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Qual é a matéria do sacramento da Confissão?

Todo sacramento possui uma matéria, elementos que tornam possível a sua celebração e dos quais depende a sua própria validade. A matéria do Batismo, por exemplo, é a água; a da Eucaristia, o pão e o vinho... Mas e quanto à Confissão, em que não se percebe nenhum sinal material visível, onde está a sua matéria?

Texto do episódio
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Todo sacramento possui uma matéria, isto é, elementos que o tornam possível de ser celebrado. A matéria do batismo, por exemplo, é a água; a matéria da Eucaristia são o pão e o vinho. Isso nos parece claro. Mas tratando-se do sacramento da confissão, no qual não existe nenhum sinal material visível, onde está a matéria? A princípio, para que possamos responder a essa dúvida, precisamos fazer uma breve distinção entre as chamadas matéria remota e matéria próxima. A matéria remota diz respeito a todo e qualquer pecado cometido após o batismo. A confissão só pode ser realizada mediante a apresentação de um pecado cometido após o batismo, ainda que não seja um pecado grave. A matéria próxima, por sua vez, está relacionada aos atos do penitente. Diz o Catecismo da Igreja Católica:

«Poenitentia cogit peccatorem omnia libenter sufferre; in corde eius contritio, in ore confessio, in opere tota humilitas vel fructifera satisfactio – A penitência leva o pecador a tudo suportar de bom grado: no coração, a contrição; na boca, a confissão; nas obras, toda a humildade e frutuosa satisfação»

Temos então três atos: a contrição, a confissão e a satisfação (ou obras, na linguagem do Catecismo). A contrição nada mais é do que "uma dor da alma e uma detestação do pecado cometido, com o propósito de não mais pecar no futuro" (Cf. CIC, n. 1451). Sem o arrependimento do penitente, não se pode conceder a absolvição, uma vez que inexiste a matéria. Precisamente por isso que não é possível confessar um pecado do futuro, ou seja, pedir perdão antecipadamente por um roubo premeditado para o próximo mês. A dor, portanto, é necessária. Porém, não se deve confundir essa dor com um sentimento. O significado aqui é outro. Consiste num repúdio ao ato cometido e num firme propósito de não mais pecar – o que chamamos de contrição perfeita01.

A confissão, evidentemente, é a exteriorização dos próprios pecados. Os penitentes têm a obrigação de se acusarem perante o sacerdote, enumerando "todos os pecados mortais de que têm consciência" (Cf. CIC, n. 1456). Isso porque tanto a confissão quanto a contrição fazem parte da matéria essencial do sacramento. A satisfação, por outro lado, é o que o torna integral, completo. Isso quer dizer que para a realização do sacramento da penitência se deve obrigatoriamente existir a contrição e a confissão. Basicamente, podemos dizer que a matéria próxima do sacramento é uma confissão dolorosa. Essa é a essência do que se precisa apresentar para Deus na pessoa do confessor. Mas, repita-se, não se trata de uma dor sentimental.

A satisfação, por sua vez, visa a reparação do mal cometido. Não é parte essencial do sacramento, mas integra todo o corpo. Que quer dizer? Explicamos: os braços do homem fazem parte de um organismo completo; todavia, se por alguma fatalidade esses braços forem cortados, o indivíduo não deixará de pertencer ao gênero humano por isso. De igual modo, se um padre deixa de impor alguma penitência, esta confissão não deixa de ser válida, embora não possa ser dita íntegra.

Finalmente, quando não se tem certeza sobre a existência ou não do pecado, o penitente deve necessariamente apresentar alguma falta antiga, mesmo que já a tenha confessado, para que a confissão se torne válida. Isso porque a confissão de um ato qualquer sobre o qual não se assegura a consumação do pecado não constitui matéria para o sacramento. Um rapaz que não sabe se consentiu ou não na moção de desejar a mulher do vizinho não pode confessar apenas essa dúvida. Uma pessoa de elevado grau de santidade deve confessar outras faltas se quiser frequentar o sacramento da reconciliação.

E isso é permitido porque o mais importante na confissão é o aumento da graça santificante. Quando nos confessamos recebemos a graça de Deus em nosso coração, que, por sua vez, nos livra das feridas do pecado. Guardado o devido juízo – uma vez que se deve zelar para que não haja escrúpulo por trás dessa motivação –, repetir, pois, um pecado já confessado pode ser uma atitude de piedade para com Deus.

A razão da confissão não é outra senão o aumento de nossa santidade.

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