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“Tua mãe e teus irmãos estão aí fora…”

Às relações de parentesco carnal são preferíveis os vínculos espirituais, que não conhecem sexo nem disparidade, já que todos podem ser para Cristo como um pai, pois Ele não se nega a servir ninguém; como uma mãe, já que o podemos gerar em nossos corações; e como um irmão, graças ao batismo, que nos torna familiares de Deus.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 12, 46-50)

Naquele tempo, enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo”. Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

Devem-se notar duas coisas no Evangelho de hoje:

1) As palavras com que Cristo se refere a seus parentes: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” têm uma dupla finalidade: a) primeira, "humilhar" docemente sua Mãe, não por desprezá-la, mas para a esconder dela mesma, a fim de que toda a grandeza de sua santidade, oculta durante a sua vida na terra como tesouro exclusivo de Deus, se manifeste claramente a todos só a partir de sua gloriosa Assunção; b) segunda, mostrar que é a fidelidade ao Pai celeste, mais do que afetos maternos ou familiares, o que o motiva no exercício de seu ministério e que, consequentemente, às relações de parentesco carnal são preferíveis os vínculos espirituais, que não conhecem sexo nem disparidade, já que todos podemos ser para Cristo como um pai, pois Ele não se nega a servir ninguém; como uma mãe, já que o podemos gerar em nossos corações pela ação do Espírito Santo; e como um irmão, graças ao batismo, que nos torna filhos no Filho e, portanto, familiares de Deus [1].

2) As palavras com que o Senhor aponta para seus discípulos: “Estendendo a mão para os discípulos…” nos indicam de que modo devemos contrair estes vínculos espirituais: a) antes de tudo, precisamos ter fé sobrenatural em Jesus Cristo, isto é, ser verdadeiros discípulos dele, porquanto só é discípulo quem acolhe com humildade as lições do Mestre, e o magistério de Nosso Senhor consiste fundamentalmente em nos transmitir as verdades necessárias à nossa salvação; b) por fim, temos de observar os Mandamentos da lei divina, isto é, preservar-nos em estado de graça, pois “todo aquele que faz a vontade do meu Pai […], esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. É assim, crendo no que Ele ensina mediante a Igreja e fazendo o que Ele manda (cf. Jo 15, 14) por meio das leis natural e eclesiástica, que seremos irmãos e irmãos adotivos, pais e mães espirituais de Nosso Senhor: teremos com Ele um mesmo Pai e mereceremos, por Ele e nele, a glória que nos foi prometida: “Somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, contanto que soframos com Ele, para que também com Ele sejamos glorificados” (Rm 8, 16-17).

Referências

  1. Cf. Cornélio a Lapide, Commentaria in S. Scripturam. Neapoli, 1857, vol. 8, p. 217.
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