Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 3,22-30)
Naquele tempo, os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. Se uma família se divide contra si mesma, não poderá manter-se. Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno”. Jesus falou isso, porque diziam: “Ele está possuído por um espírito mau”.
No Evangelho de hoje, Jesus é acusado de expulsar demônios com o poder de Beelzebu, príncipe dos demônios. A partir disso, Cristo, então, nos fala da blasfêmia contra o Espírito Santo.
Este Evangelho, surpreendentemente, retrata algo que acontece muito no mundo atual. É claro que Jesus já não está presente no mundo em sua carne visível, mas Ele recebe acusações por meio de seu Corpo místico, a Igreja. Hoje em dia, quando tentamos tirar uma pessoa do pecado, não estamos fazendo nada além daquilo que Nosso Senhor nos mandou fazer: “Ide pelo mundo e fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28, 19). Contudo, ao obedecermos a essa ordem, somos acusados de ser pessoas más, de “imperialistas religiosos” que só sabem julgar os outros. “Como você ousa dizer que o pecador está no pecado! Que o egoísta está no egoísmo! Que o luxurioso está cometendo pecados lúbricos!”, é o que muitos dizem. Logo, somos considerados um incômodo e, por isso, recebidos como Cristo o foi pelos demônios: “Viestes para nos atormentar, Jesus de Nazaré!” (Mt 8, 29).
Então, para se livrar do desconforto da pregação do Evangelho, de ter a vida desmascarada e o dedo posto na ferida, qual é a articulação e a artimanha de Satanás? Fazer o pregador ser acusado da mesma maldade de que ele está tentando livrar as pessoas.
Ora, Jesus é a Palavra de Deus que se fez carne, mas até Ele foi acusado por Satanás. Portanto, certamente seremos tratados da mesma maneira se pregarmos a uma pessoa dizendo-lhe que saia do pecado, porque, do contrário, será condenada. Assim, mesmo sendo caridosos com essas pessoas, seremos taxados como “maus cristãos”, que apenas julgam e discriminam.
Sim, Jesus veio para causar um incômodo, e para se livrar dele os fariseus de outrora, juntamente com os fariseus de hoje, são capazes de todo tipo de acusação e daquilo que Satanás sempre fez: acusar-nos daquilo que eles mesmos são, jogando sobre aquele que é simplesmente um pobre mensageiro do Evangelho toda a malícia e a maldade que está dentro deles. Entretanto, se, ao pregarmos, acontecer algo assim, devemos aceitar a situação, tendo em mente que estamos recebendo o castigo merecido por nossa maldade, já que somos pecadores.
O maior problema, no entanto, é não sermos ouvidos. Assim, a oportunidade das pessoas que mais precisam escutar a incômoda verdade de Deus, que vem do Céu para nos livrar do Inferno, acaba sendo desperdiçada. Cada vez que o cristianismo, com sua mensagem de dois mil anos, é acusado de ser intolerante e fanático, e nos dizem que precisamos deixá-lo de lado para nos adaptar ao mundo moderno, acontece uma verdadeira blasfêmia contra o Espírito Santo, porque não apenas o pregador é rejeitado, mas a própria Palavra de Deus não é aceita.
Portanto, peçamos hoje ao Espírito Santo que inspire nossos corações, para que eles não fechem as portas à salvação, e rezemos pela conversão das almas dos pecadores que, infelizmente, ignoram a verdade divina.
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