Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 13,18-23)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Vós, portanto, ouvi o significado da parábola do semeador. A todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração; esse é o grão que foi semeado à beira do caminho. O que foi semeado nas pedras é quem ouve a palavra e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega tribulação ou perseguição por causa da palavra, ele desiste logo. O que foi semeado no meio dos espinhos é quem ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele fica sem fruto. O que foi semeado em terra boa é quem ouve a palavra e a entende; este produz fruto: um cem, outro sessenta e outro trinta”.
No Evangelho de hoje, Jesus nos conta a parábola do semeador. Dentro do contexto geral do evangelho de São Mateus, vamos nos lembrar: Jesus começou falando da santidade. Esse foi o Sermão da Montanha (capítulo 5 a 7). Depois, Jesus faz um sermão para os Apóstolos que Ele está enviando em missão, ou seja, para os semeadores de sua Palavra (foi o discurso do capítulo 10). Os Apóstolos voltam, Jesus fica contente, faz uma ação de graça, o grito do Redentor: “Vinde a mim todos vós com os vossos fardos, e eu vos aliviarei”.
Agora Jesus começa a ensinar através de uma série de parábolas e, através delas, fala da eficácia da semente que foi semeada, ou seja, de como nós, que somos o terreno, devemos reagir diante da Palavra recebida, para que possamos um dia ser santos, daquele “jeitinho” que Jesus descreveu no Sermão da Montanha. Ora, na parábola do semeador, nós vemos que a Palavra de Deus é eficaz. A semente não somente é eficaz como é distribuída abundantemente: o semeador põe a Palavra no caminho, no terreno pedregoso, no terreno cheio de espinhos, em qualquer terreno.
Ele nos deixa um pouco assustados por sua prodigalidade, ou seja, por essa generosidade em semear para todos. Assim é Deus, que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. No entanto, o resultado dessa semente espargida pelo campo não é o mesmo, mas depende de uma resposta nossa. Por quê? Primeiro, porque alguns nem sequer chegam a ouvir a Palavra de Deus. É a semente que foi levada pelo passarinho, pelo diabo; então, Deus está tentando falar com a humanidade o tempo todo, mas a humanidade, distraída, não quer ouvir.
No entanto, existem alguns que o ouvem. Mas, mesmo ouvindo, não estão dispostos a sofrer… — Jesus disse: “Quem quiser me seguir, tome a sua cruz dia após dia e me siga. Vai haver perseguições. Odiaram a mim, odiarão também a vós”. — Esse é o terreno pedregoso. É a pessoa que brota alegremente, rapidamente, mas logo vem o Sol e a seca. São as pessoas que acham que ser cristão é uma pequena e cômoda aventura, em que “tudo vai dar certo”.
Essa teologia da prosperidade, meus queridos, não funciona. Jesus quer que estejamos dispostos a carregar a cruz, o fardo leve do amor. Ora, existem pessoas que até estão dispostas a carregar a cruz, mas não estão dispostas a romper com a mentalidade mundana. É o espinheiro, são as preocupações mundanas.
Daí vem toda essa teologia contemporânea, como a teologia da libertação, uma teologia liberal, que acha que nós, para sermos bons católicos, precisamos ser iguais ao mundo: “Nós temos de ser ‘normais’, nós temos de ser iguais a todo o mundo, nós não podemos ser diferentes”. Então, essa semente não dá o fruto da santidade, porque essa criatura não quer romper com a mentalidade mundana.
Ou seja: é aquele tipo de católico que não quer pecar; mas, embora ele não seja pecador, também não quer ser santo. Entre o pecador e o santo, no meio há essa criaturinha estranha que é o mundano, ou seja, a pessoa que está dentro do Castelo, está na graça, mas fica o tempo todo olhando pela janela a invejar o que se faz no mundo. Essa pessoa nunca dará frutos; pode até ser salva, mas os frutos da santidade só virão se ela romper com a mentalidade deste mundo, porque é a mentalidade do príncipe das trevas.
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