"Presidente da CNBB, o cardeal Sergio da Rocha enviou carta a Temer recomendando a indicação de Ives Gandra Martins Filho para o STF", informa a Folha de S. Paulo. "Os arcebispos dom Odilo Scherer e dom Orani Tempesta também manifestaram apoio ao jurista".

Outros que "entregaram ao Palácio do Planalto cartas de apoio a Ives Gandra Filho para o STF", de acordo com Lauro Jardim, foram os líderes da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil e da Conferência Nacional das Igrejas Evangélicas do Brasil.

Nas redes sociais, foi lançada uma campanha para que as pessoas entrem em contato com o Gabinete da Presidência, pedindo a Michel Temer que indique Ives para a Suprema Corte. Muitos estão fazendo a sua parte e a pressão já está surtindo efeitos.

Do outro lado, as críticas à indicação de Ives continuam, evidentemente, a todo vapor — ainda que os métodos empregados nem sempre sejam os mais honestos. No último dia 30, foi a vez do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) manifestar o seu repúdio ao nome de Ives Gandra. Alega-se, entre outras coisas, que suas posições seriam um grave atentado à "configuração plural" do "conceito de família". Para entender o que isso significa, basta explicar que o IBDFAM é conhecido por defender a poligamia. Para Maria Berenice Dias, uma das fundadoras da organização, a monogamia não passa de "uma mera convenção decorrente do triunfo da propriedade privada sobre o condomínio espontâneo primitivo" — noção que ela aprendeu com ninguém menos que Friedrich Engels.

Compartilha de semelhante opinião o ministro Luiz Edson Fachin, que já foi membro do mesmo instituto. Em prefácio ao livro "Da Monogamia – A sua Superação como Princípio Estruturante do Direito de Família", do seu ex-aluno Marcos Alves da Silva, Fachin pede a superação da monogamia, considerada por ele como um "jugo". Os que defendem que um homem deve ter uma só mulher e vice-versa são comparados pelo jurista a uma "gosma com verniz de epidérmico conhecimento" — mais ou menos como Ives Gandra Filho e a maioria da população brasileira.

Acontece que, no Brasil, a bigamia é crime tipificado pelo art. 235 do Código Penal e o casamento exige dos cônjuges, segundo o art. 1.566 do Código Civil, o dever de "fidelidade recíproca".

Mas, quando nomeado para o Supremo, algum desses veículos de imprensa que agora vociferam contra Ives Gandra pediram a Fachin algum tipo de explicação?

Não, nenhum.

Outro ministro conhecido por suas posições progressistas é Luís Roberto Barroso. Muito antes da patética decisão de dezembro de 2016, quando ele tentou usar um habeas corpus para descriminar o aborto até o terceiro mês de gravidez, o advogado Barroso já havia reconhecido, em entrevista, que "a mulher tem o direito fundamental a escolher se ela quer ou não ter um filho" — mesmo depois de concebido.

Acontece que, no Brasil, o aborto é crime (Código Penal, art. 124), violação do direito fundamental à vida do nascituro (Constituição Federal, art. 5.º, caput; Código Civil, art. 2.º).

Mas, quando indicado para o Supremo, algum desses veículos de imprensa que agora bradam contra Ives Gandra pediram a Barroso algum tipo de explicação?

Mais uma vez, não, absolutamente nenhum.

Este é, portanto, o samba da "pluralidade"… de uma nota só. O Supremo pode albergar militantes ativos das mais variadas causas (inclusive as que estão à margem da lei!), mas uma pessoa, simplesmente porque é católica, contrária ao aborto e favorável ao casamento entre um homem e uma mulher, não só é considerada inapta para o cargo, como é execrada publicamente e tratada como a escória da humanidade.

Está comprovado: os modernos arautos da "tolerância" só sabem tolerar, na verdade, quem pensa como eles.

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