Como indicamos no fim da última aula, o namoro é a expressão de um tipo específico de amor que se costuma denominar amizade — e amizade das mais profundas, que irá desabrochar e florescer no matrimônio, caminho por nós escolhido para chegarmos ao Céu. Pois bem, um dos traços distintivos da amizade é justamente o seu caráter benevolente. Expliquemo-nos. Há, de um modo geral, duas formas de amar. A primeira, chamada pelos teólogos "amor de concupiscência", é o amor que se tem não à pessoa em si, mas àquilo que dela se pode obter; nesse sentido, quem ama a outro por amor de concupiscência ama ou o prazer que dele pode conseguir, ou os benefícios materiais que ele pode proporcionar, ou ainda a vaidade que com ele se pode alimentar. Daí se vê claramente que o amor dito de concupiscência é amor apenas num sentido analógico, pois se trata, a bem dizer, do mais puro e descarado egoísmo. É fácil enxergar, ademais, que todo namoro — bem como todo casamento — construído sobre este tipo "amor" está fadado à infelicidade e ao fracasso.
Há, no entanto, uma segunda forma de amor, chamada também "amor de benevolência", pelo qual o amante quer o bem do seu amado. Ora, tanto mais...