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O testemunho cristão

Querer que Cristo reine nos corações parece a muitos uma agressão a susceptibilidades, uma forma de invadir a privacidade das pessoas, privá-las da liberdade de viver como bem entenderem, mesmo que façam mal a si e aos demais.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc
12, 8-12)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. Mas aquele que me renegar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus. Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis. Pois, nessa hora, o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer".

Dando continuidade à polêmica entre Nosso Senhor e os fariseus, o Evangelho de hoje nos quer imprimir no coração o dever de darmos um testemunho firme e pessoal do Filho do Homem, a fim de sermos salvos e cooperarmos para a salvação de muitas outras almas. A necessidade deste testemunho, com efeito, é algo tão constitutivo da religião cristã que o próprio Senhor, pouco antes de ascender aos Céus, mandou seus discípulos mundo afora para evangelizar todos os povos e nações (cf. Mt 28, 19); trata-se, assim, de uma atitude que a Madre Igreja vive fielmente desde as suas origens, quando o nome de Jesus, à custa do sangue santo de inúmeros missionários, começou a ser proclamado por diversos povos e em diversas línguas. Dar testemunho de Cristo faz parte, portanto, da dinâmica do cristianismo; é, de certo modo, a sua seiva, o seu princípio fundamental e indispensável de crescimento e desenvolvimento.

Testemunhar Jesus, nesse sentido, é a missão de todo e qualquer cristão, de tal sorte que nos tornamos menos fiéis a Cristo na medida mesma em que deixamos de evangelizar, de dar a conhecer a nossos familiares, amigos e colegas o único Nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos (cf. At 4, 12). E esta é uma verdade que vale seja para leigos, seja para sacerdotes, seja ainda para religiosos de clausura: se quisermos fazer jus à dignidade do nosso Batismo, temos de corresponder à vocação cristã de luzir no mundo e atrair, com fé e simplicidade, muitas almas para Cristo e para a comunhão de sua única Igreja, na qual a humanidade inteira, unida a Deus Unitrino, é chamada a formar um só corpo e um só espírito.

Dar testemunho deste dom precioso que é a fé em Jesus Cristo, no entanto, tornou-se nos dias presentes sinônimo de "intolerância religiosa", de "fundamentalismo" e assim por diante. Querer que Cristo reine nos corações parece a muitos uma agressão a susceptibilidades, uma forma de invadir a privacidade das pessoas, cuja liberdade de viver como bem entenderem, mesmo que façam mal a si e aos demais, é hoje proclamada o mais sagrado e inviolável dos "direitos". Os cristãos, porém, devemos resistir a este vírus que há tempos se instalou em nossa cultura, que sabe muito bem que, no momento em que o Evangelho não for mais anunciado, o mundo poderá mergulhar de cabeça em suas vaidades, em seus prazeres corrosivos, em sua destemperança que conduz ao foço.

Formemos a consciência de que se não evangelizarmos o mundo, o mundo nos desenvangelizará. Ponhamos a peito esta missão de manifestar a todos, com a simplicidade, humildade e firmeza que Cristo mesmo nos pede, a verdadeira fé que salva, o único Nome que pode dar vida e saúde a este mundo, cuja figura é passageira e vai a pouco e pouco se desfazendo, como que numa espera ansiosa pelo retorno de seu único e verdadeiro Rei e Juiz.

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