CNP
Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
Todos os direitos reservados a padrepauloricardo.org®
Texto do episódio
357

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 15, 21-28)

Naquele tempo, Jesus retirou-se para a região de Tiro e Sidônia. Eis que uma mulher cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: “Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós”. Jesus respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: “Senhor, socorre-me!” Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los aos cachorrinhos”. A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada.

Celebramos hoje, com grande alegria, o grande padroeiro de todos os párocos, São João Maria Vianney, também conhecido como o Cura d’Ars, ou seja, o pároco da cidade de Ars, no interior da França. 

Na época de São João Maria Vianney, Ars nem deveria ser considerada uma cidade: era um “fim de mundo” onde só haviam 40 casas, de tal forma que as pessoas dali, vivendo num clima pós-Revolução Francesa, estavam já há muitos anos sem um sacerdote. O próprio São João Maria Vianney dizia: “Deixe um povo sem padre por muito tempo e eles começarão a adorar os animais”. 

De fato, foi dura a empreitada de São João Maria Vianney, que não tinha muitos talentos humanos nem grande simpatia ou uma eloquência cativante. No entanto, apesar de não conseguir pescar as pessoas humanamente, ele teve a graça e a generosidade para conseguir pescá-las divinamente. 

Na sua paróquia, ele batia de frente com o insucesso: convidava as pessoas, mas elas o respondiam com blasfêmias; tocava o sino da igreja, mas ninguém vinha assistir à Missa. Então, diante dessa situação, São João Maria Vianney fez aquilo que o Cristo sacerdote fez: se entregou a Deus em penitências, em oração, em generosidade e amou os que eram seus até o fim. 

Ele poderia ter desistido daquele povo e abandonado aquele vilarejo que, de fato, não merecia o grande santo que ali estava. Porém, Deus tinha os seus projetos. Através da perseverança, do amor e da caridade, São João Maria Vianney foi alcançando cada alma, uma por uma, a tal ponto que, anos depois, ele desabafou numa homilia, cheio de admiração e gratidão a Deus: “Ars não é mais Ars. Nós a transformamos completamente”. Sabemos, todavia, que nada disso seria possível sem a grande fidelidade e força de vontade do Cura d’Ars. 

São João Maria Vianney poderia ter olhado para a cidade de Ars e dito: “Ah, eles são tão ignorantes e iletrados! O jeito é adaptar o Evangelho e fazer uma graduação. Se o Evangelho pede obediência aos Dez Mandamentos, vou fazer com que obedeçam a apenas três. Nos outros sete, eu faço um abatimento. Afinal de contas, por que exigir a lei de gente tão rude?”. Contudo, ele fez o contrário, pois sabia que, como qualquer coração verdadeiramente católico sabe, os pecados mortais devem ser abandonados de uma vez e para sempre, ou não se entra em estado de graça. 

Não existe gradualidade quando se trata de abandonar os pecados mortais ou a má vida. Teria sido uma falsa misericórdia se um homem cheio de amor por Deus e santidade falasse: “Pobres de vocês, não dão conta de amar! Então, podem continuar no egoísmo, já que são miseráveis e medíocres”. Isso não é caridade, mas, sim, um desprezo pelas pessoas, disfarçado numa aparência de pseudo-misericórdia, como quem diz: “Não vamos exigir tanto das pessoas!”. 

Os leigos são capazes de amar, e somente um coração paterno e sacerdotal é capaz de dizer como São João Maria Vianney: “Enquanto não largarem todos os pecados mortais de uma vez, não darei a absolvição”. A este confessionário, aparentemente tão intransigente, acorria toda a França, a ponto de que o próprio diabo, um dia, disse: “Vianney, seu comedor de batatas! Se houvesse na França três padres como você, o meu reino estaria destruído”. 

Reflitamos: apenas três bastariam, porque um coração sacerdotal que não subestima os seus filhos os faz abandonar o pecado e o egoísmo e abraçar a grande via do amor, que é o caminho da entrega e da união a Deus.

Que São João Maria Vianney rogue por nós hoje e sempre, especialmente pelos sacerdotes, e ajude-os a levar cada vez mais almas em direção a Nosso Senhor, como ele fez maravilhosamente neste mundo.

O que achou desse conteúdo?

Mais recentes
Mais antigos
Texto do episódio
Comentários dos alunos