CNP
Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
Todos os direitos reservados a padrepauloricardo.org®
Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 5, 38-42)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado”.

Continuamos a leitura do Sermão da Montanha. Estamos no capítulo 5 do evangelho de São Mateus. Jesus, no Evangelho de hoje, nos ensina como devemos lidar com os maus. Jesus recorda primeiro a famosa Lei do Talião: “Ouvistes o que foi dito: Olho por olho, dente por dente”. “Lei do Talião” quer dizer isto: tal foi a ofensa, tal deve ser a vingança. É uma questão de justiça. Se alguém me arranca um olho, tenho o direito de arrancar o olho do outro. Se alguém me faz cair o dente, posso fazer cair um também a ele. Era assim que as pessoas exerciam a chamada justiça vindicativa, uma justiça de vingança. No entanto, o que Jesus quer nos ensinar é uma visão mais sobrenatural. Sabemos que Deus é misericórdia. No entanto, no Fim dos Tempos, Ele virá julgar os vivos e os mortos, isto é, fará justiça. Não nos enganemos. Dizer que Deus é misericórdia não quer dizer que Ele não seja justo. Sim, Deus é misericordioso porque nos está dando, aqui neste mundo, a possibilidade de nos emendarmos a tempo. 

O que acontece na prática da sociedade é que terminamos vivendo numa sociedade vingativa, o que torna impossível qualquer aliança com os outros. Pensemos no que seria um casamento, se o marido e a esposa a todo momento ficassem cobrando cada pequeno detalhe, cada fio de cabelo, cada pequena ofensa, cada pequeno deslize… Seria um inferno. O que seria de uma família, se os pais olhassem cada defeito dos filhos, mas não tivessem misericórdia, longanimidade, certa capacidade de deixar passar pequenas falhas? Seria um inferno. Assim também na sociedade. Uma sociedade justicialista, onde cada pequena infração deve ser levada aos tribunais para que se faça justiça, é uma sociedade que se transformou num inferno. Nosso Senhor nos leva a ver, em primeiro lugar e num plano meramente humano, que violência gera violência. Afinal, se nós quisermos vingar tudo e fazer justiça com tudo, vivermos numa dinâmica de maldade. Logo, alguém precisa parar a onda da violência, por isso Cristo ensina o que Ele mesmo fez na cruz. Nela, diante das ofensas que recebia, Jesus bem poderia ter pedido ao Pai que enviasse legiões de anjos para vingá-lo dos algozes. No entanto, Jesus não agiu assim. Há outra forma de vivermos e convivermos.

O segundo ponto que é importante notar no Evangelho é mais profundo e sobrenatural. É o fato de que nós, que às vezes somos ofendidos por outros homens, temos de lembrar quem é o nosso verdadeiro inimigo. Cheios de orgulho e pontos de honra, pensamos que o nosso inimigo seja o vizinho ou a pessoa que nos está ofendendo, quando, na verdade, os verdadeiros inimigos são Satanás e seus demônios. Vejamos um exemplo. Imaginemos que eu esteja andando pela rua. De repente, dois assaltantes aparecem e dão-me um golpe na cabeça. Eu caio ensanguentado no chão, e eles levam a minha carteira e celular. Junta polícia, vem o SAMU, fazem boletim de ocorrência… Nome da vítima: Paulo Ricardo. Mas essa é a vítima para uma visão humana, naturalista. As verdadeiras vítimas foram os assaltantes. Afinal, o que aconteceu comigo? Perdi a carteira e o celular e ganhei uns pontos na cabeça por causa do golpe, enquanto os pobres assaltantes perderam o céu e mereceram o inferno. Eis as verdadeiras vítimas. Por quê? Porque Satanás conseguiu que eles fizessem aquilo que ele mesmo queria. O verdadeiro inimigo são o diabo e seus anjos, que querem levar-nos a todos para o inferno. Ora, se o meu inimigo fosse realmente você, e eu me vingasse, poderia sair cantando vitória. Mas se o meu real inimigo é Satanás, e eu me vingo de você, o derrotado sou eu. Por quê? Porque fiz o que Satanás queria.

Quando temos visão sobrenatural, conscientes de quem é o verdadeiro inimigo, entendemos que nossa forma de agir em sociedade pode ser bem diferente. Com isso, Jesus não quer desestimular que haja polícia, juízes, prisões etc. Nada disso. A sociedade precisa, sim, estar organizada para fazer justiça, mas Jesus quer nos ensinar ao menos duas coisas: primeiro, procurar vingar-se até das menores coisas e querer justiça em tudo é justicialismo, o que transforma a vida não no paraíso, mas num inferno; segundo, não podemos perder de vista que o nosso verdadeiro inimigo não é o irmão, mas Satanás. Temos aí grandes luzes para saber conviver melhor em família, com nossos vizinhos e em sociedade. 

Nesse mês do Sagrado Coração de Jesus, podemos sublinhar ainda um terceiro ponto, que é o fato de que, imitando Cristo, dando glória a Deus. Se imitarmos Jesus, suportando algumas ofensas injustas contra nós em honra e por amor a Ele, poderemos desagravar-lhe o Coração, dando-lhe um pouco do amor com o qual nós mesmos fomos amados. Que o Sagrado Coração de Jesus nos ensine a fazer o que Ele fez: amar os inimigos e ter paciência com os maus, para podermos viver a misericórdia enquanto estamos nesse mundo, até que venha o Juízo e a justiça que Deus fará no Fim dos Tempos.

Recomendações

  • Assista também às Homilias 1188 e 1550.
Material para Download

O que achou desse conteúdo?

Mais recentes
Mais antigos
Texto do episódio
Material para download
Comentários dos alunos