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Santo de ontem, problemas de hoje

Bispo e cardeal, São Carlos Borromeu foi uma das figuras mais importantes da Igreja na época do Concílio de Trento, cujos decretos ele fez questão de implementar com a maior eficácia e com um zelo extraordinário pela salvação das almas e a santificação do clero.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas\
(Lc 15,1-10)

Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”.

Então Jesus contou-lhes esta parábola: “Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.

E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”.

Celebramos hoje a memória de São Carlos Borromeu, verdadeiro modelo de bispo e pastor. São Carlos Borromeu foi um bispo italiano que viveu na época do Concílio de Trento, no mesmo século em que viveram Santa Teresa d’Ávila e São Filipe Néri.

De família nobre, era filho de condes ricos e abastados, mas muito virtuosos, o que é ainda mais louvável se considerarmos o fato de que, no norte da Itália, a nobreza da época vivia de forma desonrosa. De lá veem os contos renascentistas sobre envenenamentos, assassinatos cruéis e traiçoeiros… Tinham-se perdido todos os limites em termos morais. Foi num tal ambiente surgiram doutrinas terríveis como, por exemplo, a de Maquiavel.

Apesar de viverem em meio a tanta baixeza, os pais de São Carlos Borromeu, Gilberto e Margarida, eram cristãos exemplares. O conde vivia mãos como monge que como nobre, recitando diariamente o Breviário, dedicando horas à oração e às boas obras etc. Ora, é evidente que com pais assim, Carlos cresceu encaminhado para a virtude. Quis a Providência divina que o tio materno dele, João Ângelo, fosse cardeal e, mais tarde, eleito Papa com o nome de Pio IV.

Isso permitiu-lhe ter uma carreira eclesiástica fulminante. Carlos, que queria ser padre desde cedo, ia-se formando para o sacerdócio, quando aconteceu uma tragédia: seu irmão, herdeiro dos títulos de nobreza e dos bens da família, morreu, e todos imaginaram que Carlos, o segundo na ordem sucessória, renunciaria ao sacerdócio para se casar e assumir o trono. Mas ele decidiu-se pelo sacerdócio. O tio, já Papa a essa altura, logo o nomeou cardeal arcebispo de Milão. Embora fosse jovem, Carlos tinha grandes virtudes e empenhou-se em pôr em prática os decretos do Concílio de Trento.

Qual era a situação da diocese de Milão quando ele assumiu o arcebispado? Relatos da época afirmam que os padres eram de vida muito desregrada. A ignorância era tanta, que a maioria dos sacerdotes mal sabia a fórmula dos sacramentos. Os fiéis viviam de fato como ovelhas sem pastor. Os padres não ouviam confissões nem se confessavam, sem falar na bebedeira e no concubinato, muito comuns entre o clero. Havia inclusive padres que acreditavam em superstições.

Diante de clérigos de vida sacrílega, São Carlos Borromeu empreendeu uma verdadeira reforma do clero, começando pela própria casa: instituiu que os padres que moravam consigo deviam ter um horário para oração mental, confessar-se todas as semanas, rezar Missa diariamente, e os instruiu a fazer as refeições juntos, durante as quais se leria a vida de um santo. Mais tarde, instituiu um seminário para formar os padres e, assim, concretizar a reforma desejada pelo Concílio.

Como bispo e sacerdote, São Carlos Borromeu levou uma vida exemplar, coroada pelo heroísmo com que se entregou pelos doentes a partir de 1576, quando a peste assolou a cidade de Milão. Enquanto a maioria das pessoas fugiu da cidade para o campo, São Carlos Borromeu permaneceu para ajudar os doentes. Vendeu o que tinha de valor no palácio episcopal e usou o dinheiro para socorrer os necessitados. Abriu a casa para os empestados, dando-lhes inclusive seu próprio leito. Saía para atender os necessitados e os infectados em qualquer lugar, mesmo nos casebres mais remotos. Tudo com zelo e amor às almas.

Que exemplo luminoso para nós hoje, já que muitos dos problemas enfrentados por São Carlos são os que também nós estamos vivendo. É importante ver como Deus escolhe santos para ser fachos luminosos em meio à escuridão. São Carlos Borromeu desempenhou esse papel também pela pregação. Com sua cultura e santidade de vida, pela meditação da Palavra de Deus e o conhecimento da Tradição, das Sagradas Escrituras e da sã teologia, foi exímio pregador, podendo assim reformar o clero e restaurar o rebanho de sua arquidiocese. Feito arcebispo ainda jovem, morreu também precocemente, aos 46 anos, alcançando não apenas a própria santidade, mas santificando as inúmeras almas a que mostrou o caminho do céu.

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