Na última aula do nosso curso sobre os princípios da educação cristã, vimos que é necessário iluminar a inteligência e aquecer a vontade, num processo pedagógico em que as paixões aos poucos vão sendo conduzidas. Porém, essa tarefa é dificultada por termos sido desconfigurados pelo pecado original. São João, em sua Primeira Carta, descreve essa desconfiguração da seguinte forma: “[...] tudo o que há no mundo é concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida” (1Jo 2, 16). No livro de Gênesis, capítulo 3, versículo 6, é descrito que a mulher viu que o fruto era bom para comer, agradável aos olhos e desejável para adquirir conhecimento — características que refletem essas três tendências que nos afastam da configuração original. Vamos analisar essas características para entender melhor nossa deformação.
Em primeiro lugar, observemos a realidade do prazer, a concupiscência da carne, que, em grego, é chamada de “epithymía”, ἐπιθυμία. O prazer, em si, não é um mal; ele foi criado por Deus. Muitos Santos Padres, como Santo Agostinho, reconhecem que o prazer pode gerar desconfiguração nas pessoas, especialmente quando se torna excessivo — como foi o caso...