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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 7, 31-37)

Naquele tempo, Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!” Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade.

Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”.

Com grande alegria, celebramos hoje a memória da aparição da Virgem Santíssima em Lourdes, na França. O bem-aventurado Papa Pio IX tinha acabado de proclamar a Imaculada Conceição, e os Céus, confirmando o dogma, mandaram a própria Mãe de Deus aparecer em uma pobre gruta, que antes fora usada para guardar porcos, a uma pobre pastorinha: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

A mensagem de Lourdes é muito simples. Enquanto as outras aparições de Nossa Senhora trazem mensagens mais difíceis de interpretar ou, por assim dizer, um pouco inalcançáveis para as pessoas, a de Lourdes é um acontecimento para os humildes: Nossa Senhora aparece à pequena Bernadette Soubirous e diz: “Eu não te prometo felicidade aqui na Terra, mas irei te dar a felicidade no céu”.

Essa promessa de Nossa Senhora é quase redundante, “supérflua”. Por quê? Porque a própria Bernadette dizia: “Uma vez que se viu Nossa Senhora, não há mais nada que atraia aqui na Terra. A única coisa que se quer é morrer para poder vê-la de novo no céu”. Ou seja: no céu, temos aquilo que nos dará plena felicidade. Nós, que não recebemos a graça de ver Nossa Senhora, podemos no entanto viver esse mistério na fé, sabendo, pelo testemunho dos santos e pelo que o próprio Cristo nos disse, que Deus prometeu preparar-nos um lugar, isto é, a felicidade eterna: “Vinde, eleitos, para a felicidade”!

Nós sabemos, pela fé, que será assim; portanto, não devemos deixar-nos seduzir pelas belezas deste mundo, tão passageiras e caducas. Nossa Senhora veio nos visitar e trazer a beleza do céu. Ela não teve “nojo” de vir entre nós, pecadores que somos. Ela veio a uma velha gruta, a um lugar onde antes se apascentavam porcos, à nossa sujeira, para fazer brotar água límpida e cristalina, como se dissesse: “Vede: no meio da sujeira, surge a água límpida do Batismo”, o sacramento que nos abre a porta do céu.

Vivamos concretamente a vida da Igreja, a vida, antes de tudo, dos sacramentos, renovando nossas promessas batismais, confessando-nos direito, comungando bem. Por meio disso, mantenhamos sempre os olhos voltados para o céu. Uma das coisas que mais desanimam as pessoas que estão na caminhada da fé e têm vida sacramental regular é exatamente o fato de, em meio às dificuldades deste mundo, acabarem se distraindo e esquecendo do céu. Sim, é preciso sempre, no confessionário, na direção espiritual, nas pregações etc., recordar-se e recordar-se, quase “a marteladas”, do céu!

Celebrar a grande aparição de Nossa Senhora em Lourdes é recordar a felicidade do céu: a Virgem Maria, a Imaculada, veio visitar-nos! Enchamos pois o coração de esperança celeste! Não tem sido boa nossa vida aqui embaixo, com tantas dificuldades? Temos reveses? A cruz está pesando? Então não há problema: Nossa Senhora está conosco! Corações ao alto, voltados para o céu, cantando com alegria: “Com minha Mãe estarei na santa glória um dia: no céu triunfarei”!

* * *

V. 31. E, saindo do território de Tiro, foi novamente por Sidônia ao mar da Galileia, i.e. ao deixar a região de Tiro, partiu em sentido norte, ladeando o Mediterrâneo, até atravessar o rio Litani e chegar à Sidônia (hoje Saida); daí, passando ao largo do Líbano e do Antilíbano, desceu rumo à Decápole, onde realizou o seguinte milagre:

V. 32. Trouxeram-lhe um surdo-mudo (μογιλάλον, um bleso, de língua presa, cf. v. 35) e suplicavam-lhe que lhe impusesse a mão. Naquela região, com efeito, se espalhara a fama de Cristo tanto pela divulgação dos milagres quanto, sobretudo, pela pregação do obsesso lunático a quem o Senhor libertara havia pouco (cf. Mc 5,20).

V. 33. Então Jesus, tomando-o à parte dentre a multidão, ou seja, pelo mesmo motivo que dantes, v. 36, ordenou aos circunstantes que não dissessem nada a ninguém, meteu-lhe os dedos nos ouvidos, i.e. um dedo em cada ouvido, e cuspindo tocou com os dedos cheios de saliva a sua língua. Ambos os gestos são adequados à situação, pois os surdos parecem ter os ouvidos fechados e obstruídos, enquanto os mudos ou os que sofrem qualquer dificuldade de fala parecem ter a língua seca e presa ao céu da boca.

V. 34. Depois, levantando os olhos ao céu, deu um suspiro, à maneira de quem reza, para que os presentes entendessem que ele era enviado pelo Pai (cf. Jo 11,41ss), ou também: ‘Deu um suspiro para nos dar exemplo de como suspirar’, i.e. rezar (São Beda); e disse-lhe: Ephphetha (aram. ethpethach), que quer dizer abre-te, o que se refere a ambos os membros, i.e. aos ouvidos e à língua; a menos que o Senhor o tenha dito primeiro dos ouvidos e outra vez da língua, embora o evangelista só tenha feito uma.

V. 35. Seja como for, o homem falava claramente. Donde se pode concluir que ele não fora privado da fala desde o nascimento, mas em razão de alguma doença posterior; do contrário, mesmo que tivesse controle sobre a língua, seria incapaz de expressar-se com clareza. Há quem pense, no entanto, que o milagre não só lhe restituirá a saúde da língua como lhe dera algum conhecimento e virtude sobrenatural para falar.

V. 36s. Jesus proíbe que se divulgue o milagre; não obstante, quanto mais insistia em proibí-lo, tanto mais rápido se espalhavam os rumores e maior se tornava a admiração das turbas, que devam a respeito dele este solene testemunho: Tudo tem feito bem (πεποίηκεν, faz), i.e. nada digno de repreensão, como o caluniavam os judeus, e (καί, como também) faz (ποιεῖ, faz) ouvir os surdos e falar os mudos. Para alguns modernistas, o evangelista atribui estas palavras às multidões para insinuar ao leitor a grandeza do milagre, No entanto, o mais provável é que o evangelista tenha referido este elogio popular à virtude e à bondade de Cristo para indicar que ele foi proferido, não uma, mas várias outras vezes.

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