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Católicos podem fazer tatuagens?

O tema nunca sai de moda e convém sempre trazê-lo outra vez à tona: o que pensar das tatuagens? Trata-se, no fim das contas, de algo realmente imoral, contrário à doutrina católica? Neste vídeo, Pe. Paulo Ricardo aborda mais uma vez o problema e dá orientações preciosas para quem anda pensando em fazer uma tatuagem.

Texto do episódio
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Em uma Resposta Católica publicada tempos atrás em nossa página, dissemos que a tatuagem, considerada em si mesma, não constitui por si só um pecado; mas ela pode, sim, tornar-se pecaminosa e imoral em função de algumas circunstâncias ou fatores extrínsecos como, por exemplo, o tipo de figura gravado no corpo. Há quem opine, no entanto, que as Escrituras desmentem este posicionamento e consideram que é sempre pecado tatuar-se.

Prova disso poder-se-ia encontrar em Lv 19, 28, onde se lê o seguinte: “Não fareis incisões na vossa carne por um morto, nem fareis figura alguma no vosso corpo. Eu sou o Senhor”.

O contexto desse versículo, porém, longe de enfraquecê-los, vem reforçar os argumentos que defendemos quanto à moralidade da tatuagem. Com efeito, esse trecho do Levítico, inserido numa série de regras morais e religiosas próprias do povo judeu, refere-se a certas práticas supersticiosas muitos frequentes no Oriente antigo, tais como incisões na carne e tatuagens feitas em culto aos mortos e a deuses falsos.

A proibição, portanto, não se dirige à tatuagem em si, mas ao seu uso como sinal de culto a uma divindade falsa (cf., por exemplo, Is 44, 5; Ap 13, 16s). Não custa lembrar que a tatuagem, em muitas culturas antigas, significava a relação de dependência e sujeição de um escravo a seu proprietário e, por extensão, de um “fiel” ao seu ídolo.

O versículo anterior a esse, aliás, proíbe que os israelitas cortem “o cabelo em redondo” e “reparem a barba pelos lados” (Lv 19, 27; cf. 10, 6; 21, 16; Ez 44, 20), como era costume, com propósitos idolátricos e supersticiosos, de alguns povos pagãos da época (cf. Jr 9, 25; 25, 23; 49, 32). Mas quem pretenderia afirmar, apoiado nesse trecho, que cortar barba e cabelo seja, em si mesmo, uma prática imoral e expressamente proibida pela Bíblia? Se voltarmos uns versículos mais, veremos que se interdita também o uso de “roupas tecidas de duas espécies de fios” (Lv 19, 19). Trata-se aqui, como é óbvio, de um preceito cerimonial hebraico — abolido no Novo Testamento — que, como prescrição legal, a nada nos obriga, embora o motivo que lhe dava fundamento (os cultos pagãos) existe, de certo modo, ainda hoje: a neo-paganismo da cultura moderna e anti-cristã.

Mas ainda que a autoridade das Escrituras não possa ser aduzida, como argumento positivo, para condenar a tatuagem, a decisão de fazê-la deve ser sempre precedida de uma reflexão serena e prudente, que avalie se há causa proporcionada e grave que a justifique. Tatuar-se é como vestir-se para o resto da vida com um único e mesmo traje. Por isso, não é de estranhar que muitas pessoas, tendo-se tatuado na juventude, arrependam-se anos depois do que fizeram com o próprio corpo, cujo valor inestimável não deve ser malbaratado por causa de um desejo vão, passageiro como as fases da vida.

Mas, se depois da oportuna reflexão, tendo rezado e analisado as próprias motivações, e se forem estas proporcionadas, o adulto efetivamente quiser tatuar-se, será preciso levar em conta dois pontos importantes que podem influenciar a moralidade da tatuagem: a) em primeiro lugar, o tipo de imagem; b) em segundo, a sua extensão.

Quanto ao primeiro, é mais do que claro que não se pode, sob hipótese nenhuma, gravar o corpo com imagens anticristãs, com símbolos satânicos ou signos associados, de um modo ou de outro, a seitas e grupos ocultistas. Tampouco se devem tatuar imagens de corte sincretista ou cujo significado, por estar em outra língua, por exemplo, se ignore.

Quanto ao segundo, convém recordar que uma tatuagem demasiado extensa, que cubra parte significativa do corpo, constitui um evidente atentado à virtude da temperança. Também não se deveria tatuar uma parte muito visível, como o rosto, cuja função principal é ser expressão dos sentimentos da alma.

Mais do que perguntar-se, porém, se a tatuagem é moral ou imoral, oportuna ou inoportuna, o cristão deveria colocar-se sempre diante de Deus, que nos chamou à altíssima vocação da santidade, e considerar com franqueza se a tatuagem será efetivamente um meio de o agradarmos e glorificarmos, ou um simples pretexto para satisfazermos nossos caprichos e vaidades.

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