Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 6, 34-44)
Naquele tempo, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas. Quando estava ficando tarde, os discípulos chegaram perto de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e já é tarde. Despede o povo para que possa ir aos campos e povoados vizinhos comprar alguma coisa para comer”. Mas Jesus respondeu: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Os discípulos perguntaram: “Queres que gastemos duzentos denários para comprar pão e dar-lhes de comer?” Jesus perguntou: “Quantos pães tendes? Ide ver”. Eles foram e responderam: “Cinco pães e dois peixes”. Então Jesus mandou que todos se sentassem na grama verde, formando grupos. E todos se sentaram, formando grupos de cem e de cinquenta pessoas. Depois Jesus pegou os cinco pães e dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e ia dando aos discípulos, para que os distribuíssem. Dividiu entre todos também os dois peixes. Todos comeram, ficaram satisfeitos, e recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e também dos peixes. O número dos que comeram os pães era de cinco mil homens.
No Evangelho desta terça-feira depois da Epifania lemos o episódio da primeira multiplicação dos pães, para cujo entendimento convém repassar, ainda que a grandes traços, a história do povo escolhido. Ao sair do Egito — símbolo da escravidão do pecado —, o povo de Israel teve de preparar pães ázimos como sustento para a viagem até a terra da promissão. Vendo, porém, os sofrimentos que padeciam no deserto, o Senhor decidiu providenciar-lhes um alimento especial, o maná, que chovia dos céus diariamente, e prometeu que, uma vez entrados na terra prometida, ali gozariam de fartura definitiva. Toda essa história, resumida a seus elementos essenciais, nos revela os desígnios por que Deus nos liberta do pecado, conduz e sustenta no caminho e introduz, enfim, no banquete prometido. É a história do povo de Israel, é a história da Igreja, é a história de cada cristão, é a história que, numa palavra, Jesus veio levar a cabo. Ele nasceu, com efeito, para nos salvar do reinado tirânico do faraó, o diabo, não mais pela morte dos primogênitos, mas pela imolação de si mesmo, Unigênito do Pai, verdadeiro Cordeiro de Deus que serve, a um tempo, de sacrifício propiciatório e alimento para os propiciados. Agora, na peregrinação desta vida, é Cristo o nosso alimento, o maná eucarístico que, orvalhado todos os dias sobre os nossos altares, nos é dado como viático, a fim de não desfalecermos nos caminhos, mas termos forças para chegar, convertidos de carnais em espirituais, à bem-aventurança do céu, a grande promessa de Deus para os que o amam. É à luz deste desígnio de salvação que devemos, pois, ler o episódio que nos conta hoje o evangelista S. Marcos. Compadecido das multidões, Jesus confia à sua Igreja a missão de dar de comer a todos os homens, isto é, de a todos levar os meios de salvação por Ele instituídos, especialmente o Batismo e a Eucaristia: o primeiro, pelo qual, regenerados à vida da graça, nos livramos das garras do demônio e nos tornamos servos e membros de Cristo; a segunda, pela qual somos sustentados dia após dia, até o nosso ingresso na Pátria definitiva. Que façamos bom e santo uso deste alimento celeste e rezemos para que a Igreja, sempre fiel à sua missão salvífica, traga cada vez mais almas para a mesa da Eucaristia.
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