Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 9,27-31)
Naquele tempo, partindo Jesus, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi!” Quando Jesus entrou em casa, os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou-lhes: “Vós acreditais que eu posso fazer isso?”
Eles responderam: “Sim, Senhor”. Então Jesus tocou nos olhos deles, dizendo: “Faça-se conforme a vossa fé”. E os olhos deles se abriram. Jesus os advertiu severamente: “Tomai cuidado para que ninguém fique sabendo”. Mas eles saíram, e espalharam sua fama por toda aquela região.
Neste Tempo do Advento nós celebramos a última primeira sexta-feira do mês, dia no qual a Igreja recorda o Sagrado Coração de Jesus. Como estamos em dezembro, último mês do ano, temos a oportunidade de olharmos para o Sagrado Coração de Jesus sob a luz do seu Advento e da sua santa e divina Encarnação.
Nós cremos que Deus é amor, amor eterno, e com amor eterno Ele nos amou; mas Deus quis também nos amar com um coração humano. Por quê? Porque nós, seres humanos, na nossa fraqueza e miséria, temos dificuldade de compreender que Deus é amor, e é amor que não sofre. No Céu, Jesus é impassível, não sofre, é felicidade eterna. E, como estamos perdidos neste mundo, como um povo que anda nas trevas e sofre, o fato de Deus nos amar mas não sofrer parece ser uma atitude de indiferença.
Pois bem, Deus se encarna. Ele vem a este mundo para se compadecer, isto é, padecer juntamente conosco e para nos redimir, isto é, para nos levar à vida em que, lá no Céu, Ele enxugará toda lágrima, e não haverá mais sofrimento.
Essa é a mensagem da salvação, a mensagem do cristianismo: Deus eterno, amor infinito, nos ama na história com um amor humano. Esse amor é um amor humano divinizado porque Deus, em Cristo, ama o homem com um amor de que os corações humanos, por si mesmos, não seriam capazes. O que isto significa aplicado às nossas vidas?
Nós precisamos compreender que existem níveis de amor diferentes. Existe o amor dos animais, amor muito pouco sublime, simples atração, vontade de estar junto. Existe o amor humano, que é um pouco mais elevado; mas, porque ferido pelo pecado original, estamos sempre caindo no nosso egoísmo.
Ora, Deus vem e se faz homem para que este amor humano, manchado pelo pecado original, seja curado (é o que nós chamamos de “graça sanante”) e seja elevado (é o que nós chamamos de “graça elevante”), para que nós, seres humanos, amemos a Deus com amor divino, amor extraordinário. Jesus é a encarnação dessa verdade.
O Coração — o divino Coração de Jesus — é um Coração imaculado, sem mancha de pecado, sem desordem, é um Coração santíssimo, é o Sacratíssimo Coração de Jesus; e é um Coração humano que nos ama com amor divino, com frágoas de amor, qual um braseiro, fonte de fogo divino a arder no Coração de Cristo.
E Ele quer que esse fogo arda em nossos corações também. Para isso, precisamos pedir o Espírito Santo, precisamos receber o Espírito Santo pelo Batismo, pelo sacramento da Confissão, mas também e principalmente, uma vez preparados, aproximando-nos assiduamente da santa e divina Eucaristia.
O efeito que se visa com a recepção do sacramento da Eucaristia é o aumento do amor. Jesus nos deu esse sacramento para que, coração no Coração — no Coração dele, Coração humano em contato direto com o nosso coração — nos tornássemos capazes de corresponder ao amor dele por nós.
Então, neste tempo do Advento, se você ainda não fez, procure se confessar e comungar bem para que a vinda de Cristo na Eucaristia eleve o seu coração, fazendo-o responder ao Coração Sacratíssimo com o qual Ele nos amou pela Encarnação.
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