Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 11, 42-46)
Naquele tempo, disse o Senhor: “Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus. Vós deveríeis praticar isso, sem deixar de lado aquilo. Ai de vós, fariseus, porque gostais do lugar de honra nas sinagogas, e de serdes cumprimentados nas praças públicas. Ai de vós, porque sois como túmulos que não se veem, sobre os quais os homens andam sem saber”. Um mestre da Lei tomou a palavra e disse: “Mestre, falando assim, insultas-nos também a nós!”. Jesus respondeu: “Ai de vós também, mestres da Lei, porque colocais sobre os homens cargas insuportáveis, e vós mesmos não tocais nessas cargas, nem com um só dedo”.
Celebramos hoje, com muita alegria, a memória de Santa Teresa de Jesus, virgem e doutora da Igreja. O que podemos aprender desta sábia mulher? Como todos os doutores da Igreja, poderíamos citar uma enciclopédia de fatos extraordinários relacionados a ela, mas aprofundemo-nos neste dia em um pequeno ponto que mostrará a pessoa fantástica que era Santa Teresa de Jesus.
Santa Teresa vivia numa época em que as carmelitas não sabiam rezar bem. Claro, elas realizavam os seus ofícios comuns, assistiam às Missas, faziam orações com devoção, mas não sabiam rezar da forma frutuosa que Teresa, posteriormente, iria ensinar.
E o que é a oração de acordo com a doutrina espiritual dessa santa? “É um relacionamento de amizade com alguém que nós sabemos que nos ama”. Nesse sentido, vemos o grande legado de Teresa como mestra da oração. Ela entrou em um carmelo que não era de muita oração, e Deus, na sua Providência, permitiu que ela ficasse doente. Nesse período, ela recebeu um livro — “Terceiro abecedário”, de Francisco Osuna — e, aos poucos, aprendeu a se recolher e a rezar, crescendo cada vez mais na vida de oração e de amizade com Jesus. Apesar disso, foram necessários 20 anos para Teresa conseguir passar pela porta estreita das pessoas que alcançaram um progresso maior na vida de oração e que, portanto, já possuíam um certo grau de santidade. Ela, então, começou a dar passos de gigante, progredindo tanto no amor e na oração que atingiu a Sétima Morada.
A partir desse momento, Santa Teresa recebeu o mandato de escrever sobre a oração, mas ela não sabia o que fazer, pois já tinha escrito tanta coisa. Contudo, num domingo da Santíssima Trindade, ela teve uma bela visão, a visão da alma, e ficou claro para ela todo o itinerário de oração que havia feito: desde o instante em que começou a amadurecer no amor e na caridade até, finalmente, chegar ao matrimônio espiritual com Jesus.
Ao chegar nessa perfeita união, Santa Teresa pôde nos ensinar sobre a oração como uma verdadeira mestra, que realmente experimentou um caminho difícil, mas frutuoso. Com muita excelência, ela nos explicou a essência do cristianismo: um relacionamento de amizade e amor com Cristo, que, no entanto, não provém do nosso esforço humano. Não adianta ficarmos açoitando nossa carne ou fazendo torturas à nossa “psiquê”: antes, é preciso a graça de Deus, que é alcançada somente na vida de oração.
É impressionante que, ao mesmo tempo em que Teresa descobre essa vida maravilhosa de amizade com Jesus que a mudou inteiramente, do outro lado da Europa Lutero faz o contrário: ele deixa de crer na transformação espiritual, na verdadeira santidade e na verdadeira união esponsal com Cristo, fazendo do cristianismo uma coisa vazia e dizendo que todos nós seremos salvos, quase que por “decreto” divino — ou seja, mesmo que não tenhamos fé, Deus atribuirá a nós uma santidade que não temos e fará parecer que somos santos, deixando-nos entrar no Céu.
Aqui, vemos o quanto Santa Teresa foi importantíssima nesse momento oportuno em que a Europa e o mundo inteiro precisavam de alguém que ensinasse a verdadeira santidade. Não deixemos, portanto, de crer no amor, e honremos o legado dessa grande santa, realizando atos de fé e de amor na vida de oração para que nos transformemos por completo e tenhamos um coração abrasado de amor por Cristo, assim como ela teve.




























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