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Texto do episódio
02

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 9, 18-26)

Enquanto Jesus estava falando, um chefe aproximou-se, inclinou-se profundamente diante dele, e disse: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela e ela viverá”.

Jesus levantou-se e o seguiu, junto com os seus discípulos. Nisto, uma mulher que sofria de hemorragia há doze anos veio por trás dele e tocou a barra do seu manto. Ela pensava consigo: “Se eu conseguir ao menos tocar no manto dele, ficarei curada”. Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. E a mulher ficou curada a partir daquele instante.

Chegando à casa do chefe, Jesus viu os tocadores de flauta e a multidão alvoroçada, e disse: “Retirai-vos, porque a menina não morreu, mas está dormindo”. E começaram a caçoar dele. Quando a multidão foi afastada, Jesus entrou, tomou a menina pela mão, e ela se levantou. Essa notícia espalhou-se por toda aquela região.

Nesta segunda-feira lemos o Evangelho da ressurreição da filha de Jairo. É o Evangelho lido no domingo retrasado, mas relatado hoje na versão mais curta de São Mateus. Nele, Jairo se aproxima de Jesus (o nome “Jairo” não é recordado por Mateus, mas por Marcos), inclina-se profundamente diante dele e diz: Minha filha acaba de morrer; mas vem, impõe a tua mão sobre ela, e ela viverá. São Mateus resume os acontecimentos que São Marcos relata de forma mais extensa. No relato de Marcos, a menina estava doente, o pai pede a Jesus a cura e, no meio do caminho, recebe a notícia de que a filha morreu. São Mateus, resumindo a história, vai direto para o fato de a menina estar morta. A fé de Jairo o leva a dizer: Impõe a tua mão, e ela viverá. Eis o poder que Nosso Senhor Jesus Cristo tem sobre os mortos. Aproveitando, pois, que é segunda-feira, recordemos nosso dever de rezar pelas almas do Purgatório, nossos irmãos necessitados de orações e sufrágios. (Existe na Igreja a tradição de dedicar cada dia da semana a uma devoção diferente. Terça-feira é dos santos anjos; quarta, de São José; quinta, do Santíssimo Sacramento; sexta, da Paixão de Cristo; sábado, de Nossa Senhora; domingo, da ressurreição de Nosso Senhor, enquanto a segunda-feira é tradicionalmente dedicada às almas do Purgatório). 

Entendamos primeiro o que é o Purgatório. Quando se morre, existem duas alternativas, não três. Atenção: não são três alternativas, apenas duas. Quando alguém morre, ou está condenado para sempre ou salvo para sempre. Non datur tertium quid, não há uma terceira alternativa. Ou é ou não é, ou está salvo ou não está. Ora, o que acontece é que as pessoas que se salvam, na sua esmagadora maioria, infelizmente, não morrem prontas para o céu, mas necessitadas de alguma purificação. Por isso elas precisam, de alguma forma, ser ajudadas a se purificar antes de entrar no céu. É o que nós chamamos de Purgatório. As pessoas que lá estão já estão salvas. No Purgatório só existe uma única porta, é a de saída para o céu. Quem está no Purgatório não corre o perigo de ir para o inferno. O Purgatório, por conseguinte, não é um “estágio intermediário” entre o céu e o inferno, mas a antecâmara do céu, uma preparação para o céu. 

A primeira conclusão que se deve tirar disso é a seguinte: se quisermos ser salvos, tratemos de fazer boas obras ainda nesta vida. Por quê? Porque o julgamento se dá na hora da morte, e se morrermos em pecado mortal, seremos condenados ao inferno para sempre. Nós católicos não rezamos pelos mortos para que se salvem. Se queremos que alguém se salve, rezemos enquanto a pessoa está viva, porque o único jeito de ela salvar-se é fazendo alguma coisa ainda nesta vida para corresponder ao amor de Deus e de Cristo. Se ela morrer em pecado, estará condenada para sempre. Portanto, os fiéis mortos em estado de graça já estão salvos para sempre; mas a esmagadora maioria deles ainda não está pronta para entrar no céu. Por isso vão para o Purgatório, onde é necessária uma intervenção dos vivos para ajudá-los, porque essas almas benditas nada podem fazer por si mesmas. Elas poderiam ter feito algo aqui, mas no Purgatório já não têm a possibilidade de fazer nada para aliviar os próprios tormentos. Poderiam, por exemplo, ter feito penitência, orações, atos de caridade etc., mas não fizeram o suficiente, de sorte que somos nós agora que precisamos socorrê-las. Somos para elas, de alguma forma, uma espécie de Jairo que vai até Jesus e diz: “Olhai essas almas! Jesus, ponde tua mão sobre elas, e elas viverão”, quer dizer, “Jesus, pelos méritos do vosso Preciosíssimo Sangue, ide até as almas do Purgatório para aliviá-las de seus tormentos!” 

Alguém pode perguntar-se: “Mas se Jesus é tão bondoso, por que Ele não faz isso sozinho? Por que precisamos rezar Missas e Terços, fazer penitências e jejum, visitar cemitérios e lucrar indulgências?” Porque Deus, que é Deus de amor, já fez tudo, já fez o principal, já derramou seu Precioso Sangue, já mereceu por e para nós. Mas Ele quer que os membros do seu Corpo participem da salvação dos outros, alcançando para eles os frutos que Ele mesmo já lhes mereceu abundantemente. O maravilhoso de Deus é exatamente isso, coisa que os protestantes não enxergam com a doutrina da “pura fé”: o Deus de amor quer que seus filhos amem também. Se somos filhos de Deus, precisamos ter no coração o que Deus tem no seu. Ora, se Ele ama as pessoas e quer que elas sejam salvas, precisamos fazer alguma coisa para salvá-las enquanto estão nesta vida; se Deus quer que as almas dos fiéis defuntos sejam purificadas, também nós precisamos cooperar e fazer parte desta obra divina de purificação, para que as almas benditas possam o quanto antes entrar no céu. Jesus, no Evangelho de hoje, poderia, mesmo sem o pedido do pai, curar a menina num simples estalar de dedos. Jesus, afinal, é Deus e bem sabia que a criança tinha morrido. Mas o Senhor quis “precisar” do pedido do pai, para que ele, por sua fé, participasse da cura da menina: “Eu creio, Jesus, Vós podeis impôr as mãos, e ela viverá”. Se pela participação do pai a menina ressuscitou, também nós, participando com nossas orações, fazemos as almas do Purgatório receber um toque da vida que as prepara para o céu.

Façamos o firme propósito de fazer algo pelas almas do Purgatório não só às segundas-feiras, mas todos os dias, se for possível. Nossa Senhora, quando apareceu em Fátima, nos ensinou a fazer isso, acrescentando ao santo Terço aquela oração tão bonita: Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno. Nessa parte se reza por quem? Pelos vivos, por aqueles que ainda podem ser salvos, para quem está nesse mundo; levai as almas todas para o céu: aqui se reza pelas almas do Purgatório, assim como no final: e socorrei principalmente as que mais precisarem. Se Nossa Senhora nos ensina a rezar pela salvação dos vivos e pela purificação das almas do Purgatório, sigamos o conselho desta boa Mãe.

* * *

Circunstâncias.a) De tempo. A narração da cura da hemorroíssa e da ressurreição da filha de Jairo, Mateus a situa em seu evangelho logo após a discussão entre Cristo e os fariseus sobre o jejum (cf. Mt 9, 11-18): Falava ele ainda, quando se apresentou um chefe da sinagoga (Mc: εἷς τῶν ἀρχισυναγώγων, um dos principais da sinagoga). Marcos e Lucas, no entanto, narram que esse episódio aconteceu depois de Jesus ter atravessado novamente o mar de Tiberíades, desde a região dos gerasenos, enquanto do outro lado o aguardava a multidão. A cronologia de Mateus, em todo o caso, parece preferível, já que ele é o único a indicar com precisão o momento em que aconteceram esses fatos: Falava ele ainda… [1]. — b) De lugar. O lugar em que se deram, porém, não é indicado de forma explícita por nenhum evangelista; mas como o Evangelho se refere a um dos chefes da sinagoga (cf. Lc 8, 41; Mc 5, 22), não é improvável que o episódio tenha acontecido em alguma cidade célebre à margem ocidental do mar, talvez em Cafarnaum. A narração de Mateus é a mais breve, enquanto a de Lucas e sobretudo a de Marcos, secretário de Pedro, que foi testemunha ocular de tudo, é mais extensa e rica em detalhes.

Introdução (cf. Mt 9, 19s; Mc 5, 22ss; Lc 8, 41s).Assim que Jesus desceu da barca, aproximou-se dele um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo (gr. Ἰάϊρος, hb. Ja’ir = “Iluminará”; cf. Nm 32, 41; Dt 3, 14; Jos 13, 30 etc.), que, lançando-se-lhe aos pés, rogava insistentemente por sua filha, dizendo: Senhor, minha filha acaba de morrer (Mt); minha filhinha está nas últimas (Mc); porque tinha uma filha única, de uns doze anos, que estava para morrer (Lc). Por isso pedia com insistência que viesse à sua casa, impusesse as mãos sobre a menina e a trouxesse de volta à vida. Apesar do que diz o texto de Mateus, que não foi testemunha direta do acontecimento, não há dúvida de que Jairo rogou pela filha, não já morta, mas prestes a morrer, como dizem Marcos e Lucas; Mateus diz que a menina já estava morta para, como de costume, antecipar por brevidade o anúncio da morte da menina, que o pai receberia dali a pouco a caminho de casa (cf. Lc 8, 49; Mc 5, 35).

A hemorroíssa (cf. Mt 9, 20ss; Mc 5, 25-34; Lc 8, 43-48). — Entrementes, uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue e, por causa disso, dispendera todos os bens com tratamentos médicos, tão-logo ouviu falar de Jesus, foi-lhe ao encontro às pressas, pensando consigo: Se eu conseguir ao menos tocar no manto dele, ficarei curada (gr. σωθήσομαι.), isto é, serei salva. E de fato, aproximando-se dele por trás, seja por vergonha, seja pela impureza legal que contraíra devido à doença (cf. Lv 15, 25ss.) [2], a mulher conseguiu tocar-lhe a fímbria do manto (cf. Nm 15, 38), e no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, ou seja, cessou o fluxo, e ela teve a sensação de estar curada. Ora, Jesus percebeu imediatamente, sem que ninguém lho precisasse indicar, que saíra dele uma força (δύναμιν), isto é, uma virtude, e, “voltando-se para o povo, perguntou: Quem tocou minhas vestes? Perguntou-o, não porque ignorasse, mas para manifestar aos circunstantes o milagre que acabara de acontecer e a sua causa, a saber: a fé da mulher. Os discípulos, porém, não compreenderam as palavras do Senhor, como se depreende da observação que fizeram: Vês que a multidão te comprime e perguntas: Quem me tocou? A mulher, atemorizada e trêmula, pensando talvez que não agira corretamente ou irritara o Senhor, veio lançar-se aos pés dele e contou-lhe toda a verdade, isto é, confessou abertamente a doença de que padecia, a fé que a levara até Cristo, a vergonha que a fizera tocar ocultamente as vestes do Redentor e a cura que ali mesmo recebeu. Jesus, porém, não só não a repreende como lhe elogia a fé, a tranquiliza e a manda embora em paz: Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal [3]. Mateus se limita a narrar a substância do ocorrido, sem esses detalhes.

A filha de Jairo (cf. Mt 9, 23-26; Mc 5, 35-43; Lc 8, 49-56). — Morta a menina, Jesus chega por fim à casa do arquissinagogo e, depois de dispensar as turbas, entra no quarto onde estava o cadáver, levando consigo apenas cinco testemunhas: os pais da menina e três discípulos, Pedro, João e Tiago de Zebedeu, que foram também testemunhas da transfiguração no monte Sinai e da agonia no Getsêmani. A menina não morreu, diz, mas está dormindo “para mim, que posso trazer um morto à vida com a mesma facilidade com que um homem pode acordar outro do sono” [4]; e Jesus, tendo nas suas as mãos da menina, disse-lhe: Talitha cumi (aram. Telitha qumi), quer dizer, Menina, levanta-te. Assim excitada pelo contato e a voz de Cristo, a menina se levantou e se pôs a caminhar, pois já tinha doze anos (ou seja, não era ainda tão pequena que não pudesse andar, porque [gr. γὰρ] tinha doze anos). — O Senhor então lhes ordenou seve­ramente que ninguém o soubesse, isto é, quis que o milagre permanecesse oculto por algum tempo a) devido ao ódio dos judeus, que poderiam ver nele uma nova ocasião para persegui-lo antes do tempo estabelecido; b) para mostrar que, humilde e prudente, não estava à procura de fama; c) e a fim de evitar o tumulto das multidões que o seguiam. Por fim, com grande solicitude pelo bem da menina, mandou que lhe dessem de comer, para que todos tivessem certeza de que ela estava viva.

Sentido espiritual. — 1) A hemorroíssa, imagem da alma que se aproxima da Eucaristia: a) o fluxo de sangue é figura de todos os pecados e imperfeições que impedem e atordoam a alma; b) a reverência e o temor da mulher é exemplo da modéstia e da humildade com que devemos acercar-nos da Eucaristia; c) o toque do manto de Cristo é sinal de que, para comungar o Corpo do Senhor, precisamos primeiro nos purificar pelo sacramento da Penitência; d) esse toque, porém, não exerce o seu poder senão por meio de uma fé sincera e um arrependimento profundo das próprias culpas; e) a cura da doença significa a força sobrenatural e a saúde da alma que, em graça, pode receber a Cristo sacramentado com as devidas disposições; f) as palavras finais do Senhor demonstram sua inefável e doce caridade para com as almas fiéis. — 2) A história de Jairo nos recorda que, ainda que a nossa alma esteja morta pelo pecado, podemos sempre nos lançar ao pés misericordiosos de Nosso Senhor e implorar com fé, que mesmo privada do influxo vital da caridade é verdadeiro dom de Deus, que restitua a vida da graça à nossas almas e a incremente em nós cada vez mais: A menina se levantou, renovada interiormente, e Jesus mandou que lhe dessem de comer, para que saísse da infância espiritual e chegasse pouco a pouco à plena maturidade em Cristo.

Sentido eclesiológico. — “Na filha de Jairo e na mulher que sofre de hemorragia vê-se com frequência uma alusão à sinagoga, de um lado, e à gentilidade, de outro (por exemplo, Santos Hilário, Jerônimo, Ambrósio, Crisóstomo, Beda, Pascácio etc.). Morre a menina com doze anos, por tantos anos sofre a mulher. Logo, com o nascimento daquela teve início a doença desta, pois quando Deus escolheu para si um povo, os gentios serviam cada vez mais à idolatria e aos vícios. ‘Com efeito, os povos gentios buscaram em vão ser curados por muitos médicos. Entregues aos dogmas de muitos filósofos e aos ritos dos deuses falsos, consumindo neles seus dotes de natureza e inteligência, agravaram a própria enfermidade, que ninguém além de Cristo poderia curar’ [5]. Ora, como Cristo viesse desposar a Igreja, encontrou morta a sinagoga, que deveria ser sua esposa, assim como morreu a menina ainda nos anos da puberdade. Antes dos Judeus, creem os gentios; mas a fé dos pagãos têm ainda o poder de finalmente trazer os judeus à fé. É por isso que, depois da cura da mulher, é ressuscitada a menina, porque, quando chegar à plenitude o tempos dos gentios, também Israel será salvo (cf. Rm 11, 25s). ‘Enquanto o Verbo de Deus se apressa para ver a filha do chefe, a fim de salvar os filhos de Israel, a santa Igreja, reunida dentre as gentes que haviam perecido pela queda nos crimes mais baixos, aproveitou-se primeiro, pela fé, da saúde preparada para outros’ (Santo Ambrósio, In Luc. VI, n. 54)” [6].

Referências

  1. Os autores, porém, divergem. Cf. J. Knabenbauer, Commentarius in Evangelium secundum Matthæum. 3.ª ed., Paris: P. Lethielleux (ed.), 1922, p. 412: “Como Mateus escreve no v. 18: Enquanto Jesus estava falando, deve-se concordar com Agostinho, quando afirma que esta transição indica que o episódio é narrado em seguida porque também aconteceu em seguida, a não ser que se queira negar todo sentido próprio às palavras e à frase. Assim sendo, uma vez que a narrativa sobre o chefe Jairo, em Marcos e Lucas, não pode de modo algum ser atrelada à pergunta sobre o jejum referida pelos dois [cf. Mc 2, 18-22; Lc 5, 33-39], pode-se duvidar com razão se é a mesma disputa de que falara Mateus nos v. 14–17”.
  2. Cf. São João Crisóstomo, Serm. 35: “Nos trabalhos árduos, a força da dor é muitas vezes a conselheira; nas causas desesperadas, quase sempre é mestra a necessidade; e a própria doença acaba encontrando seu remédio. Daí que a mulher tenha achado meio de remediar sua vergonhosa ferida, insinuando pelo silêncio da fé o que não podia insinuar com clamor público, a fim de chegar pelo caminho secreto do espírito ao Médico celeste, de quem não podia acercar-se manifestamente pelo caminho da carne. Dava-lhe muita coragem a piedade do que cura, mas tirava-lhe confiança a necessidade da desonrosa enfermidade. Obrigava-a a ir até Cristo a intensidade da dor; mas aproximar-se dele, não lho permitia a feiura da chaga”.
  3. Cf. J. Knabenbauer, op. cit., p. 413s: “Tocou a veste e ficou curada. Por isso desta cura e do louvor de Cristo retamente se infere, como de um duplo argumento, que, se existem relíquias atribuídas a Cristo, devem ser honradas com certa veneração por causa de Cristo. O mesmo haverá que dizer das relíquias dos santos, em razão de alguma semelhança. É portanto mais claro do que a luz quão falso é o dito por Calvino, a saber: que [Cristo] repreendeu a mulher por seu zelo indiscreto e alguma superstição. Ora, a uma superstição Cristo não poderia conceder nem a cura nem louvor e elogio públicos. O que teme Calvino é que daqui se comprove o uso das relíquias; por isso lhe parece suficiente transferir a falta para Cristo!”
  4. Tomás de Vio Caetano, In Matt. IX , 13 (ed. Lyon, 1639, vol. 4, p. 48). — Cf. J. Knabenbauer, op. cit., p. 414s: “A menina não morrera do modo como pensava a turba: ainda não chegara ao término e fim de sua vida na terra, por providência de Deus; por isso, aquele que o sabia e lhe havia de restituir a vida em breve podia dizer: Não morreu, mas está dormindo, pois a própria morte, para Ele, é como um sono, quando a quisesse ressuscitar. Donde, não deve ser chorada como morta, mas considerada como quem há de acordar do sono. Fala de Lázaro de modo semelhante: Nosso amigo Lázaro dorme; mas vou despertá-lo (Jo 11, 11)”. — Maldonado tem outra interpretação, pouco fundada e um tanto arbitrária: “É evidente que Cristo quis enganar (fallere) as turbas e persuadi-las de que [a menina] não estava morta. […]. Aqui, Ele diz e quer que se creia que a menina ainda não morreu; mas não explica que não o entendem (antes, o ridicularizam) como ela está dormindo, a fim de que a turba pense que [a menina] acordou, não que ressuscitou, e assim não divulgue milagre, porque não o consideraria como milagre” (In Matt. IX, 24, ed. Paris, 1668, col. 214).
  5. Jansênio de Gantes, Commentarii in Concordiam (ed. Lyon, 1577), p. 218. 
  6.  J. Knabenbauer, op. cit., p. 415s.

Notas

  • A segunda parte do texto (a partir dos três asteriscos) é uma tradução levemente adaptada, com alguns acréscimos e omissões de nossa equipe, de H. Simón, Prælectiones Biblicæ. Novum Testamentum. 4.ª ed., iterum recognita a J. Prado. Marietti, 1930, vol. 1, p. 361ss, n. 250.

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