Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 3, 20-21)

Naquele tempo, Jesus voltou para casa com os discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si.

O Evangelho de hoje é brevíssimo e, de certa forma, “constrangedor”. Jesus volta para casa, mas não é recebido por seus parentes, que começam a julgá-lo e a dizer que Ele está fora de si.

É terrível que Jesus não seja aceito exatamente por aqueles que conviveram com Ele e mais o conheceram, pelo menos humanamente. Todavia, isso aconteceu pelo fato de que eles enxergavam Jesus apenas com os olhos da carne.

A verdadeira identidade de Cristo não está naquilo que as pessoas podem ver exteriormente. Sempre precisamos lembrar que existem duas revelações: a revelação externa e a revelação interna. Nosso Senhor se encarnou, se fez homem, veio a este mundo, fez milagres, pregou o Evangelho e realizou muitas outras coisas, mas tudo isso é apenas a revelação externa.

Só acreditaram realmente em Jesus aqueles que estavam atentos também para a revelação interna, para a voz do Cristo que ressoa em nossas almas. É por isso que Jesus, no Evangelho de São João, diz no discurso do Bom Pastor: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz” (Jo 10, 27); e fala aos fariseus que, por não escutarem sua voz, eles não são suas ovelhas. 

Eles poderiam acusar Jesus de loucura, dizendo: “Como não ouviríamos sua voz, se estava conversando conosco?”. Sim, eles estavam ouvindo a voz externa, mas não escutaram a voz interior. Portanto, se não abrirmos nosso coração para ouvir a voz do Cristo Ressuscitado que fala dentro de nós, nunca conseguiremos nos converter.

No capítulo seguinte ao Evangelho de São João, vemos um dos maiores milagres de Jesus: a ressurreição de Lázaro, que Cristo tira do túmulo depois de três dias morto. Apesar disso, os fariseus, com o coração empedernido, resolvem não somente matar Jesus, mas matar Lázaro, que é a “prova do crime”. 

Essa tremenda malícia dos fariseus mostra-nos que não adianta apenas conhecer Jesus exteriormente. É necessário abrir o coração para a voz interior de Cristo, uma voz que quer nos dar a verdadeira fé e iluminar nossas vidas.