Vimos na primeira aula do curso que, para Karl Barth, o motivo fundamental por que não se poderia ser católico é o princípio da analogia entis. Segundo o teólogo protestante, com efeito, a inteligência humana, depravada em sua íntima natureza após a Queda, é incapaz, com sua força e lume próprios, de falar corretamente de Deus. Opondo-se à possibilidade de qualquer conhecimento teológico a partir das criaturas, Barth rejeitou de forma categórica o que na tradição cristã se convencionou denominar teologia natural (chamada por vezes "teodicéia"), isto é, a investigação racional que, com base nas analogias existentes entre os entes e Aquele que é a fonte de todo ser criado, chega de forma absoluta à certeza da existência de um Deus único e pessoal, Criador e governador do mundo, legislador supremo e autor da lei natural impressa em nossas almas [1]. Já tivemos também ocasião de mencionar que a causa de tal desprezo da razão se deve, basicamente, a uma concepção equivocada dos efeitos do pecado original.
A Igreja Católica, por sua vez, embora nunca tenha atribuído à inteligência e filosofia humanas um poder e autoridade absolutos, de per si suficientes "para afastar ou...