Visto no episódio anterior qual é a matéria do sacramento da Penitência, cumpre agora ver quais são os passos que o penitente deve dar para apresentá-la válida e frutuosamente ao sacerdote. Ora, se o fiel deve confessar seus pecados, é necessário antes de tudo identificar como ou em que ofendeu a Deus, o que se faz, de ordinário, por um exame de consciência prévio à Confissão.
Trata-se de um meio, senão estritamente obrigatório, ao menos necessário à integridade do sacramento na maioria dos casos. De fato, os fiéis piedosos que se confessam com regularidade e, geralmente, apenas de pecados veniais não estão, a rigor, obrigados a fazer exame, bastando-lhes apresentar alguma matéria certa e suficiente. A razão é que o hábito de confessar-se bem tende a tornar desnecessário examinar a própria consciência, cada vez mais sensível e capaz de reconhecer sem grandes apurações se é ou não culpada de falta grave [1].
No entanto, o exame de consciência é imprescindível para os fiéis que nunca se confessaram e para os que se confessam muito de vez em quando [2]. No primeiro caso, o exame é ainda mais imperioso, pela grande probabilidade — para não dizer certeza, ao menos moral — de terem estes fiéis caído não uma, mas várias vezes em pecado grave ao longo da vida. A eles, portanto, se impõe o dever de um diligente exame de consciência, enquanto meio sem o qual dificilmente poderiam receber a absolvição, não já com fruto, mas nem sequer validamente.
Examinem-se, pois, de preferência com a ajuda de algum roteiro razoavelmente completo, quanto aos preceitos de Deus e da Igreja, cujo descumprimento deliberado constitui sempre pecado mortal, aos vícios capitais e, enfim, às obrigações do próprio estado de vida.
É ocioso lembrar que a diligência com que se deve fazer o exame não é a mesma para todos indistintamente [3]. Assim, com efeito, um é o cuidado que se espera do fiel rude e ignorante, outro o do fiel instruído e bem formado; menos se exige de quem se confessou há um mês que de quem se confessou há um ano; maior aplicação deve ter o fiel mais exposto ao perigo de pecar que o fiel de vida mais pura e distante do pecado, pelo menos dos mais grosseiros, etc. Em geral, aos fiéis que se confessam regularmente e buscam ter vida honesta é suficiente um breve exame daqueles pecados em que, pela experiência de confissões passadas, sabem cair com mais frequência [4].
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