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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 11, 42-46)

Naquele tempo, disse o Senhor: “Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus. Vós deveríeis praticar isso, sem deixar de lado aquilo. Ai de vós, fariseus, porque gostais do lugar de honra nas sinagogas, e de serdes cumprimentados nas praças públicas. Ai de vós, porque sois como túmulos que não se veem, sobre os quais os homens andam sem saber”.

Um mestre da Lei tomou a palavra e disse: “Mestre, falando assim, insultas-nos também a nós!” Jesus respondeu: “Ai de vós também, mestres da Lei, porque colocais sobre os homens cargas insuportáveis, e vós mesmos não tocais nessas cargas, nem com um só dedo”.

Celebramos hoje a memória de S. Inácio de Antioquia, bispo, um desses grandes mártires da era subapostólica a que, desde o início, a Igreja manifestou toda a sua veneração, a ponto de incluí-lo no próprio Cânon da Missa. Como se sabe, os primeiros dois séculos do cristianismo costumam ser divididos em duas etapas principais: a era apostólica é aquela compreendida entre o início da pregação do Evangelho, a partir de Pentecostes, e a morte do último Apóstolo, S. João, por volta do ano 100 d.C.; a era subapostólica, por sua vez, refere-se à primeira geração de discípulos instruídos diretamente pelos Apóstolos, mas que não foram testemunhas oculares de Nosso Senhor. É dentro deste último período que têm lugar as atividades de S. Inácio, nascido na Síria em torno do ano 35 d.C.. Inácio foi nomeado bispo de Antioquia, tornando-se assim o primeiro sucessor de S. Pedro no governo dessa venerável comunidade de fiéis, os primeiros a se identificarem como cristãos. Condenado às feras, Inácio foi enviado a Roma em 110 (ou 108) d.C. e, uma vez aprisionado, à espera de receber a palma do martírio, escreveu um conjunto de sete cartas endereçadas às igrejas da Ásia. Uma delas, no entanto, está dirigida especialmente aos romanos, cuja igreja “preside às demais na caridade”. Nela, Inácio roga aos fiéis de Roma que não intervenham em seu processo e o deixem, assim, ser entregue às feras, já que é morrendo em suas presas que ele espera chegar ao Deus da vida: “Sou o trigo de Cristo”, escreve, “e oxalá venha a ser moído nos dentes das feras para me tornar pão imaculado. Que eu possa imitar a Paixão de meu Senhor. Só agora sinto que começo a ser verdadeiro discípulo”. E acrescenta: “Permiti que eu receba a luz pura. Quando eu aí chegar”, para ser morto e triturado, “então serei homem de verdade. […] Desejo o pão de Deus, que é a carne de Cristo; e por bebida o seu sangue, que é amor incorruptível”. Arrebatado pelo amor ao Senhor, desejando desprender-se desta carne mortal para estar com Deus, Inácio viveu até o fim, com heroísmo verdadeiramente sobrenatural, aquelas palavras de S. Paulo: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fp 1, 21). Que, a exemplo dessa glória do episcopado, possamos também nós, abrasados pela caridade, não buscar senão a glória de Nosso Senhor, por amor de quem o mundo deve estar para nós crucificado e nós, crucificados para o mundo. — S. Inácio de Antioquia, rogai por nós.

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