Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 15, 26–16, 4a)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Quando vier o Defensor que eu vos mandarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim.
E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo. Eu vos disse estas coisas para que a vossa fé não seja abalada. Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus. Agirão assim, porque não conheceram o Pai, nem a mim. Eu vos digo isto, para que vos lembreis de que eu o disse, quando chegar a hora”.
No capítulo 16 do Evangelho segundo S. João, a que damos início nesta segunda-feira, as palavras de Nosso Senhor começam a introduzir-nos pouco a pouco no mistério de Pentecostes, que iremos celebrar dentro de poucos dias. A partir de agora, o Espírito Santo será uma presença cada vez mais viva nos discursos de Jesus, e hoje, de modo particular, Ele se refere à terceira pessoa da SS. Trindade com o nome de Paráclito. A tradução litúrgica de que nos servimos verte o termo grego por Defensor. No entanto, são muitas as possibilidades de tradução, graças à polissemia da palavra: Paráclito pode significar a) Mestre, que nos há de ensinar, segundo as promessas de Cristo, todas as coisas (cf. Jo 14, 26); b) ou Consolador, que não deixará que nos sintamos órfãos depois da Ascensão de Cristo à destra do Pai (cf. Jo 14, 18); c) ou, mais em conformidade com o contexto do Evangelho de hoje, Advogado, que intercede por nós “com gemidos inefáveis” (Rm 8, 26). Esta última tradução realça o aspecto “judicial”, por assim dizer, da missão desempenhada pelo Espírito Santo na vida da Igreja: à semelhança de Cristo, odiado pelo mundo e condenado injustamente à morte, os cristãos vivem em guerra contra os poderes dos ares e as potestades mundanas, que perseguem incansavelmente os que professam sua fé em Jesus. Por isso, precisam de alguém que os ampare, console e defenda, e é aí que entra a ação do Espírito. Ele não só nos protege dos que nos acusam, mas nos assiste também na missão que recebemos de testemunhar Cristo diante dos homens. É ele, como Advogado, que dá força e eficácia ao nosso testemunho cristão, é ele que confere valor às nossas palavras e vida às nossas orações: “O Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim”. Não atuamos pois em causa própria, pois apenas o Espírito nos dá força para suportar, com ânimo heroico e igual, as perseguições que temos de sofrer por causa de Cristo, cuja vida se repete na Igreja, em geral, e em cada cristão, em particular: “Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus”. Peçamos continuamente o patrocínio do Espírito Paráclito, o único que nos pode configurar e unir a Cristo, a fim de que em nós, membros do seu Corpo, o mesmo Senhor siga atuando no mundo, realizando em nossos corações aqueles atos de amor ao Pai com que Ele nos salvou do pecado e do demônio. — Vinde, Espírito Santo!
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