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Texto do episódio
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Entre os pecados capitais, costuma enumerar-se em último lugar a preguiça, tão detestada nas empresas e tão ausente, como se já não existisse, de nossas pregações e catequeses. Mas o fato de a preguiça ser um dos pecados capitais não implica que ela seja sempre e necessariamente um pecado grave. O que tampouco nos deve fazer pensar que ela é sempre e necessariamente um pecado venial. Como entender essa aparente “ambivalência” da gravidade moral da preguiça?

Vejamos antes em que ela consiste. A preguiça, em termos gerais, é uma forma de tédio ou aborrecimento pela ação, que se traduz em certa aflição pelo trabalho, seja físico ou espiritual, o que leva ora à inação, ora ao cumprimento imperfeito e desgostoso do próprio dever. S. Tomás a define, em termos mais precisos, como “certa tristeza que deixa o homem tardo”, isto é, indolente e frouxo “para os atos espirituais por causa do trabalho corporal”, ou seja, do esforço ou dificuldade que eles muitas vezes exigem (STh I 63, 2 ad 2). A preguiça referida aos bens espirituais recebe também o nome de acídia.

Ora, essa frouxidão em que a acídia consiste pode ser genérica, quando se trata do tédio ou torpor de ânimo para o exercício das virtudes, por ser trabalhoso e, às vezes, incômodo; ou específica, quando se trata do tédio ou desgosto pela própria amizade de Deus, que não pode obter-se nem se conservar senão pelo exercício das virtudes e a custódia da graça habitual. É por isso que, em outros lugares de sua obra, S. Tomás caracteriza a acídia como uma “tristeza pelo bem espiritual, enquanto é um bem divino” (STh II-II 35, 3 c.) e, em casos mais extremos, como verdadeira abominação “pelo bem espiritual e divino” (De malo 11, 2 c.).

Daí se vê que a acídia versa ou sobre um ato concreto e pontual (v.gr., a récita do Terço) ou sobre certos tipos de atos (v.gr., os deveres de religião), pelos quais se sente certa tristeza por causa do esforço que normalmente exigem. Por essa razão, ensinam os moralistas que a acídia chamada genérica não é um pecado particular distinto daquele que, por preguiça, se comete pela transgressão de um preceito ou a omissão de um ato. Por quê? Porque a preguiça, enquanto pecado capital, é um vício, e todo vício é parasitário do bem ou da virtude a que se opõe (cf. STh II-II 35, 2).

Portanto, a preguiça será grave ou leve, isto é, será mortal ou venial em função do pecado que ela leva a cometer. Assim, será venial a transgressão, por preguiça, de um preceito ou voto que em si mesmos não obrigam gravemente (v.gr., o propósito pessoal de rezar o Terço), mas será grave se a omissão voluntária referir-se a um preceito ou voto que, sim, obrigam sub gravi (v.gr., o dever de assistir à Missa dominical inteira ou, no caso dos clérigos, de rezar o Ofício divino).

A preguiça específica, por outro lado, é em si mesma (ex genere suo) pecado mortal, na medida em que “repugna à caridade divina, destruindo-a quer pela omissão de bens espirituais necessários” (v.gr., o abandono completo da vida sacramental), “quer arrefecendo-a pela displicência nas obras de devoção e virtude não prescritas” (v.gr., o abandono completo da vida de oração). Assim, por exemplo, peca mortalmente por preguiça quem de fato se entristece pela bem-aventurança sobrenatural (o que pode levar ao gravíssimo pecado de desespero), mas venialmente quem afrouxa, por certa aflição e tibieza, suas práticas devocionais de costume (o que, não raro, gera rancor pelos que nos tentam estimular na vida espiritual).

Vale notar que, se o modelo de preguiçoso espiritual, que desperdiça o tempo e os dons de Deus, é o servo negligente da parábola dos talentos (cf. Mt 25, 14-30), existe nos nossos tempos uma nova espécie de preguiçoso, que se esconde atrás da fachada de “ativismo” e “engajamento”. É o homem que se abarrota de trabalhos, para não ter de pensar na própria alma. É o cristão que se enxovalha de apostolados, metendo-se em todas as pastorais, sem o menor cuidado pela própria saúde espiritual. É, enfim, a maneira que encontrou o homem moderno de encobrir, sob o nome de “proativo”, essa radical tristeza pelos bens divinos que tem, como uma de suas filhas, a divagação (evagatio mentis), graças à qual o homem se deixa arrastar pelos bens exteriores em detrimento dos que realmente importam: “Marta, Marta! Uma só coisa é necessária” (cf. Lc 10, 38-42).

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