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Texto do episódio
543

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 
(Jo 10, 22-30)

Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do Templo. Era inverno. Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão. Os judeus rodeavam-no e disseram: “Até quando nos deixarás em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente”.

Jesus respondeu: “Já vo-lo disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim; vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um”.

Continuamos a leitura do capítulo 10º do Evangelho de São João, mas agora em um contexto diferente. Ontem falamos da humanidade de Cristo, a porta que nos conduz até Deus, e hoje falaremos sobre sua divindade.

 O contexto em que isso acontece no Evangelho é a Festa da Dedicação, que era celebrada no inverno e lembrava a reconsagração do altar depois que ele tinha sido profanado. Como essa celebração era uma realidade histórica que se referia à vinda do Messias, os chefes dos judeus perguntaram a Jesus: “Até quando nos deixarás em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente” (Jo 10, 24). 

Cristo, então, respondeu: “Eu e o Pai somos um”. Após dizer isso, os judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus, deixando claro que sua afirmação era um escândalo para eles, que não possuíam fé e não escutavam a voz do Senhor.

Ao nos aproximarmos de Jesus com fé verdadeira através da Eucaristia, da Palavra, da ação de Cristo na vida dos santos e de tantas outras realidades onde a graça do Ressuscitado vem ao nosso encontro, notamos um toque da graça em nosso coração que nos faz perceber que Jesus de Nazaré não é um homem de 2000 anos atrás, perdido no tempo. Ele está vivo, tocando ainda hoje o nosso interior, e com isso percebemos que há algo de divino nele.   

Quando essa realidade divina se torna mais clara para nós, não nos restam dúvidas: Jesus realmente está Ressuscitado e não é só um ser humano, mas divino. Cristo é Deus, assim como o Pai e o Espírito Santo. O próprio Catecismo nos ensina que Jesus é uma só Pessoa divina, com duas naturezas, a humana e a divina. 

Essa é a fé da Igreja, na qual todo católico deve acreditar. Entretanto, uma coisa é crer nessa fé, outra coisa é nos aprofundarmos nela. É necessário que esse conceito, aprendido na catequese, torne-se realidade em nossa vida espiritual. 

O caminho é este: entender que Cristo está vivo e é o Ressuscitado, e que Ele nos toca de várias maneiras, sobretudo na Eucaristia, mas também na leitura e meditação do Evangelho. Desse modo, quando vamos nos habituando a esse toque da graça, crescemos na fé e compreendemos que Jesus é, de fato, um com o Pai. 

Os judeus, escandalizados, juntaram pedras para apedrejar Cristo porque não escutavam a sua voz, ou seja, não estavam habituados a encontrá-lo na oração, a receber o toque da graça. É justamente por isso que, quando dizemos para pessoas sem fé que Jesus é Deus, elas também ficam indignadas.

Peçamos, pois, a Nosso Senhor que essa verdade de fé sobre a sua divindade cresça cada vez mais em nossos corações, a fim de que se transforme em uma realidade viva em nosso interior.

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