Isto a que hoje em dia chamamos "namoro" é uma realidade bastante recente na história humana. Ao clima privado e pessoal em que se formam os casais modernos contrapõe-se o que sucedia faz não mais do que um século. Com efeito, se nestes tempos homem e mulher têm maior liberdade para conhecer-se e, num ambiente de maior intimidade — nem sempre favorável ao pudor e à estabilidade da futura família — decidir por conta própria com quem desejam casar-se, num passado não tão distante eram, na maioria das vezes, os pais que determinavam com quem seus filhos passariam o resto da vida. Trata-se, como se vê, de dois extremos, ambos com suas vantagens e desvantagens. O "modelo" antigo, de caráter mais ingerente e autoritativo, evitava que os noivos contraíssem matrimônio com base nas sugestões enganosas do sentimentalismo; antes, as pessoas se casavam e, por estarem casadas, aprendiam a amar-se. Corria-se o risco, no entanto, de que faltasse às uniões aquele consentimento livre e pessoal sem o qual nenhum verdadeiro casamento pode constituir-se.
O "modelo" atual, por outro lado, tem a vantagem de dar mais espaço para que os namorados e os noivos se conheçam melhor e, neste...