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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 14, 7-14)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e o vistes”. Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”

Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai?’ Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras.

Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai, e o que pedirdes em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes algo em meu nome, eu o realizarei”.

Apesar de obscura por seu objeto, que são as verdades sobrenaturais que superam toda compreensão humana, a fé católica é luz em dois sentidos: a) por nos dar acesso, suposta a Revelação divina, aos mistérios íntimos de Deus, ainda que encobertos com certo véu e envoltos em certa escuridão; b) e por nos permitir conhecer, como virtude que é do intelecto, sempre melhor as verdades divinas, não porque as veja em sua evidência intrínseca nem, muito menos, porque as demonstre a partir de princípios naturais, mas por penetrá-las sempre mais fundo, contemplando-as de ângulos diversos e descobrindo nelas, à luz da graça, matizes e riquezas sempre novos. A fé, portanto, ainda que seja um assentimento ao que não se vê nem compreende em si mesmo, nada tem de confiança cega e irracional, porque o seu objeto é a Verdade primeira, que habita, sim, em luz inacessível, mas que nos garantiu com sua autoridade a coerência do que cremos e nos prometeu, por sua bondade, a visão direta de seus mistérios. Porque se agora, pela fé, como que vemos sem ver aquilo que cremos: “Desde agora conheceis o Pai e o vistes”, se “acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim”, na outra vida, pela luz da glória, contemplaremos perfeita e imediatamente o que antes acreditamos, em recompensa de nossa obediência e do obséquio de nossa inteligência. Tenhamos pois confiança em pedir a Cristo, por quem aprouve a Deus revelar tudo o devemos crer para sermos salvos, que aprofunde sempre mais em nossas almas a virtude da fé, tornando-a nesta vida tão viva e tão sólida, que possa na outra, quando cair todo véu, dar espaço à plena e perfeita visão: “Se pedirdes algo em meu nome, eu o realizarei”.

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