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Texto do episódio
06

Considerações iniciais. — Antes de tratarmos da oração afetiva, um dos graus da oração, é necessário fazer algumas considerações preliminares. Todos nós estamos neste mundo com um único objetivo: unir-nos a Jesus Cristo, e tal união só é possível por meio do amor e, mais especificamente, por meio de um amor sobrenatural. Trata-se de um amor que supera nossa capacidade humana de amar, que sobrepuja a nossa natureza, a fim de podermos corresponder ao amor divino de Nosso Senhor.

Ao se encarnar, o Filho de Deus, sem deixar de ser o que era, tornou-se o que somos e, ao mesmo tempo, elevou-nos da nossa condição humana à sua divina, para que assim, enriquecidos com os dons da graça, o pudéssemos amar com o mesmo amor com que Ele nos ama.

Com efeito, quando somos batizados ou nos confessamos (isto é, quando estamos em estado de graça), forma-se em nossa alma um “lugar” em que habita o amor de Deus, ao qual chamamos espírito. Assim escreve São Paulo em 1Ts 5, 23: “O Deus da paz vos conceda santidade perfeita. Que todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. Ao contrário do que às vezes se pensa, São Paulo não está ensinando uma tripartição do ser humano, pois, para ele, o ser humano é composto de corpo e alma. Nesse sentido, o espírito faz parte da alma, sendo, porém, o “lugar” da alma humana em que o amor de Deus habita.

Para nutrir em nosso espírito esse amor divino, são necessários atos de fé, chamados também de oração. Ora, ninguém pode unir-se a Cristo sem oração, uma vez que o ser humano, por si só, não é capaz de produzir atos sobrenaturais, como são precisamente os da fé. Eis por que, noutras palavras, nos é indispensável rezar, se queremos amar a Deus verdadeiramente. 

Pois bem, entre os graus da oração, o primeiro e mais simples é o da oração vocal, que pode estar presente na vida quer de um não-batizado, quer de um santo de sétima morada. O segundo grau de oração é a meditação, em que, com base na Sagrada Escritura ou em algum livro (sobre a vida dos santos, a fé católica, a vida espiritual etc.), refletimos e “ruminamos” interiormente acerca dos mistérios em que cremos.

Muitos tendem a rejeitar a meditação, por lhes parecer um exercício “intelectualista” e, portanto, incapaz de nos fazer progredir no amor. A verdade, porém, é justamente o contrário, pois a meditação age diretamente sobre nossa inteligência, iluminando-a, a fim de conhecermos a verdade. E como só é possível amar quando a nossa vontade, movida pela inteligência, busca aderir à verdade, segue-se que a meditação é um meio ordenado diretamente ao crescimento no amor.

Nesse sentido, o conhecimento é indispensável ao amor, pois ninguém é capaz de amar aquilo que desconhece. Na meditação, pois, realiza-se de fato uma refeição espiritual, na medida em que contemplamos uma verdade de fé que nos ilumina e move nossa vontade a buscá-la com mais fervor. Uma tal meditação não é inócua, senão que produz frutos concretos, de sorte que, se meditarmos corretamente, o nosso coração e, portanto, o nosso comportamento se irão amoldar pouco à pouco às verdades contempladas.

Como dito antes, ninguém ama o que desconhece. Por isso, é indispensável meditar, e meditar bem. A constância na meditação, por sua vez, nos permite alcançar o terceiro grau da oração, que corresponde à chamada oração afetiva.

Oração afetiva. — De tanto buscarmos a verdade por meio da meditação, iremos perceber que aquela verdade é uma pessoa. Neste ponto, encontra-se a passagem da meditação para a oração afetiva. Nessa passagem gradual, em que se acendem tantas verdades dentro de nós, percebemos que “Deus vai escrevendo um livro” em nosso interior.

A oração afetiva, em última análise, é também uma meditação; porém, é a meditação de alguém que já não fica preso a um livro, pois possui, dentro de si, um livro já escrito por Deus [1].

A oração afetiva aumenta em nós a vontade de nos unirmos à pessoa de Cristo, que conhecemos na oração; faz florescer em nós a virtude da esperança, de tal modo que, cada vez mais, ficamos à espera do Amado e daquilo que Ele nos proporcionará, ao encontrar-se conosco.

A frequência na meditação permite-nos conhecer o “lugar” na nossa alma — chamado de espírito — em que Deus nos revela uma verdade que ilumina. Deste modo, passamos a saber o lugar em que Ele se encontra conosco, mesmo que Ele ainda não tenha vindo. 

As pessoas ficam estagnadas na oração, porque não se dão conta da existência desse “lugar” de encontro com Deus; compreensão esta que só é possível por meio da prática constante da meditação. Isso porque, em cada meditação, acende-se em nós a luz da verdade, que ilumina a nossa inteligência e move nossa vontade para um encontro pessoal com Cristo.

Para um maior aprofundamento acerca deste tema, é relevante o texto “Tercer grado de oración: la oración afectiva”, presente na obra Teologia de la perfección cristiana, do Frei Antonio Royo Marín, O.P. [2]. Nesta obra, o frei dominicano define a oração afetiva como “aquela na qual predominam os afetos da vontade sobre o discurso do entendimento. É como uma meditação simplificada em que vai tomando cada vez mais preponderância o coração sobre o trabalho anterior discursivo”. Em outras palavras, a oração afetiva é uma meditação em que o trabalho discursivo do entendimento vai sendo sobreposto pelos afetos, mais especificamente pelos afetos que nos impelem a querer estar unidos a Cristo.

Quanto à prática da oração afetiva, Royo Marín apresenta, em seu texto, quatro fundamentais conselhos: 

  1. Não suspender o discurso antes de que tenha brotado o afeto. Seria perder tempo em uma néscia ociosidade e fomentar uma ilusão perigosíssima.
  2. Não forçar os afetos. Quando eles não surgem espontaneamente ou tenham se extinguido, volte a alimentá-los suavemente pelo discurso, mas nunca se mantenha em um mais do que ele pode dar de si.
  3. Não ter pressa para passar de um afeto ao outro. É o contrário do ponto anterior. A alma ficaria exposta a perder o fruto do primeiro afeto e a não conseguir alcançar, de imediato, o segundo; como aquele que troca uma presa segura por outra incerta.
  4. Procurar ir reduzindo e simplificando progressivamente os afetos. A princípio, não importa que sejam muitos, a fim de que a falta de intensidade seja suprida pela quantidade; mas, à medida que a alma vai adiantando-se, convém ir reduzindo-os até chegar, se for possível, à unidade. Assim, a intensidade será maior.

Por fim, é importante percebermos a necessidade de continuarmos um trabalho humilde de meditação, sem pressa para progredir, pois tal atitude pode levar a uma estagnação espiritual. É necessário primeiro deixarmos que Deus ilumine nossa inteligência, a fim de que a verdade a ela revelada mova nossa vontade a ter um encontro pessoal com Deus.

Referências

  1. Sobre a dificuldade, relatada por Santa Teresa d’Ávila, de rezar sem um livro nas mãos, cf. Livro da Vida, 4, 9; Caminho de Perfeição, 17, 3.
  2. Antonio Royo Marín, Teología de la perfección Cristiana. BAC: Madri, 1954, p. 674ss.

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