Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 8, 1-10)
Naqueles dias, como havia de novo grande multidão e não tinham o que comer, Jesus chamou os discípulos e lhes disse: “Tenho pena deste povo! Há três dias eles permanecem comigo e não têm o que comer. Se eu os mandar embora em jejum para suas casas, eles vão desmaiar no caminho, pois alguns vieram de longe”. Os discípulos responderam: “Como é que alguém poderia dar pão que os satisfizesse num deserto como este?” Ele então perguntou: “Quantos pães tendes?” Responderam: “Sete”. Mandou então que a multidão se acomodasse no chão; tomou os sete pães, deu graças, partiu-os e os entregou aos discípulos para que distribuíssem. E eles os distribuíram ao povo. Tinham também alguns peixinhos; recitou a fórmula da bênção sobre eles e disse: “Distribuí também estes”. Comeram, ficaram satisfeitos e ainda recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram. Ora, a multidão contava umas quatro mil pessoas. Ele as mandou embora. Em seguida entrou na barca com os discípulos, indo para a região de Dalmanuta.
No Evangelho de hoje, São Marcos conta-nos a segunda multiplicação dos pães. Mas em que difere esta da primeira, narrada em Mc 6, 30-45? Antes de mais, deve-se notar que o Senhor encontra-se fora da Terra Santa, ou seja, em território pagão. Foi por isso que, há alguns dias, aproximou-se dele uma mulher sirio-fenícia, pedindo-lhe que desse de comer, não já o pão farto reservado à casa de Israel, mas ao menos as migalhas que caírem da mesa, curando-lhe a filha doente. Hoje, o Senhor alimenta o povo que o vem seguindo, de todas as partes do país, com muito mais do que migalhas: eram quatro mil pessoas, diz o evangelista, e todos comeram, “ficaram satisfeitos e ainda recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram”. Com essa multiplicação de pães e peixes, Jesus aponta para a realidade da Eucaristia e, portanto, para a sua condição de Bom Pastor, que alimenta o seu rebanho, defende-o do lobo — isto é, do demônio — e o faz atravessar em segurança o vale da sombra da morte até os prados mais verdejantes. A Eucaristia, com efeito, é o pão da vida que o Senhor destinou não apenas ao povo eleito, mas também a nós, pobres pagãos, surdos e mudos, ignorantes da palavra de Deus. Agora, uma vez agregados ao rebanho de Cristo, aproximemo-nos deste alimento sagrado com boas disposições, cientes de que o dom da Eucaristia — o próprio Cristo oferecido a nós como pábulo espiritual — foi-nos conquistado a um preço altíssimo: a morte dolorosíssima e ignominiosa do Homem-Deus.
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