisa se fazer tudo para todos, como São Paulo nos diz e como o fez Anchieta, que se fez tudo para todos e se desdobrou de tal forma, que falava a única língua que era entendida por todos, a língua da caridade, a língua do amor, a língua de quem derrama o seu sangue para levar as pessoas para o Céu.
Essa é a verdadeira inculturação, sem alterar a doutrina, sem alterar o catecismo. O catecismo que São José de Anchieta pregava aos indígenas, 500 anos atrás, serve ainda hoje para nós, porque é a mesma fé, a fé apostólica, a fé de sempre. Esse homem, apóstolo do Brasil, se entregou e saiu de suas terras, porque acreditava numa coisa. Ele acreditava que esses pobres homens e mulheres, se morressem longe do conhecimento do Evangelho, da Cruz de Cristo e do Batismo, se perderiam no inferno.
Nossa Senhora de Fátima mostrou aos pastorinhos uma visão do inferno. Ela disse: “Viste o inferno, para onde irão os pecadores. É para que essas almas sejam salvas que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”.
São José de Anchieta, creio que mais do que qualquer pessoa na história da Igreja, foi verdadeiramente o cantor da Virgem Maria. O poema que ele compôs em homenagem à bem-aventurada Virgem Maria é o maior e o mais longo poema em língua latina dedicado à Virgem Maria; nesse sentido, ninguém fez mais do que ele. Então, estabelecendo a devoção à Virgem Maria em nossas terras, ele sabia o que era preciso para arrancar os pecadores do fogo eterno.
Vamos, pois, neste tempo depois de Pentecostes, pedir a Deus que continue mantendo a chama do Espírito Santo no nosso coração, como ardia no Coração Imaculado de Maria. Façamos como o apóstolo José de Anchieta, e estabeleçamos a devoção à Virgem Maria, a fim de arrancarmos os pecadores do inferno e sermos verdadeiros missionários. Façamo-nos tudo para todos. Que as pessoas conheçam a verdade do Evangelho e o amor com que Deus nos amou deixando-nos esse grande presente, a Santíssima Virgem.
Que São José de Anchieta reze pelo Brasil e nos conceda a graça de sermos sempre terra da bem-aventurada Virgem Maria.
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