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Texto do episódio
03

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 11, 37-41)

Naquele tempo, enquanto Jesus falava, um fariseu convidou-o para jantar com ele. Jesus entrou e pôs-se à mesa. O fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tivesse lavado as mãos antes da refeição. O Senhor disse ao fariseu: “Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior? Antes, dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós”.

A Igreja celebra hoje a memória de S. Margarida M.ª Alacoque, a confidente do Sagrado Coração de Jesus. Quando, em meados do século XVII, Nosso Senhor quis revelar-se privadamente a esta santa visitandina, Ele mostrou-lhe o seu adorável Coração chagado e amargurado pelas ofensas e ingratidões de que era alvo por parte dos homens. Sabemos, é verdade, que Deus é impassível e não pode, em sua natureza divina, sofrer absolutamente nada: em sentido estrito, os nossos pecados não o “ofendem” e “magoam” na acepção afetiva em que costumamos tomar essas palavras. Mas não deixa de ser verdade, por outro lado, que as nossas culpas representam, sim, uma transgressão da ordem moral que Ele nos impôs e, por isso, constituem uma terrível desonra, uma afronta à obediência que lhe devemos e uma ingratidão ao amor que Ele nos tem. Foi por isso que, assumindo em Cristo a natureza humana, o Filho de Deus quis deixar-se afetar e ferir de uma maneira muito física pelos nossos pecados: Ele não só assumiu em sua própria carne o peso dos nossos crimes, solvendo-os todos na cruz, mas quis também expressar, pela dor que esses mesmos pecados lhe causavam, a imensidão do seu amor para conosco. Porque, de fato, todos sabemos que uma das maiores provas que podemos ter do amor que alguém nos devota é a sua paciência em suportar qualquer contrariedade pelo nosso bem. E não há maior demonstração de caridade do que a vida tão sacrificada de Nosso Senhor: “innocens captus, nec repugnans ductus, testibus falsis pro impiis damnatus”, Ele, apesar de inocente, foi preso e torturado; sendo embora o Criador do mundo, deixou-se conduzir ao matadouro; conquanto fosse a Verdade, foi acusado por falsas testemunhas e, por fim, condenado à morte, para que cada um de nós, amado como como se fora a única alma da terra, recebesse a vida eterna. Ele, que tanto nos amou com um amor singularíssimo e tanto sofreu por todos e cada um dos nossos delitos, bem merece que o amemos de todo coração, arrependidos por termos ferido um Coração que tanto nos quer, e reparemos o quanto nos for possível as ofensas e ingratidões com que Ele ainda é atingido. — Que S. Margarida M.ª Alacoque interceda por nós e nos alcance a graça de sermos cada vez mais devotos do Sacratíssimo Coração de Jesus Cristo, saturado de opróbrios e sedento do amor daqueles que veio redimir.

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