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Não transforme o amor num ritual vazio!

“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade.”

Texto do episódio
448

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 23, 23-26)

Naquele tempo, disse Jesus: “Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vós deveríeis praticar isto, sem contudo deixar aquilo. Guias cegos! Vós filtrais o mosquito, mas engolis o camelo. Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós limpais o copo e o prato por fora, mas, por dentro, estais cheios de roubo e cobiça. Fariseu cego! Limpa primeiro o copo por dentro, para que também por fora fique limpo”.

No Evangelho de hoje, Jesus continua repreendendo os fariseus, mas exatamente por ter uma imensa caridade e querer a salvação das almas de todos — também a nossa, porque igualmente corremos o risco de reduzir a santa religião a um farisaísmo hipócrita.

Mas o que é esse farisaísmo criticado por Jesus? Nosso Senhor o exprime na seguinte comparação: “Vós filtrais o mosquito, mas engolis o camelo” (Mt 23, 24). Isso significa que os fariseus, ao terem recebido uma série de leis que precisavam observar, começaram a se preocupar com as pequenas minúcias da lei e esqueceram do núcleo que as fundamenta: o amor, transformando a religião do Antigo Testamento, a qual Cristo veio trazer à plenitude, em pequenos rituais neuróticos. Cristo ainda faz uma segunda comparação para ilustrar de modo mais nítido como isso se dava na vida dos fariseus: “Vós limpais o copo e o prato por fora, mas, por dentro, estais cheios de roubo e cobiça” (Mt 23, 25). 

Todas as religiões do mundo são preocupadíssimas com rituais externos, mas o cristianismo é uma religião “de dentro para fora”, ou seja, antes de mais nada, Deus quer que o amor brote de nossos corações, para depois o manifestarmos nas práticas exteriores. 

Como, então, devemos aplicar a verdade desse Evangelho em nossas vidas? Façamos primeiro uma auto-análise. Pode ser que já sejamos bons católicos: rezamos o terço, vamos à Missa, comungamos, confessamo-nos, buscamos não pecar etc. No entanto, é fácil transformarmos esses atos de amor a Deus em rituais vazios e esmagadores que, em pouco tempo, vão nos cansando. Desse modo, começamos a realizá-los por mero formalismo; tão somente para não cairmos em pecado. Claro, deve haver a preocupação de não pecar, mas não podemos perder de vista o amor para não cairmos no farisaísmo, na hipocrisia. 

Imaginemos o seguinte: um sujeito casado fica neuroticamente preocupado em não trair a esposa. Passa uma mulher e ele tapa os olhos; passa outra, ele se esconde atrás do poste; uma outra, e ele sai correndo desesperado. Ora, a intenção de não trair a esposa e o gesto de evitar olhares a outras mulheres é boa, mas não estaria esse homem se esquecendo do principal, que é amar a sua esposa? Ora, a fidelidade deve estar fundamentada no amor, na entrega e na doação pelo outro. Portanto, diríamos a este sujeito: “Ama! E você se sentirá muito mais livre e ignorará as mulheres que depravadamente tentarão se aproximar de você”. 

Eis a lição de Jesus aos fariseus. Na nossa religião, em tudo devemos partir do núcleo do amor, para, assim, a lei ter sentido. Se nos esquecermos do amor, as pequenas observâncias virarão um moralismo neurotizante que, com o passar do tempo, fatalmente redunda em teatro e nos faz agir como os hipócritas que Nosso Senhor exortou a se emendar. Contudo, se verdadeiramente brotar o amor de nossos corações, as pequenas observâncias serão importantes, porque irão se tornar gestos caridosos.

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